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Entrevista EDIÇÃO 23 - MARÇO 2009

Ela chegou lá


Entre milhares de candidatos, ela se destacou provando que além de conhecimento, é preciso determinação, força de vontade e humildade para entender suas limitações e só assim alcançar seus objetivos. Aos 20 anos, Sofia Laura Rohde, filha de Washington, 50, e Janice, 51, tornou-se mais um dos orgulhos de Cachoeira ao desbancar cerca de seis mil candidatos para o vestibular de Medicina na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) conquistando uma vaga na posição número 18. Em conversa com LINDA a jovem conta sua trajetória de estudos, aprendizados e dificuldades nos últimos três anos e atribui sua vitória ao apoio incondicional da família.




 

Sofia: foco e apoio da família levaram a jovem a conquistar uma vaga em um dos vestibulares mais concorridos dos últimos tempos





Como e de onde surgiu esse desejo de  tornar-se médica?
Na verdade o desejo de fazer Medicina surgiu inconscientemente ainda na adolescência. Acredito que toda pessoa que quer fazer esse curso precisa saber desde cedo e traçar essa vontade como um objetivo, um alvo certo a ser atingido porque o caminho a ser percorrido é muito longo e propõe uma série de sacrifícios.


Durante três anos você dedicou-se exclusivamente aos estudos. Como foi lidar com a reprovação de três dos quatro vestibulares que prestou?
Se eu paro para pensar como aguentei firme durante esse tempo, realmente não sei como consegui. O que posso garantir é que sem o apoio da minha família eu não teria chegado a lugar algum. No ano passado, foi ainda mais difícil, pois estudei muito e cheguei a passar o ponto de corte do vestibular, então, saber que por muito pouco não passei, mexeu muito com minha cabeça. Foi aí que entrei o ano com tudo para estudar e com mais vontade ainda de conseguir essa vaga.


Nessas experiências de vestibular, o que mais te marcou?
O que mais marca com certeza é a grande concorrência. É quase desumano. São dias de provas, de estresse, de noites mal dormidas onde você convive com situações desesperadoras. Gente passando mal, pessoas sendo eliminadas por estarem um minuto atrasadas, choros, gritos, provas inacabadas por falta de tempo. São ônibus e mais ônibus vindo de todo o país, com candidatos que prestam o vestibular há mais de cinco anos. É realmente assustador passar por essa situação e nessas horas o equilíbrio é tudo.


Teve de abdicar de muitas coisas, como família, amigos, festas?
Com certeza. Quando se escolhe um curso concorrido, você já precisa estar preparado para uma mudança radical de hábitos. Criar horários, regras e abdicar de manias e caprichos são essenciais para um bom desempenho, como tudo na vida. No meu caso, eu fazia cursinho pré-vestibular o dia inteiro, durante o ano todo. Minha única atividade extra era a academia, que também tive que deixar de lado para poder me dedicar integralmente aos estudos. Também abri mão das festas, que é uma coisa que eu adoro, mas fazer o que né? (risos)


Qual a sensação de finalmente ver seu nome na lista dos aprovados?
A emoção maior foi quando vi meu desempenho na prova final, comecei a gritar. É um sentimento que não tem explicação. É ver que tudo que você fez está sendo recompensado. O resultado oficial foi minha mãe que anunciou. Ela escutou pelo rádio, eu nem estava em casa no momento exato e quando cheguei foi aquela festa.


Olhando para trás, o que você considera que tenha sido fundamental nesse processo de estudo?
Concentração, disciplina, persistência, minha família e meu namorado sempre ao meu lado, me passando tranquilidade foram excepcionais para meu sucesso. Às vezes, não é somente o conhecimento que te faz alcançar o vestibular, mas uma série de fatores como a tranquilidade, o apoio da família, sorte, o dia certo, a hora certa. Todo mundo tem a sua e agradeço muito que a minha hora tenha chegado, pois se de repente tivesse acontecido antes, eu não daria o devido valor a essa nova fase da minha vida.


Hoje, depois de ter sido aprovada, o que espera dos próximos anos como acadêmica de Medicina, já que a responsabilidade e os desafios são ainda maiores?
Devido à educação que recebi, eu sempre soube que o que vem após o vestibular é certamente pior e mais difícil ainda. Meu pai sempre me alertou sobre a responsabilidade de se tornar médica, afinal estarei cuidando de vidas. São mais seis anos pela frente que tenho certeza que minha dedicação terá de ser redobrada, até porque apesar do meu esforço, tenho dificuldade para aprender. Será uma longa jornada, mas são escolhas que precisamos fazer na vida.


Existem milhares de pessoas que tem o mesmo sonho que o seu. Qual sua receita de sucesso?
Não desistir nunca, porque existe uma série de fatores e pessoas que todos os dias tentam te colocar para baixo. Não ter desviado o foco e ter sido perseverante esse tempo todo me impulsionou para uma fase ainda mais difícil. Imagina se eu tivesse desistido antes? Seria a prova do meu fracasso antes mesmo de ter tido a chance de provar que sou capaz. O esforço e o tamanho do seu sonho dependem exclusivamente de você. Poder provar a si mesmo que você conseguiu, é imensurável.



 


"Às vezes, não é somente o conhecimento que te faz alcançar o vestibular, mas uma série de fatores. Todo mundo tem a sua hora certa
e dou mais valor a minha conquista hoje do que repente há alguns anos."








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