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Do amor ao sexo Edição 113 - maio de 2017

Como o sexo sobrevive após muitos anos de CASAMENTO

» Izabel Eilert (izabeleilert@terra.com.br)/psicóloga e terapeuta sexual


No início, geralmente, tudo são flores... Mas aí vem um ano, dois, 10, 20... E como fica o sexo deste casal? Para onde foi todo aquele desejo? O que aconteceu com aquelas promessas feitas sob os lençóis?

 

O amor pode ser o mesmo do início e o laço afetivo até pode tornar-se mais forte à medida que o casal vai se conhecendo mais, confiando mais, compartilhando mais coisas e passando mais momentos bons e difíceis junto. A cumplicidade tende a se ampliar.

Mas, e o sexo? O que acontece com o sexo após passar o período da paixão, da descoberta dos desejos, das novidades íntimas? O casal se ajusta em um ritmo sexual e por fim a rotina toma conta da “cama” deste casal que está há tanto tempo junto.

Pense por um minuto como era, por exemplo, o sofá de vocês quando casaram e qual sofá existe hoje, como era o carro quando casaram (se é que tinham um) e qual vocês têm hoje, onde moravam quando casaram e como é o local que moram hoje... Enfim, garanto que em todos os exemplos citados se preocuparam para não ficar parados no tempo, quiseram melhorar, se dedicaram para conseguir as suas melhoras. E no sexo? Será que o casal investiu, se dedicou para não ficar parado no tempo, se esforçou para se reciclar ou está ainda fazendo sexo igual há muito tempo, sempre do mesmo jeito, com o mesmo ritual, nas mesmas posições? Para muitos, infelizmente, o sexo depois deste tempo ficou até pior.

Este é um grande descuido que muitos casais cometem acreditando que o sexo vai se manter por si só, que não precisam fazer nada para ele se manter bem, e acabam investindo em muitas coisas externas e pouco na sexualidade. Ledo engano. Sexo se cuida também!

Sabemos que o sexo envolve muitas questões, que incluem desejo, afeto, as emoções, o relacionamento entre o casal, enfim, que vai muito além daquele momento inicial de descoberta, da conquista, do tesão, da busca do que os corpos podem sentir juntos — isto tem um tempo e vai abrandando depois para um sexo mais adaptado a uma rotina. O que não quer dizer que não se vá poder ter um sexo de boa qualidade por muito tempo, por isso o sexo deve ser cuidado para se manter bem, em alta do desejo, ativo e presente no cotidiano dos casais.

E como fazer isto?
Deve-se prestar atenção em algumas coisas, como a forma com que o casal se comunica, troca ideias, mostra o que gosta, seus desejos (até os mais íntimos), fala deles para o outro e é respeitado quando faz e compartilha emoções e fatos ocorridos... Essas questões são fundamentais para estabelecer o nível de maturidade/intimidade emocional do casal. E se esse nível emocional é alto fica muito mais fácil querer e conseguir ir para intimidade física.

Ou seja, aquele casal que se distancia, que deixa de se cuidar, que facilmente é grosseiro um com o outro, que não fala mais das suas emoções para o parceiro(a), terá cada vez mais dificuldade de ir para o sexo com entrega íntima, aquele onde há, como diz o sexólogo argentino Juan Carlos Kusnetzoff, “algo como uma transfusão mútua de sensualidade, de ternura e, sobretudo, de zelo um pelo outro”. Geralmente fazem um “sexo morno”, sem grandes emoções, com pouco nível de erotismo, alguns até sem desejo (o que é um péssimo sinal), quase como se tivessem cumprindo um compromisso.

Importante salientar que um casal não chega nesse estágio de “sexo morno” de um dia para o outro, ele vai se afastando emocionalmente lentamente e a partir disto ir para a intimidade física fica quase impossível. Então, não caia nessa cilada. Cuide de sua intimidade que ela não terá data de validade.



Psicóloga e terapeuta sexual   
 






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