Tipos de CASAIS
» Izabel Eilert (izabeleilert@terra.com.br)/psicóloga e terapeuta sexual
Estive em viagem recentemente a um lugar bastante turístico e principalmente onde os casais costumam fazer turismo. Talvez por estar mais descontraída ou porque me encanto com os relacionamentos humanos, comecei a observar os tipos de casais que eu via à minha volta...
Me surpreendi ao perceber como eles variam não só na idade, mas principalmente na postura de um para com o outro, como, por exemplo, casais muito jovens parecendo praticamente estar a tolerarem um ao outro ou aqueles casais com uma fisionomia de estarem se suportando mutuamente. Também tinham os completamente indiferentes e os que pareciam siameses (um grudado no outro, e dependendo totalmente do outro). Ainda existiam aqueles casais extremamente delicados nas pequenas coisas, como dar a mão para subir num ônibus ou entregar o tíquete da entrada do museu. Casais extremamente gentis e pacientes, preocupados com o bem-estar do parceiro(a), como se desse para ver o desejo em favorecer o bem-estar do outro.
O que faz um casal se tornar aquele companheiro cúmplice, gentil, ou aquele casal irritadiço, sem paciência, cheio de animosidade para com o seu cônjuge?
Me chamou mais atenção ainda o grau de irritação dos casais durante as férias, alguns culpando um ao outro de pequenos erros ou exigindo respostas e soluções, como se seu parceiro/a fosse culpado ou responsável por todas as frustrações e situações difíceis.
Afinal, para quem dirigimos as nossas frustrações? Para onde canalizamos nossas expectativas?
Nesses momentos de férias, onde os casais estão sem o “manto” da rotina e desprotegidos das defesas do dia a dia, acabam manifestando muito mais o funcionamento da conjugalidade e foi exatamente isso queme chamou muito a atenção.
Não eram perfis específicos de casais, heterossexuais ou homossexuais, em lua de mel ou comemorando suas Bodas de Ouro. O que existia na essência da relação conjugal era “o tom” que aquelas duas pessoas se dispunham a dar àquele relacionamento, um tom mais suave ou mais áspero, um tom de aceitação ou de cobrança, um tom de tolerância ou de irritabilidade...
Afinal, em qual tipo de relacionamento nos enquadramos?
Claro que essas relações não se estabelecem de uma hora para outra e o que determina a escolha do cônjuge são vários fatores, desde os modelos que tivemos na infância de pai e mãe, a estrutura de personalidade, o tipo de criação, o modelo familiar e social, enfim, são muitos motivos que fazem com que estabeleçamos qual será o nosso modelo de relacionamento conjugal.
Também sabemos que existe uma parte chamada consciência, que nos possibilita percebermos nossas escolhas, bem como o motivo de tais escolhas. Isto se dá quando estamos mais saudáveis psiquicamente e consequentemente passamos a desejar ter coisas boas e saudáveis em todos os sentidos.
O que faz alguns casais ficaremse tolerando ou serem maltratados durante uma viagem de férias, ou ficarem muito tempo “emburrados” um com outro por pequenas bobagens (como não querer entrar em uma loja e o outro querer), ou não tirar uma foto que o outro gostaria que fosse tirada? Qual a origem desta irritação? Do que realmente eles estavam se queixando? O que leva uma pessoa a estar num lugar paradisíaco e ter uma vontade enorme de brigar com o seu parceiro conjugal por coisas tão insignificantes? A mim, parece que como as proteções do cotidiano não estão presentes nas viagens, aquilo que está “submerso” emerge e por mais maravilhoso que o lugar das férias possa ser, não é o suficiente para continuar encobrindo os conflitos conjugais já existentes.
Psicóloga e terapeuta sexual
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