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Do amor ao sexo Edição 56 - março de 2012

Será que hoje se trai mais?

» Izabel Eilert (izabeleilert@terra.com.br)/psicóloga e terapeuta sexual


Esta é uma pergunta que se ouve muito hoje em dia. Por que será? Podemos ainda pensar que é porque o homem precisa, uma justificativa histórica, sem nenhuma consistência científica. Mas, no entanto, tudo leva a crer que as mulheres estão traindo igual ou muito mais ultimamente, segundo pesquisas como a de Carmita Abdo, feita pela Universidade de São Paulo (USP) em 2003.
A existência de sites para casados ou de aplicativos nos celulares para esconder chamadas, mensagens, fotos e vídeos é enorme. Se há mercado para este tipo de produtos, então as pessoas estão traindo! Antes os padrões morais eram diferentes e muito rígidos, o que aumentava ainda mais a culpa e os medos de rompimento dos casamentos, onde a mulher era dependente financeira e socialmente. Então o homem parecia ter certa permissão para frequentar bordéis e ter suas aventuras. Não se aceitava, mas se sabia. Já uma mulher que traísse era vista como alguém abominável – era algo que chocava.
A traição não choca mais tanto, apesar de ainda ser algo imoral e ilegal, mas não deixou de causar danos emocionais e dor nos casamentos e corações. Na traição podem existir horas e momentos de muito prazer e novidade, mas pode gerar um estrago enorme, tanto no casamento como na família e também como trauma pessoal, por ter gerado tanto conflito e dor.
Claro que quem entra em uma relação extraconjugal acha sempre que conseguirá manter tudo sob controle. Mas não se iludam, é muito difícil e o preço a pagar por isso pode ser alto. O desejo de trair pode existir, mas ir para o fato em si é diferente: tentação é uma coisa e traição é outra. O que não deixará que se parta para as vias de fato é o equilíbrio emocional.
O casamento não precisa estar mal para uma traição ocorrer, mas quando o casal está em crise é o momento mais favorável para um terceiro entrar, desestabilizando esta relação. Quando há traição existem sinais de que algo está acontecendo, de que não está igual, por haver um conflito interno e sentimentos de culpa em quem trai, e isso gera mudança de comportamento, o que pode levar o traído a poder perceber que algo está acontecendo.
Mas o traído é sempre o último a saber? Também se pode pensar aqui, que existe uma tendência a negar a traição e os sinais. Geralmente quando muitos já se deram conta dos sinais é que o traído abre os olhos. Os detetives são também peça de frequente destaque nessa situação. Mas cuidado: se você quer colocar um detetive para saber se o seu parceiro está traindo, primeiro saiba o que vai fazer com a informação. Porque saber, ter um ataque e continuar com tudo exatamente igual, aí você passa de traída a cúmplice.
Aproveite a crise para olhar o que não está bem, para ver onde estavam os furos e fechá-los. O problema após a revelação da traição não é mais a amante, mas sim o casal, que fica em cacos. Claro que é possível ficarem juntos, mas é preciso querer se reconstruir. Neste momento é importante não acusar só o outro, mas verificar onde cada um errou e se é capaz de mudar o comportamento. Fazer uma reflexão e uma nova proposta de casamento e ver se conseguem perdoar, deixando o passado para trás e seguir dali para frente com uma nova postura. Crises possibilitam sempre crescimento. Se usarem recursos emocionais sadios para saírem da crise, os casais, geralmente, ficam mais fortalecidos - mas não sem marcas.



"A traição não choca mais tanto, apesar de ainda ser algo imoral e ilegal, mas não deixou de causar danos emocionais e dor nos casamentos e corações."



* Izabel é psicóloga e terapeuta sexual





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