Relacionamentos amorosos têm prazo de validade?
» Izabel Eilert (izabeleilert@terra.com.br)/psicóloga e terapeuta sexual
A paixão é o que geralmente impulsiona os encontros amorosos, possibilitando que eles se mantenham quentes, motivados e felizes. Só que a paixão acaba! Ninguém aguentaria viver em estado de apaixonamento por muito tempo, pois ele demanda muita energia – de pensamento, de envolvimento, de percepção do outro e de tesão. É como estar em estado de alerta sempre.
Uma delícia, diga-se de passagem. Existem autores, como Gaiarsa, que diziam que podemos ter este estado de paixão até três vezes na vida. Quem já o experimentou, pelo menos uma, sabe do que estou falando e de como esta sensação é maravilhosa! Mas a paixão acaba e devemos nos munir de maturidade, cumplicidade, diversão em comum, bom sexo e filhos (para aqueles que os querem ou podem tê-los), para sabermos como ficar neste casamento após o término da paixão.
Este é o momento em que se cria a capacidade de se perceber que, “mesmo o outro não sendo tudo aquilo que imaginava que ele era, mesmo assim eu continuo querendo” (Ângelo Monese). Este amor verdadeiro ou o amor adulto, que faz com que as relações se mantenham depois do término da paixão. É aprender a tolerar as frustrações, aprender a lidar consigo mesmo, ser suficiente sem querer que o outro seja responsável por sua felicidade (ou infelicidade).
Os casais devem ser capazes de resolver as questões com as quais divergem e não ficar criando arenas para debates sem fim, que só desgastam a relação. Manter a intimidade em alta, sem esquecer das gentilezas, carinhos, sexo bom e criativo, sem negligenciar esta parte só porque a conquista já se deu.
Para não descartar o relacionamento lembre-se de tratar o outro, com quem você escolheu viver, como alguém que você se comprometeu a levar muito em consideração. Então leve!
Nunca desrespeite o outro em gestos ou palavras. Muito menos se desrespeite - aceitando humilhação, agressão e traição, seja lá qual for o tipo. Você é uma parte importante desta relação, aliás, 50%, o que é uma grande parcela. Então, cuide dela, já é um bom caminho e uma grande coisa. A outra parte é do outro e por esta você não poderá se responsabilizar. Existem casais em que um tem que manter toda a estabilidade do casal: é lógico que isso não tem como dar certo. Tenha em mente que uma relação só se mantém se os dois estiverem fazendo cada um a sua parte.
Achei muito interessante o que o psicanalista Francisco Daudt da Veiga disse sobre os relacionamentos: “A amizade é o que sustenta um casamento (relacionamento)”. Eu acrescento o sexo a isso. Não o sexo penetração, mas o sexo intimidade, aquilo que diferencia os irmãos dos amantes... Vejo que os casais que se mantêm amigos e com intimidade têm maior tolerância com os erros um do outro, com as chatices, com as manias que vão aparecendo com o passar do tempo, com os defeitos e erros que podemos cometer durante a vida.
Sem contar que temos uma responsabilidade para com esta família, com a qual nos responsabilizamos e optamos em constituir. Fico pasma ao ver como hoje em dia, para alguns, a família parece ser algo descartável. Não comungo com isto, penso que a família é uma instituição extremamente importante para a formação do ser. Não que não possam existir famílias de pais separados que estejam bem estruturadas, ou famílias de pais casados que sejam nocivas aos filhos e ao casal. Mas, generalizando, podemos falar que a família sempre é o suporte para as agruras da vida. Então, pense bem antes de formar esta família, se tens capacidade de não querer descartar esta relação assim que as frustrações entrarem pela porta ou a vida real se fizer presente. Pois é justo aí que a maturidade do casal vai definir a qualidade do relacionamento, e isto sim é o que determinará o prazo de validade da relação!
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