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Do amor ao sexo Edição 87 - dezembro de 2014

Ih, foi para o BREJO!

» Izabel Eilert (izabeleilert@terra.com.br)/psicóloga e terapeuta sexual


Amor de verdade sempre vale a pena - a gente conserta (nas crises que ocorrem em toda a relação), não se joga fora, não se descarta. Enquanto existir cuidado, respeito e reciprocidade tem que se reinvestir, retomar, reformar, recontratar, seja lá o que for, tem que investir. Crises se superam, desde que os dois estejam dispostos. Mas existem relações que são neuróticas, tensas, densas, que detonam até com o amor próprio. Aí, nesses casos tem que ter fim. Claro que o que era super interessante no primeiro ano de namoro, por exemplo, provavelmente não causará mais o mesmo efeito aos 20 anos de casados. As motivações, valores e nível de maturidade se modificam para os dois e os ajustes devem ir acontecendo.

Não queira que as emoções dos primeiros tempos da paixão durem para sempre. A paixão avassaladora deve dar lugar ao amor maduro. As relações após a época da paixão precisam ter um investimento emocional de se recriar, de se reconectar, de manter sempre o respeito, o limite da individualidade, de se olhar juntos e sentir que vale a pena. Senão, os relacionamentos passam a ser descartáveis.

Mas como saber, com razoável certeza e serenidade, quando descartar um relacionamento porque não tem mais jeito? Reflita se existe ou não existe mais respeito, se as manias do outro te irritam o tempo todo, não tendo mais tolerância para as mínimas coisas, se o sexo passa a ser mecânico todas as vezes, se ainda existe beijo bom na boca, se sair sozinhos, sem amigos ou filhos junto, é um tédio, quando elogios não existem mais, quando não se sente mais ciúmes nem imaginando o outro numa cena romântico-erótica com outra pessoa, quando não mais existe confiança, quando não mais se sente saudades, quando o estar sozinho é muito mais prazeroso, quando o eu te amo soa falso ou não faz sentido algum, e tantas outras situações que oferecem as condições concretas para que um julgamento correto possa ser feito.

Se pensar em enfrentar uma vida totalmente nova e com as dificuldades que uma mudança sempre traz parece melhor do que enfrentar aquele dia a dia desgastado, então é hora de olhar para si, não se abandonar, se dar uma chance de viver melhor. Separar não é sinônimo de fraqueza. Tem que ser muito maduro para conseguir tomar esta decisão. Muitos se acomodam e pagam um preço alto de viver infelizes, mas com conforto, com a família, o status social, etc. E só você pode saber qual preço quer pagar.

Se não aconteceu uma oportunidade de reconciliação, dê uma chance. Por exemplo, procure uma terapia de casal se ainda existir a esperança e o desejo que façam valer a pena investir em você e no seu relacionamento. Mas se tudo já estiver morto, então encerre da melhor forma possível, sem deixar que o respeito acabe totalmente, pois sempre ficam vínculos de família, amigos, filhos, negócios, enfim, o que foi construído no tempo em que estiveram juntos. Se não tiver como revitalizar o relacionamento, pague o preço de um rompimento, mas nunca pague o preço de perder o amor próprio.

 

 

 

"Se não tiver como revitalizar o relacionamento, pague o preço de um rompimento, mas nunca pague o preço de perder o amor próprio."




Izabel Eilert
Psicóloga e terapeuta sexual

 

 






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