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Bela & Saudável Edição 90 - abril de 2015

AUTOMEDICAÇÃO de risco!


Tomar remédios errados e em doses incorretas pode agravar o problema de saúde

 



Se você costuma tomar remédios por conta própria, cuidado! Ao invés de curar, esse hábito pode lhe deixar ainda mais doente. LINDA conversou com o médico residente em ortopedia e traumatologia LUCAS XAVIER DA LUZ, 27, para conhecer os riscos da automedicação. Confira.



Por que não se automedicar?
“Certos remédios podem mascarar os sintomas de uma doença mais grave.
Tenho como exemplo uma paciente que sentia dores nas articulações, dores ao respirar e tosse, acompanhadas de uma mancha no rosto. Estava diante de uma paciente com lúpus que há anos tomava quantidade enorme de anti-inflamatórios e analgésicos por conta quando podia estar tratando adequadamente a doença”.

Quando nos automedicamos erroneamente, o corpo cria resistência aos remédios?
“Isso acontece principalmente com antibióticos. Frequentemente mães com seus filhos com febre e tosse solicitam que o médico prescreva esse tipo de medicação (porque é proibida a venda sem receita). Quando se indica erroneamente o antibiótico ou seu tempo de tratamento, combatemos as bactérias mais fracas e as mais resistentes se reproduzem. Resultado: uma doença com uma agressividade muito maior do que deveria ser”.

Podemos agravar o problema com uma medicação errada?
“Sim. Já tive um paciente que tinha problemas para engolir. Achou que estava com uma faringite e ingeriu uma classe de antibióticos que agravava mais a sua doença. Acabou exacerbando uma crise e indo para unidade de tratamento intensivo”.

Alguém que sempre usou Neosaldina e Paracetamol para dores de cabeça e nunca consultou um especialista, um dia descobre que a dor era por causa de um tumor. Isso é possível?
“Sim. Não sou contra o uso de analgésicos de conta própria, porém o uso prolongado deve ser colocado em suspeita. A exemplo de cefaleias em pacientes com mais de 50 anos de início súbito, não é algo normal e deve ser investigado por um médico”.

Quais os perigos de uma superdosagem?
“Seis comprimidos de Paracetamol podem levar a uma hepatite fulminante.
Os anti-inflamatórios, que são remédios de uso crônico de pacientes com artrose e vendidos sem nenhum controle, causam significativa lesão renal”.

Tendo uma gripe, costumamos fazer uma mistura de remédios. É possível que a combinação seja prejudicial?
“Muitos laboratórios, sabendo da tradição da automedicação do nosso país, acabam produzindo medicações para gripe que são verdadeiros ‘combos’ de três ou quatro medicações, porém de baixa dose. Em geral não há problemas, exceto àqueles que já têm uma hipersensibilidade a determinada substância”.

Remédios naturais à base de plantas também devem ser receitados por médicos ou estão liberados?
“Muito deles podem causar efeitos não desejados. O ginkgo biloba, por exemplo, é muito indicado nos casos de Alzheimer, porém, o que se sabe até hoje é que pode causar grave disfunção plaquetária sem melhora significativa na doença.  Além de não melhorar em nada a aquilo que se propõe, pode causar sangramento de difícil controle. Outro exemplo é o Gatorade para o paciente com diarreia como repositor hidroeletrolítico. Primeiramente, não existe repositor hidroeletrolítico por via oral em paciente com diarreia, o que existe é o soro de reidratação oral que previne a desidratação. Reposição hidroeletrolítica após exercícios físicos não deve ser confundida com diarreia”.



 

"Existe uma célebre frase de Roger Stankewski: “A diferença entre o veneno e o remédio é a dose”. Medicações tomadas de forma errada levam a sérios danos", diz Lucas.






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