LEISA GASPARY
Amor pela medicina e doação a quem precisa
“Escolha um trabalho que você ame e não terás que trabalhar um único dia em sua vida”. A célebre frase do pensador Confúcio pode bem resumir a decisão de Leisa Gaspary, 40, em se dedicar à medicina. Especialista em mastologista, ginecologia e obstetrícia, ela sempre soube o que queria fazer profissionalmente e que nunca fugiria ao compromisso de levar o tratamento e a cura por onde fosse.
Apesar dos inúmeros conselhos que recebe para se dedicar exclusivamente aos atendimentos em seu consultório, o que lhe renderia mais dinheiro, a médica não abre mão de atender pacientes pelo SUS e lutar por causas sociais dentro da sua área de atuação. Mesmo escutando: “Leisa, não há plano de carreira para médicos e tu és jovem, precisas te valorizar, larga o SUS”, ela não desiste. Afinal, como desistir de algo que considera vital?
“Fico feliz ao fazer uma cirurgia em quem necessita e não tem condições de pagar. Luto por minhas pacientes, tenho um vínculo muito forte com o SUS, sinto que preciso atender para poder começar bem minha semana”, diz Leisa, que garante que, da nova geração de médicos do município, apenas ela e o médico André Prochnow continuam nesta batalha. “Todos os outros colegas largaram o SUS em função da baixa remuneração”, conta.
Além disso, Leisa fez parte da luta pelo Centro de Oncologia do Hospital de Caridade e Beneficência (HCB), que hoje é referência na região. Ela foi também a segunda mulher a ser presidenta da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Cachoeira do Sul (Someci). “Hoje, ainda ocupo o cargo de delegada da Seccional do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), substituindo o médico Mário Both”, observa.
A médica tem orgulho em dizer que nasceu no HCB e, desde criança, já sentia amor pela profissão a que se dedica hoje. “Quando era pequena, visitava meu pai, que era pediatra no hospital e, quando fugia dele, todos já sabiam que eu estava no centro obstétrico”, fala Leisa ao lembrar com carinho do pai Ramiro.
VIDA PESSOAL – A menina que, desde a adolescência, já era conhecida por seu carisma e beleza, sempre participou dos eventos da cidade e foi rainha da Sociedade Rio Branco, princesa da Fenarroz, broto Cachoeira e princesa do Broto RS. Agora ela vai realizar um grande sonho profissional. “Vou começar um curso de especialização em Oncoplástica, que é a reconstrução da mama após uma cirurgia de retirada do seio (em caso de câncer). As aulas serão em Belo Horizonte e irei para lá uma vez por mês durante um ano”, diz a médica, que no próximo dia 11 completa 41 anos de idade.
Leisa é mãe de Lucas, 11, e se emociona ao falar do filho. “Ele é ótimo, entende meu trabalho e já se acostumou a dormir fora de casa. Quando era pequeno, muitas vezes, tinham que levá-lo ao hospital para que eu pudesse amamentá-lo”, conta.
"Sinto que tenho a missão de prevenir as mulheres cachoeirenses contra o câncer de mama que hoje é a doença mais frequente entre elas."
Leisa
ROSANA ORTIZ
De mãos dadas com a cultura
“É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”. O trecho da famosa música do Legião Urbana é o lema de trabalho e da vida pessoal da professora Rosana Ortiz, 40. Para ela, entrar em uma sala de aula é um prazer, por isso busca não somente ensinar o conteúdo proposto, mas levar motivação, otimismo e esperança para seus alunos. “É preciso ter muita fé para viver esta vida, amor e respeito com o próximo, dizer e fazer o bem, pois nunca sabemos quando acaba a nossa passagem ou a do outro”, ressalta.
Rosana é reconhecida na cidade pelo seu empenho em prol da leitura. Ela acredita que a educação é uma das únicas maneiras de termos outro olhar sobre as coisas. Tanto que não mede esforços para estar presente em todas as feiras do livro, levando estudantes, palestrando, organizando e divulgando. Afinal, ela sabe da responsabilidade que tem com seus alunos. Para prender atenção deles, Rosana vai além dos conteúdos programáticos, buscando atividades diferenciadas, que despertam mais gosto pela disciplina.
Mas como ter tanta motivação e criatividade com uma profissão tão injustamente desvalorizada? “A questão salarial é algo indiscutível, mas acredito que a desvalorização como pessoa também é muito grande, pois eu só posso dar para alguém o que eu tenho, então começa o problema. Como alguém desmotivado vai motivar uma turma de 30 alunos? Como falar em fé, quando já se perdeu?” Mas o amor pela leitura e ver a vida de forma positiva faz com que Rosana supere todos os obstáculos.
VIDA PESSOAL – Rosana trabalha na Escola Liberato Salzano Vieira da Cunha, no Colégio São Pedro e assina a coluna literária do Jornal do Povo todos os finais de semana. Ela é casada com Paulo Ortiz. Ter recebido a notícia de que tinha sido indicada para o Prêmio Mulher Linda e de que havia sido selecionada foi uma grande surpresa. “Fico feliz em ser vista como uma pessoa de coragem e merecedora deste prêmio”, observa.
"Quando não estiver mais neste plano, espero ser lembrada com carinho e que as pessoas tenham coisas boas para contar a meu respeito."
