A anorgasmia é a ausência de orgasmo ou a incapacidade de tê-lo. A mulher se excita, aproveita as carícias, mas algo a bloqueia na hora do orgasmo. Pode ser primária, que é quando a pessoa nunca chega ou chegou a experimentar um orgasmo. Secundária, onde a pessoa acaba perdendo a capacidade de ter orgasmos, ou situacional, quando tem orgasmo em determinado tipo de situação e em outras não, como por exemplo não tem com um homem e tem com outro.
Há um número muito grande de mulheres que sofrem deste mal. Mas é comum as que não têm orgasmo se sentirem as únicas e as “últimas” na face da terra... Como se todas as mulheres à sua volta fossem fogosas, quentes sexualmente e que tivessem múltiplos orgasmos sempre, como se só ela não conseguisse chegar lá. Mas calma, não é bem assim. A falta de orgasmo na vida sexual das mulheres é muito alta, atingindo 26,2% delas, segundo pesquisa da médica psiquiatra Carmita Abdo.
Não é considerada anorgasmia se a mulher é capaz de atingir orgasmo por meio de manipulação do clitóris. Mas, mais por desinformação eu creio, algumas mulheres e também alguns homens querem buscar o orgasmo com a penetração e não consideram este orgasmo de clitóris como “satisfatório”. Pura bobagem! O corpo é capaz de produzir sensações muito prazerosas, que levem ao orgasmo em muitos pontos no corpo, não só no clitóris ou na vagina.
Cuidado para que a busca do orgasmo não vire uma meta, como vejo em muitos casais. Quando o orgasmo passa a ser uma obsessão, a pessoa sai do envolvimento erótico e se torna uma espectadora, um crítico, julgando cada movimento, gesto ou possibilidade.
Infelizmente ainda vemos que têm mulheres que mentem sobre ter orgasmo. Negar a anorgasmia é um modo de defesa para muitas mulheres que fingem o orgasmo. O psicólogo Ângelo Monese afirma que cerca de 35% das mulheres que não têm orgasmo fingem tê-lo para fugir do estereótipo da frigidez. Mas isso acaba se tornando um grave e grande problema para ela, pois o ato sexual é sem prazer, sem lubrificação, o que pode gerar dor e desconforto. Isso faz com que a mulher passe a evitar cada vez mais o sexo, o que o parceiro não consegue entender o porquê.
O mais comum é as mulheres procurarem tratamento em consultórios médicos para esta dificuldade. Sabe-se que as patologias físicas ficam em torno de apenas 5% dos casos, que incluem: disfunções hormonais, depressão, drogadição, alguns remédios, tumor cerebral, malformações no genital. A grande maioria são causas psicossociais, como falsas crenças, desinformação sobre o sexo e seu corpo, crenças religiosas, medo de engravidar, experiências traumáticas, falta de intimidade e conhecimento do seu corpo e do parceiro... Enfim, são muitos os fatores e estes podem, na maioria das vezes, estar interligados. Mas existem formas de se resolver!E não é fingindo!
Fale para o parceiro que está tendo dificuldades para chegar lá. Depois, sozinha, conheça seu corpo para saber como você funciona e reage. Após estas descobertas, mostre ao seu parceiro o “mapa da mina”. Também ajuda muito não ficar de espectadora, só pensando se vai conseguir ou não. Isso só gera ansiedade e ansiedade não leva ninguém ao orgasmo. Existem tratamentos, caso não consiga sair desta sozinha. Excetuando anomalias graves físicas, todas as mulheres podem sentir prazer. Basta você saber onde, como e quando gosta. E isso cada mulher tem o seu jeito. Descubra o seu!
"Quando o orgasmo passa a ser uma obsessão, a pessoa sai do envolvimento erótico e se torna uma espectadora, um crítico, julgando cada movimento, gesto ou possibilidade."
* Izabel é psicóloga e terapeuta sexual