Elas decretam o fim da convenção de que ao chegar aos 50 é preciso passar a tesoura nos cabelos

O cabelo das mulheres é um símbolo milenar de sensualidade e feminilidade e, por isso, ele se tornou alvo de muitas convenções. Por muitos anos, por exemplo, os cabelos compridos e soltos representavam o desvelamento da mulher, mais à vontade para receber o homem. No século 19, mulheres de respeito cobriam a cabeça com chapéus. No Brasil colônia, as sinhás tiravam os grampos e soltavam os fios somente na intimidade, para o marido.

Outra convenção é que a mulher deve cortar o cabelo quando chegar aos 50 anos. Há quem diga que isso é uma imposição das normas de etiqueta, que é necessária a demarcação de que a idade está a caminho. Como se ao envelhecer as mulheres fossem perdendo o poder de sedução e cortar o cabelo seria como deixá-las menos atraentes. Mas como as mulheres estão em constante mudança, essa regra também está mudando com elas. Hoje tem muita mulher na faixa dos 50 anos que se sente mais bonita, jovem e feminina com os cabelos compridos e nem cogita se render à tesoura.

 

 

Só as pontinhas, por favor

Sempre que deixa o salão de beleza, a professora aposentada Maria Antônia Alves Ritter, 51, percebe olhares de admiração para seus cabelos. O corte que emoldura o rosto, as luzes que iluminam e o movimento obtido com uma escova caprichada dizem mais do que ali vai uma mulher vaidosa e que gosta de se cuidar. As longas madeixas de Maria Antônia e de cada vez mais mulheres acima de 50 anos decretam o fim de uma antiga convenção: cabelo comprido não tem mais idade. “O meu cabelo é muito elogiado. Se fica bem, por que não? Esse cabelo combina com minha cabeça, com meu estilo”, conta Maria Antônia, que não mede esforços para manter as madeixas bonitas.
“Sempre que necessário corto as pontas, também faço hidratação mensalmente para que ele se mantenha alinhado. Além disso, sempre que necessário misturo no condicionador uma ampola hidratante para revitalizar os fios”, revela Maria Antônia, que não tem planos de cortar o cabelo tão cedo. “Em time que está ganhando não se mexe”, completa.

“Todo o trabalho que tenho para cuidar meu cabelo é recompensado quando olho no espelho e me sinto bem”,  Maria Antônia

 

Moldura do rosto

A determinação da professora Tânia Schaurich Cíceri, 53, faz com que ela sempre aja de acordo com a sua vontade, sem se preocupar com a opinião dos outros. Por isso ela não se importa nem um pouco se alguém acha que pela idade ela já deveria ter encurtado o cabelo. “Gosto dele assim, acho que me favorece e não ligo para o que os outros julgam ser o certo”, conta Tânia. Ela tem o cuidado de só lavar o cabelo no salão de beleza, preservando assim a integridade do fio. “Não adianta querer ter o cabelo comprido e não cuidar”, diz Tânia, que incentiva as mulheres que querem deixar o cabelo crescer. “O cabelo comprido deixa a mulher mais jovem. Acho que fico muito melhor assim”, conta. “Se um dia achar que devo, vou cortar sem problemas. Mas por uma vontade minha, não porque acho que não está de acordo com a minha idade”, completa.

“O cabelo faz parte da minha personalidade”, Tânia.

 

Cabelos em foco

 

A consultora de moda Suzana Hunter, 53, usava o clássico cabelo chanel e se sentia bem com o corte. Até que a sua cabeleireira sugeriu que ela deixasse os fios crescerem e ela topou. Resultado? Há 10 anos usa os cabelos compridos e adora. “Muitos acham que cabelo comprido não funciona para quem tem mais de 50 anos. Falam que tira a energia e a vitalidade, mas eu me sinto muito mais jovem depois que deixei meu cabelo crescer”, conta Suzana. Para exibir um cabelo saudável, a consultora de moda hidrata os fios a cada 30 dias. Em casa, o ritual diário é massagear mecha por mecha enquanto aplica o condicionador durante o banho. “Cabelo comprido dá trabalho, mas é o estilo que escolhi e pretendo continuar com eles ainda por muito tempo”, revela Suzana.

“O fato de já ter passado dos 50 não é empecilho para eu ter longos cabelos”, Suzana.