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Entrevista EDIÇÃO 24 - ABRIL 2009

Tamanho GG


Ás 8h de uma sexta-feira, com agenda atribulada pelo menos até o início da noite, o prefeito Sérgio Ghignatti, 62, abriu as portas de seu gabinete para dar uma entrevista para LINDA. O foco: os 100 primeiros dias de seu governo completados em abril e sua vida pessoal dividida com a profissional e política. Cercado por seus assessores, ele é quem faz a primeira pergunta: “Vocês sabem quando as mulheres mentem aos seus maridos?” Silêncio, e logo depois ele dá a resposta: “Sobre o valor que pagou por uma bolsa ou por um par de sapatos”. Com risos, as mulheres presentes na sala confirmaram que sempre baixam o preço para não ouvirem reclamações. Foi com esse mesmo bom humor que ele iniciou e concluiu a conversa. Confira.


 

Ghignatti: bom humor para governar



 

Como avalia esses 100 primeiros dias de governo?
De forma muito positiva. Agora estamos bem situados quanto aos problemas que a administração irá enfrentar. Já tomamos muitas atitudes, principalmente as que necessitavam da vontade política. Inicialmente focamos nos principais problemas, que são a saúde, pavimentação das ruas e canalização de esgoto nos pontos mais críticos e recuperação das estradas do interior.


Qual a grande surpresa que teve depois de assumir a Prefeitura?
Sem dúvida, as dívidas. Sabíamos que encontraríamos dívidas históricas e que possivelmente não teremos como quitá-las até o fim do governo, mas a decepção maior é ver que as contraídas nos últimos anos e que estão em parcelamento não param de crescer. Fora isso, também tive surpresas positivas, como a compreensão da população quanto à dificuldade em mostrar ainda mais serviço.


Como está sendo sua rotina diária?
Exatamente como eu esperava, com dias bem cheios. Me preparei para ser prefeito e sabia que teria muito trabalho pela frente, ainda mais porque não abandonei a medicina. De segunda a sexta-feira, a partir das 17h30min, atendo no meu consultório seguindo até o anoitecer.


Com tantos compromissos, sobra tempo para a família e o descanso?
Sobra sim. Meus três filhos estão morando fora de Cachoeira e minha esposa é minha grande parceira. Está sempre envolvida com questões do Município e me apóia muito. Não abro mão da minha pescaria, meu grande hobbie. Todos os finais de semana vou para o Jacuí. Esse é um tempo de descanso e também de reflexão. Em contato com a natureza consigo colocar as ideias em dia, por isso não abro mão de pelo menos por algumas horas ir pescar.


Teve que deixar de lado algum hábito em nome da vida pública?
De forma alguma. Sigo sendo a mesma pessoa. A única coisa que mudou foi minha rotina de trabalho, no resto, continuo fazendo coisas que sempre fiz, como todos os finais de semana lavar em casa minha camioneta escutando jogos de futebol. Saio muito, sigo indo ao supermercado fazer compras. Não me incomoda nenhum pouco a aproximação dos cachoeirenses. Nessas saídas, muitos me abordam para elogiar, fazer críticas ou simplesmente para um aperto de mão. Quem tem uma vida política tem que ser assim, simpático sempre e não só a cada quatro anos quando quer votos. Jamais vou me isolar.


Como uma figura pública, muitos amigos devem ter aparecido. Como encara a questão da amizade?
Com certeza, muitas pessoas novas passaram a fazer parte da minha vida e os novos amigos são muito bem vindos. Lamentavelmente não tenho mais tanto tempo para os amigos antigos e sinto saudade disso, mas sempre que posso estou com o pessoal do Clube de Caça e Pesca, amigos antigos e verdadeiros que me aconselham de forma despretensiosa e estão sempre por perto, nos momentos bons e ruins.


Quem são esses novos amigos?
São principalmente meus assessores. Não faço um governo dando espaço para amigos antigos e políticos quando o que preciso são pessoas com conhecimentos técnicos específicos, como é o caso das secretárias, por isso digo que são amigos novos. Priorizamos um governo com duas balanças, uma para o lado político, afinal sou uma figura política, e uma balança para o lado técnico, que exige conhecimento para fazer o melhor pela administração. É por essa razão que estamos conseguindo governar sem nenhuma deficiência com apenas sete secretárias, sendo que o antigo governo tinha 12. Aqui é cada macaco no seu galho. Precisa de técnico? É técnico que ocupará o cargo. Amigos e políticos também ocupam cargos, mas não fizemos cabide de empregos.


O senhor ocupa o cargo máximo da política em Cachoeira. Ser chamado de GG lhe incomoda?
De forma alguma, gosto muito desse apelido. Na infância, eu não sabia escrever meu sobrenome e sempre esquecia do segundo g. Um dia minha professora, tentando me ensinar, disse: teu nome é gg. e os colegas transformaram a explicação dela em um apelido. Fico feliz de terem resgatado ele. Sabe que estranho muito quando me chamam de Sérgio, às vezes nem atendo achando que não é comigo. Acostumei a ser chamado de doutor Ghignatti, doutor, Ghignatti e agora prefeito ou GG.


O senhor já fez alguma coisa que se arrependeu depois?
Durante meu mandato ainda não. Fiz algumas coisas que não foram do agrado de todos e às vezes nem do meu como, por exemplo, o corte das tipuanas. Não foi do meu agrado cortar, mas tive que ter coragem para fazer isso antes que acontecesse uma tragédia. Em relação à vida, meu único arrependimento é não ter tido mais filhos. Os três que tive estão longe, mas gostaria que alguns filhos estivessem aqui ao meu lado.

 

 






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