Em plena forma aos 95 anos
Completar quase um século de vida cheia de saúde, alto-astral, com a memória de um jovem e ainda por cima acompanhando as transformações culturais do mundo não é para qualquer um. Aos 95 anos, a cozinheira aposentada Francilicia Melo Nunes se encaixa nesses itens e ainda é exemplo de disposição e vitalidade, mesmo tendo as pernas amputadas devido a problemas circulatórios. Viúva há 40 anos, ela é mãe de 10 filhos (três já faleceram), tem 20 netos e 18 bisnetos. Natural de Santana da Boa Vista, hoje ela é moradora do Bairro Noêmia e candidata a em breve entrar para a lista dos cachoeirenses mais idosos. Francilicia conversou com LINDA a respeito das suas histórias de vida, segredos de longevidade e como vê a revolução tecnológica que aconteceu durante sua vida.
Francilicia: estar de bem com a vida é o grande segredo da longevidade
Qual o segredo da longevidade?
Sempre ter fé e mesmo nas dificuldades manter a coragem e acreditar que a vida é maravilhosa. É preciso manter a cabeça ocupada. Eu faço crochê e leio todos os dias. Não dá para parar, senão as doenças e o desânimo tomam conta. Sempre fui muito otimista e alto-astral e procuro passar isso adiante. Nem mesmo depois de ter que amputar minhas pernas, a última há dois anos, desanimei. Temos que ver o lado bom das coisas. Por exemplo, não me revolto de não ter mais as minhas pernas, pelo contrário, agradeço por Deus ter me tirado elas agora e não quando eu tinha meus filhos e netos que dependiam de mim para crescerem bem.
E a vaidade, como fica aos 95 anos?
Sempre fui e ainda sou uma mulher muito vaidosa. Meu segredo para que a pele pareça jovem é passar óleo de amêndoas todos os dias, inclusive no rosto. Ele ajuda a evitar o ressecamento e o aparecimento das rugas. Sempre dizem que não parece que já tenho 95 anos. Além disso, gosto de estar bem arrumada, com brincos, anéis e colares. Esses cuidados ajudam, mas o fundamental mesmo para estar com a aparência mais jovem que a idade do calendário é estar sempre de bem com a vida.
Como é sua rotina?
Acordo cedo, por volta das 5h30min, gosto de assistir a missas pela televisão para cuidar do lado espiritual e nutrir minha fé. Moro com minha filha mais nova, a Maria Helena, de 52 anos, mas como ela trabalha o dia todo, tenho uma menina que me acompanha, já que tenho minhas limitações por não ter as pernas. Tudo o que posso fazer sozinha, eu faço. Me locomovo pela casa e me alimento sem precisar de ajuda. Procuro ser o mais independente possível. Como disse, faço meu crochê, não para vender, mas para presentear familiares e amigos, assisto TV, leio muito e como tenho muitos amigos, sempre tem alguém por perto para conversar.
Como a senhora vê a revolução tecnológica que aconteceu principalmente nos últimos anos?
Vivi parte da minha vida sem nem saber que um dia conheceria a energia elétrica. Acompanhei o surgimento de todas as tecnologias e sempre me surpreendo com o que está aparecendo de novo. Não tenho palavras para descrever a transformação que a tecnologia trouxe. Tudo isso só veio para melhorar a vida. Apesar de não saber manusear o computador, por exemplo, sei que ele é fantástico.
De todas as invenções, qual a senhora acredita ter sido a mais revolucionária?
O telefone, com certeza. Foi através dele que conseguimos facilitar mais a vida. Antigamente notícias demoravam dias para chegar ao destinatário, hoje tudo é rápido e fácil. Ele encurtou distâncias. Eu uso sempre para falar com filhos que não moram em Cachoeira. Ele ajuda a matar as saudades até mesmo de um neto que está morando em Portugal.
E a revolução cultural, como avalia?
O comportamento hoje, principalmente dos jovens, com certeza é muito diferente do que acontecia na minha época, mas consigo assimilar bem as diferenças. Convivo com muitos jovens e sei que tudo é diferente, claro que não sou liberal a tudo, mas não recrimino o comportamento da juventude.
"Não tenho palavras para descrever a transformação que a tecnologia trouxe. Tudo isso só veio para melhorar a vida."
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