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Do amor ao sexo Edição 107 - outubro de 2016

SEXO na terceira idade

» Izabel Eilert (izabeleilert@terra.com.br)/psicóloga e terapeuta sexual


Ainda hoje, para alguns, pode parecer estranho pensar em pessoas de mais idade fazendo sexo, mas a sexualidade, o erotismo, faz parte do ser humano por toda a sua vida. O que muda é a forma e o  local onde este erotismo se manifesta. Na infância, por exemplo, ele se manifesta na oralidade, mais adiante se manifesta no prazer em aprender o controle dos esfíncteres. Na infância todo o prazer está em aprender, em competir. Na adolescência o prazer está direcionado às sensações de amor, carícias e genital. Já na idade adulta o prazer envolve penetração de genital e na velhice o prazer está mais distribuído nos toques, carícias, e menos no genital. Mas a capacidade de sentir e ter prazer faz parte de todo o curso da vida.

A vivência da sexualidade na terceira idade nada mais é do que um processo construído durante toda a sua vida. Pessoas saudáveis, que gostem de sexo, são capazes de aproveitá-lo por toda a vida. Pessoas que não gostam de sexo, que vivenciaram traumas ou sexo ruim e mal feito, obviamente poderão usar a terceira idade como justificativa de aboli-lo.

Tudo na terceira idade passa a ter um outro ritmo, como caminhar, trabalhar, competir, investir, tudo passa a ser mais lento. Desta mesma forma, a necessidade sexual também adquire um ritmo menos ansioso, de menos exigência. A frequência tende a diminuir, a performance em termos de movimentos, posições e tempo de penetração também passa ser menor, mas é um sexo mais maduro, menos ansioso, com mais cumplicidade e muito mais conhecimento do corpo um do outro.

O perfil de sexualidade das pessoas mais velhas mudou sobremaneira tendo em vista que a expectativa de vida é completamente diferente hoje em dia. Em 1900 a expectativa de vida do brasileiro era de 30 anos, hoje é de 75 anos, segundo o geriatra Fabio Nasri, e a média mundial é 71,4 anos. Ou seja, o que era considerado uma pessoa velha em 1900 hoje é praticamente alguém saindo da adolescência. Os recursos de saúde também estão completamente diferentes, possibilitando às pessoas terem saúde física com prevenção, exames periódicos, tratamentos avançados e acesso fácil ao conhecimento e tratamentos. Enfim, tudo isso possibilita que a expectativa de vida se estenda com qualidade e, consequentemente, possibilidade de sexualidade ativa.

A evolução na parte de fármacos, referente a questões da terceira idade, foi incrível nos últimos anos, principalmente no que se refere a tratamento de disfunção erétil, como, por exemplo, em 1998 o aparecimento do Viagra (sildenafila), que age em 40 minutos, o Cialis (tadalafila), de uso diário para não ser só antes do sexo, e Levitra (vardenafila), com sabor de menta, que dissolve na boca e age em 15 minutos, entre outros. E para as mulheres, uso de hormônios para reposição hormonal nas mulheres menopausadas. Todo esse avanço da ciência possibilitou, certamente, uma maior qualidade de vida e uma melhor qualidade de vida sexual para homens e mulheres na terceira idade.


A lubrificação vaginal nessa fase pode se tornar bastante escassa, o que não significa falta de excitação, e sim de produção de lubrificação vaginal. Isto pode ser resolvido com cremes vaginais próprios para esta fase. Todas estas medicações devem ser orientadas e prescritas pelo médico urologista ou ginecologista.

Patologias e medicações podem levar à falta de desejo ou dificuldades sexuais. Isso também deve ser avaliado com o médico.


As primeiras vezes que o homem se depara com perdas de ereção ou dificuldade em mantê-la podem ser bastante assustadoras para ele. Se o casal puder conversar francamente a respeito pode ajudar a não ficar um clima de constrangimento. Também se der um tempo para que essa vascularização se refaça, sem pressão ou cobrança, a ereção pode ser retomada. O ideal é que todo o estímulo erótico não fique dependendo apenas da ereção, podendo se desfrutar do estímulo de mão, boca, toques, carícias ou mesmo sexy toys (acessórios eróticos).

Inove, concentre-se no momento presente, tente quantas vezes for preciso, deixando a frustração de lado. Claro que as coisas mudam, mas não significa que a sexualidade acabou. Encontre momentos e maneiras de criar um ambiente erótico e desfrutarem do prazer que um pode dar ao outro.


Isso aproxima os casais e alivia a tensão do cotidiano, bem como mantém a percepção de vida e longevidade.

 

 

Psicóloga e terapeuta sexual






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