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Entrevista Edição 01 - MAIO/2007

Helena Vieira da Cunha fala sobre sua carreira de colunista social


Há quase 30 anos, Helena Vieira da Cunha empresta seu nome à coluna diária que possui no Jornal do Povo. Ela já gravou seu nome no colunismo social de Cachoeira do Sul. O reconhecimento da comunidade é a prova disso. Helena já foi agraciada durante sete anos consecutivos com o troféu de colunista social mais lembrada pelos cachoeirenses através da pesquisa Top of Mind, feita pela Ulbra.

Como você começou a fazer a coluna social?
Eu dava aulas e diariamente vinha ao jornal para visitar o meu pai (diretor do Jornal do Povo de 1952 a 1996, Paulo Salzano Vieira da Cunha). Um dia a titular da coluna não estava conseguindo fechar a página e meu pai pediu para eu dar uma ajuda. Então eu comecei passando algumas dicas e fotos. Pouco tempo depois ela avisou que não queria mais fazer a coluna. No início entrei só para quebrar um galho, já que não tínhamos quem substituí-la. Nem mesmo assinava a coluna. Depois de seis meses, como ninguém ainda havia sido contratada, percebi que meu pai havia me conduzido ao trabalho e assumi definitivamente.

O que é preciso para ser uma colunista social respeitada?
Credibilidade em primeiro lugar. Para mim, esta conquista de confiança com meus leitores é muito importante. São eles que me estimulam diariamente com seus e-mails e seu carinho a seguir meu trabalho. Muitas vezes eles me levam a sério mais do que eu mesma. Além disso, me orgulho em dizer que tenho informações privilegiadas. E é isso que transforma a coluna em assunto.

"Não faço uma coluna que não vai acrescentar nada a ninguém"
Helena Vieira da Cunha
colunista social do Jornal do Povo

Por que a sua coluna desperta tanto interesse nos leitores a ponto de ser freqüentemente a página mais acessada no site do Jornal do Povo?
Acredito que os leitores ficam cansados de ver apenas violência. Eles têm uma ânsia para saber as coisas boas que estão acontecendo. Muita gente que já foi embora segue acessando a coluna pelo site para relembrar dos antigos amigos e colegas que seguem morando na cidade. Fico satisfeita em saber que os leitores se interessam pela coluna. Isso indica que estou no caminho certo e me motiva a cada vez mais me dedicar a esse trabalho.

O que as pessoas são capazes de fazer para aparecer na sua coluna social?
Muita gente quer pagar para que a sua foto saia na coluna. É incrível que até hoje muitas pessoas vêm e me perguntam: "Mas quanto vai custar ter a minha foto publicada?". Sempre brinco com a situação. Afinal, se as pessoas tivessem que pagar para sair na coluna eu passaria as minhas férias nas praias do Nordeste e não sempre no litoral gaúcho.

"Nada me constrange mais do que falar de mim mesma"
Helena Vieira da Cunha

Você mesmo é quem escolhe quem sairá na coluna? Qual o critério de escolha?
Os leitores querem ver gente nova, pessoas fashions, diferentes. Ninguém sai na coluna só por sair. Ou a pessoa é bonita, ou por ser inteligente, ou realizou algo importante, ou por ser uma voluntária. Sempre escolho alguém que tem um algo a mais, como gente de sucesso, que está feliz ou comemorando alguma conquista ou data especial. Muita gente chega para mim e diz: "Por que eu nunca saí na tua coluna?". Mas estas são pessoas que vivem somente dentro de casa, não saem e não participam da vida em sociedade.

Qual postura uma colunista social deve adotar para que sua coluna não seja somente uma reunião de fofocas, socialites e coisas fúteis?
Sempre procuro estar bem informada através da leitura de jornais, revistas e reportagens sobre todos os assuntos. Gosto de passar aos leitores dicas de comportamento, moda e também sobre a agenda de eventos que está programada para acontecer na cidade. Além disso, sempre coloco alguma citação para motivar quem está lendo a seguir suas lutas diárias. Não faço uma coluna que não vai acrescentar nada a ninguém.

Quando iniciou seu trabalho, o jornal circulava três vezes durante a semana, e as fotos precisavam ser reveladas para poderem ser utilizadas. Hoje, muita coisa mudou. O jornal passou a ser diário e as fotos tiradas por câmeras digitais  já podem ser usadas na hora.

Como você vê essa evolução no jornalismo ao longo da sua profissão?
Hoje em dia as coisas são bem mais fáceis. Antes as fotos eram escassas, não havia muitas opções. A melhor coisa era ter mais tempo para preparar a coluna. No dia que me avisaram que o JP passaria a ser diário e a coluna também entrei em pânico. Fiquei com medo de não ter assunto para tanto espaço. Mas, logo vi que isso não seria problema. O bom de ter bastante coisa para falar é que posso filtrar e só informar o mais importante.

"Muita gente chega para mim e diz: Por que eu nunca saí na tua coluna?"

O que você vê de melhor e pior na parte social em Cachoeira do Sul?
O melhor é poder compartilhar do sucesso e da alegria, dos bons momentos, das vitórias e conquistas da nossa gente. É conhecer pessoas e vivenciar novas situações e ambientes. E, pessoalmente, saber da gratidão e do reconhecimento dos leitores. Isto é uma adrenalina diária. O pior é a falta de educação, o não saber conviver em sociedade.

Como assim?
Acho horrível que algumas pessoas às vezes passam uma festa inteira de olho no que os outros estão fazendo ao invés de se divertirem. Os cachoeirenses, principalmente os mais velhos, custam a aceitar as novidades, não gostam de mudanças e de coisas diferentes. Aí as festas acabam sempre iguais, com pouquíssimas novidades. Mas acredito que essa é a minha missão, informar e ajudar através de dicas de comportamento para as pessoas verem o que é certo e o que é errado. Outra coisa é o apego às tradições.





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