Dúvida no dia seguinte
Contracepção de emergência é posta em xeque com a procura cada vez mais freqüente pelas adolescentes
É do conhecimento de todos que o comportamento dos jovens em relação ao sexo e aos relacionamentos amorosos sofreu uma revolução na década de 90, tornando a iniciação sexual cada vez mais precoce. Entretanto, poucos sabem que essa transformação cultural, que também aumentou o número de parceiros com que os adolescentes se relacionam, trouxe mudanças até mesmo nos métodos de prevenir uma gravidez indesejada. A contracepção de emergência, que ficou conhecida como a pílula do dia seguinte, tem sido uma das opções mais procuradas, especialmente por meninas na faixa dos 15 aos 20 anos.
De acordo com a ginecologista e obstetra Leisa Gaspary, 35 anos e 11 de profissão, esse método que deveria ser usado eventualmente virou rotina para muitas mulheres que tomam a pílula do dia seguinte como se fosse um método anticoncepcional. “Muitas têm vergonha de consultar um ginecologista e receio de usar a pílula tradicional e então optam pela do dia seguinte, sem saber até mesmo como ela funciona”, observa a médica. Confira ao lado a lista elaborada por Leisa com os principais mitos e verdades a respeito da pílula do dia seguinte.
MITO
A pílula do dia seguinte é 100% segura
Ela não é 100% segura. Sua eficácia é de 95%, se tomada nas primeiras 24 horas após a relação, de 85%, se tomada entre as primeiras 24 e 48 horas e de apenas 58%, se for tomada entre as 48 e 72 horas. Depois disso, já não faz mais nenhum efeito. Enquanto isso, a eficácia da pílula anticoncepcional normal, se tomada corretamente, é de 99,9%.
VERDADE
Não posso trocar a camisinha pela pílula
A pílula deve ser tomada apenas quando o método contraceptivo escolhido falha, por exemplo, a camisinha estourou durante a relação sexual. Além de apresentar efeitos colaterais muito mais severos que a pílula comum e ser bem mais cara, o contraceptivo de emergência não protege das doenças sexualmente transmissíveis.
MITO
Não há contra-indicação
As restrições são poucas, mas existem. A pílula não deve ser ingerida por quem sofre de alguma doença do sangue, vascular, é hipertensa ou obesa mórbida. Isso porque a grande quantidade de hormônio pode provocar pequenos coágulos no sangue que obstruem os vasos. Mulheres que estão tomando antibióticos ou calmantes, por exemplo, devem procurar orientação médica, porque o risco de gravidez nesses casos aumenta para até 22%.
VERDADE
Ela pode causar efeitos colaterais
O mais freqüente deles é a alteração no ciclo menstrual e do tempo de ovulação. Em outras palavras, vai ficar impossível calcular o período fértil e o dia da sua menstruação será um verdadeiro enigma. Além disso, devido à alta dosagem hormonal, a pílula causa dor de cabeça, sensibilidade nos seios, náuseas e vômitos.
MITO
A pílula funciona como um abortivo
Ela age antes que a gravidez ocorra. Se a fecundação ainda não aconteceu, o medicamento vai dificultar o encontro do espermatozóide com o óvulo. Se a fecundação já tiver ocorrido, irá provocar uma descamação do útero, impedindo a implantação do ovo fecundado. Caso o óvulo já esteja implantado, ou seja, já tenha iniciado a gravidez, a pílula não tem efeito algum.
MITO
Se usada com freqüência a pílula do dia seguinte perde a eficácia
Ela não perde a eficácia, o problema é quando uma menina tem uma relação, usa a pílula do dia seguinte, que vai atrasar a ovulação, nisso ela tem outra em seguida e toma de novo, ela pode acabar engravidando. Mas se tomar em um mês e depois no próximo, não vai diminuir sua eficácia.
VERDADE
Não é preciso receita médica para comprá-la
VERDADE. Em teoria, é necessário mostrar a receita no balcão da farmácia, mas isso não acontece. Assim como os anticoncepcionais normais, a pílula do dia seguinte pode ser comprada por qualquer pessoa. Elas podem ser encontradas com diversos nomes e dosagens. Na farmácia Seadi, por exemplo, os preços variam de R$ 8,50 (Pilem) a R$ 15,00 (Pozato Uni).
Pílula do dia seguinte custa entre R$ 8,50 e R$ 15,00
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