Rosana
LÚCIA SEVERO
Uma história de amor pelos bichos
Para muitos, pode parecer loucura o que ela faz em nome da vida dos animais, mas, para Lúcia Severo dedicar-se integralmente aos bichos da Associação Cachoeirense de Proteção Animal (Acapa) é essencial para que se sinta feliz e possa dormir com a consciência tranquila por estar fazendo sua parte. Há 13 anos, Lúcia, hoje com 48 anos, abandonou sua vida profissional e social para se dedicar aos cães e gatos abandonados.
“Eu tinha uma empresa de assistência médica e odontológica, mas acabava não tendo tempo para cuidar de tudo. Decidi terminar com o negócio e o dinheiro da venda usei todo em prol dos bichos”, conta, emocionada. Com dedicação integral aos mais de 600 animais que cuida, Lúcia deixou de lado também sua vaidade. “Não compro roupas, calçados, nada para mim. Todo o dinheiro que entra é para o trabalho voluntário que realizo”, observa ela, que não tem renda fixa e vive apenas das doações que recebe da comunidade.
VIDA PESSOAL – Lúcia é casada com o vendedor Nilson Solimar Pohlmann da Silva e tem uma filha, a Bianca, 19 anos, que mora em Santa Cruz do Sul, onde estuda. Sua vida é de trabalho duro no Bairro Tibiriçá, onde reside e cuida dos animais. “Sempre preciso abrir mão de passar mais tempo com minha família para realizar o trabalho, que acredito ser uma missão em minha vida”, ressalta. Questionada sobre a possibilidade de deixar a Acapa e largar os cuidados com os animais ela garante: “Amo os bichos e, por mais que dê trabalho cuidar de todos eles, sou feliz assim. Não conseguiria vê-los abandonados e sofrendo pelas ruas da cidade sem ajudar. Quero fazer tudo o que tiver ao meu alcance enquanto puder”, garante Lúcia.
"Não compro roupas, calçados, nada para mim. Todo o dinheiro que entra é para o trabalho voluntário que realizo."
Lúcia
Lúcia teve produção do Salão de beleza Embelezart
NEUSA OLIVEIRA
Uma luta pela vida
O diagnóstico de um câncer pode fazer qualquer um perder o chão e desesperar-se diante da situação. Para Neusa Oliveira, 63, a notícia de que estava com câncer de mama foi encarada de forma diferente: certa da cura, ela levaria sua solidariedade a outras mulheres que passassem pelo mesmo drama. E foi assim que fez. Neusa leva os doentes para a quimioterapia, consegue transporte para irem em busca de tratamento e ainda vai de casa em casa para abraçar quem está vivendo o problema.
Certa de sua força, a vida lhe trouxe mais uma provação. Neusa está fazendo tratamento contra o Lupus, doença provocada por um desequilíbrio do sistema imunológico. Mesmo assim ela é feliz e procura transmitir amor, carinho e força. Afinal, a saúde precisa ser cuidada sempre para se ter uma vida tranquila.
MARIA REGINA DA SILVA HICKMANN
Tudo pela educação
Era abril de 2007 quando a professora Maria Regina da Silva Hickmann, a Gina, tomou posse como diretora da Escola Estadual Doutor Honorato de Souza Santos, na localidade do Passo da Areia. Ao assumir o cargo ela sabia que teria uma luta muito grande pela frente: evitar o fechamento da instituição de ensino. “Não pensei duas vezes e parti para a luta”, conta. Não era seu emprego que estava em jogo, afinal, poderia lecionar em outra escola, mas o futuro dos alunos dependia dela.
Com a ajuda do cachoeirense e pró-reitor de assuntos estudantis da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) José Francisco Silva Dias, ela conseguiu que a universidade assumisse um projeto de ensino, pesquisa e extensão com a escola e assim ela não foi fechada. Hoje, com 56 anos e aposentada, Gina, sente que fez sua parte: deixou para trás uma escola firme e com um grande futuro pela frente. Certa de que a educação é o caminho para um mundo melhor, esse foi apenas um dos seus trabalhos como educadora e visionária de uma sociedade melhor.
ANNA SCARPARO SÓRIO
Uma mulher de fibra!
Com 85 anos de idade Anna Scarparo Sório, mais conhecida como Julieta, não precisaria mais estar trabalhando. “As pessoas me perguntam o que estou fazendo na loja, atrás do balcão, ainda e eu respondo: “Vou para casa fazer o quê? Eu gosto de trabalhar”, diz. E é com toda esta disponibilidade, generosidade e amor ao trabalho que Julieta se dedica à empresa da família. Afinal, são 50 anos à frente da Loja Sório. Mesmo com algumas limitações de saúde, a empresária não abre mão de chamar viajantes, fazer compras, colocar preços e escolher todas as mercadorias que são vendidas. Julieta é um exemplo de luta e persistência. “Não fico cansada de trabalhar todos os dias, esta rotina me dá ânimo e forças para continuar. Trabalho é tudo para mim, é um prazer”, observa. Ela é casada com Erni Sório e junto com o marido administra todos os bens da família.
Todas as fotos foram feitas pelo estúdio Sulfoto. Maria Regina, Neusa e Lúcia usaram acessórios da Linda Joias e Bolsas.
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