Felicidade transformada em tristeza
Depressão pós-parto afeta de 10% a 15% das mães logo após darem a luz
A gestação é um dos momentos mais importantes na vida de uma mulher. Quando decide ter um filho, a expectativa é grande para saber como é o rostinho dele, se está saudável ou com quem parece. É a realização de um sonho para a maioria. Mas, de repente, no lugar da alegria aparece tristeza e angústia. De acordo com a ginecologista e obstetra Leila Spanemberg, 33 anos de idade e sete de profissão, esses sentimentos inerentes à mulher já caracterizam a depressão pós-parto em um estágio bem leve. Se não houver ajuda médica pode se transformar em depressão grave, trazendo prejuízos não só para a mãe como para o bebê. Hoje, estima-se que de 10% a 15% das novas mães a apresentem em sua forma mais severa. Conheça essa doença.
Depressão pós-parto: diagnóstico precoce é fundamental e para isso é necessário acompanhamento de toda a gestação
O que é?
A depressão pós-parto é um problema obstétrico/psiquiátrico que aparece na mulher que deu à luz recentemente. O quadro clínico começa em geral na primeira semana após o parto e pode durar até dois anos. Os motivos que levam algumas mulheres a desenvolverem a doença e outras ainda são desconhecidos.
Sintomas
Aparecem sintomas como irritabilidade, mudanças bruscas de humor, tristeza profunda, desinteresse pelas atividades do dia-a-dia, sensação de incapacidade de cuidar do bebê e desinteresse por ele, chegando ao extremo de pensamentos suicidas e homicidas em relação à criança.
Causas
Apesar dos sintomas serem conhecidos, as causas ainda não foram definidas. Se a mulher já tem tendência a ser deprimida, a chegada do bebê pode ser o gatilho para que a doença apareça. “Esse sentimento geralmente surge quando a mulher chega em casa e não tem mais a assistência de enfermeiras e médicos. As atenções antes voltadas para ela, agora são para a criança. Além disso, nos primeiros dias o bebê precisa de muitos cuidados durante a noite e isso faz com que a mãe se sinta cansada, piorando a sensação de angústia”, explica a ginecologista.
Fatores de risco
Segundo estudos, alguns fatores de risco podem favorecer o surgimento da depressão, como: mulheres com sintomas depressivos durante ou antes da gestação, transtornos afetivos, mães solteiras, mulheres que sofreram a perda de alguém importante, que perderam um filho anteriormente, que o filho apresente alguma doença, que vivem em desarmonia conjugal e que casaram em decorrência da gravidez. “A mulher pode diminuir seu risco para a depressão preparando-se com antecedência para as mudanças em seu estilo de vida que a maternidade irá trazer. Uma gravidez planejada e bem conduzida e a ajuda de pessoas da família são muito importantes nesse momento”, ressalta Leila.
Diagnóstico
O diagnóstico precoce é fundamental e para isso é necessário acompanhamento de toda a gestação. O tratamento é feito com acompanhamento psiquiátrico e psicológico. Na grande maioria dos casos o uso de medicamentos antidepressivos é necessário. Em geral, com o tratamento, as mães se recuperam por completo.
Depressão x tristeza
É importante diferenciar a depressão pós-parto da tristeza materna que atinge de 50% a 80% das mulheres nos primeiros dias após o nascimento do bebê. Essa tristeza se caracteriza por um estado de humor depressivo, irritabilidade, ansiedade, confusão e lapsos curtos de memória, sentimentos que regridem espontaneamente no primeiro mês, ao contrário da depressão pós-parto, que precisa de tratamento. “Apesar de ser um processo normal, a tarefa de cuidar do bebê é desgastante, sem recompensas a curto prazo e o bebê é impiedoso em suas necessidades. Tudo isso envolve uma quantidade razoável de sofrimento que pode ser atenuado no compartilhar com outras pessoas que entendam essa condição como natural e benéfica”, observa Leila. Médicos e familiares devem ficar bem atentos aos sintomas para não se confundirem no diagnóstico.
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