Demissexuais
» Izabel Eilert (izabeleilert@terra.com.br)/psicóloga e terapeuta sexual
Quando o assunto é desejo sexual, se abre um leque muito grande de alternativas. Tem aqueles com muito desejo, os com pouco desejo e os que não têm nenhum desejo sexual.
Demissexuais são aqueles que só sentem atração sexual por quem já tenham algum tipo de ligação emocional e/ou intelectual. São aquelas pessoas que não transam só por transar ou só porque têm desejo sexual físico, não importando com quem irão se satisfazer. O as que motiva é o envolvimento emocional, ou seja, não vão transar no primeiro encontro ou beijar (ficar) com vários numa balada.
Para ficar mais fácil de entender, vejamos algumas diferenças:
• Sexual – É aquele capaz de sentir interesse sexual por outras pessoas independentemente de outros fatores, como, por exemplo, tempo em que se conhecem, compromisso existente entre o casal, etc;
• Assexual – Não sente desejo algum ou sente repulsa por sexo;
• Demissexual – Não sente desejo por quem não esteja envolvido emocionalmente/intelectualmente/psicologicamente.
É muito fácil confundir o demissexual com o assexuado. Caso esteja ligado a uma pessoa, o demissexual poderá se sentir muito atraído sexualmente, ao contrário do assexuado. Como diz a jornalista Marcela de Mingo, “o que torna uma pessoa demissexual não é necessariamente os momentos em que ela sente um desejo sexual em relação a outra pessoa, mas a falta deste mesmo desejo em relação a todas as outras”, o que a torna diferente da pessoa assexuada (aquela que não tem nenhum desejo físico ou sexual).
Sabemos que a sociedade hoje é muito sexualizada, onde o apelo ao erótico, ao prazer e ao sexo é visto no dia a dia como algo muito próximo de nós, tanto nas mídias sociais quanto no cotidiano. Pode até parecer difícil entender que existam pessoas que não tenham desejo sexual o tempo inteiro. Mas elas existem e muitas vezes se sentem totalmente deslocadas nas baladas, não têm vontade de “ficar” com várias pessoas numa mesma noite, podem se sentir inadequadas e sem entender exatamente o que as faz parecer tão diferentes da maioria.
Há também os que dizem que “sexo com amor é muito melhor”. Claro que essa afirmação tem um grande fundo de verdade, mas para os demissexuais não é disso que se trata. Para eles, atração sexual é posterior e depende da conexão emocional/intelectual/psicológica anterior que existe entre os dois. Para essas pessoas, não se trata de se reprimir ou escolher não se relacionar sexualmente, e sim não sentir desejo por quem conheçam pouco.
Para os demissexuais, é muito comum ouvirem “você é muito exigente”, “você tem que se experimentar mais”, “você precisa tentar conhecer pessoas diferentes ou ir a ambientes diferentes”. Nestas colocações, as pessoas deixam implícito que a vida sexual do demissexual é um fracasso e que a culpa é totalmente dele! Mas pode não ser nada disso, apenas ele não tem esta facilidade de se conectar, de estabelecer relações íntimas com pessoas “estranhas” ou com quem tenham uma ligação superficial.
E como saber se a pessoa é demissexual? Pelas vivências que teve. Se o mais importante não é atração física, se nas relações onde há ligações emocionais/intelectuais surge o desejo sexual, se a rotatividade sexual não lhe atrai nada, se ficar intimamente com alguém que conhece há pouco tempo é algo que lhe causa desconforto, enfim, tudo isso pode levar a crer que se trata de um demissexual.
E não tem nada de errado se você se enquadra nesta definição. Não se sinta como um “ET” ou alguém desencaixado da sociedade: apenas o seu modo de se relacionar é diferente. Então, invista em relacionamentos onde a pessoa estará mais próxima emocionalmente/intelectualmente, estreitando relações, e viva o seu prazer do seu jeito, porque, em matéria de prazer sexual, só você pode saber o que mais lhe agrada e onde estará feliz.
Psicóloga e terapeuta sexual
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