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Entrevista EDIÇÃO 08 - DEZEMBRO 2007

A princesinha da cidade virou mãe


Desde o início da adolescência, Évelin Janner se tornou conhecida em Cachoeira do Sul por ser aposta certa em todos os concursos de beleza que participava. Seu rosto de boneca, sua meiguice e simplicidade conquistou não só os jurados, como conquista até hoje todos que convivem com ela. Filha de Regina Cristiane e Romeu Janner, ela coleciona títulos, mas também experiências de vida, entre elas a maternidade aos 16 anos e a luta contra o lúpus, doença com que convive desde os sete. Hoje, aos 18 anos e mãe da pequena Maria Luiza, de um ano e dois meses, ela ainda não perdeu o jeito de menina.



Évelin: papo aberto sobre a doença que carrega há 11 anos

 

Muitos comentam mas poucos sabem a verdade sobre você ter um grave problema de saúde. Afinal, que doença é essa?
Tenho um tipo raro de lúpus, uma doença incurável que afeta todo o organismo. Segundo os médicos responsáveis pelo meu tratamento, trata-se de uma espécie de alergia às minhas próprias defesas. Nem eu que convivo há 11 anos com ela sei definir bem de tão complexa que é. Freqüentemente tenho crises mais fortes. A última aconteceu em outubro, quando a doença atacou um dos meus rins. Tive que me internar às pressas para operá-lo ou em poucos dias entraria em coma.



 

De que forma o lúpus afeta sua vida?
Sempre fui alertada que se não me cuidasse teria poucos meses de vida, então sei dos riscos e também o que devo fazer para evitar crises. Procuro não pensar muito nela, parece que não é verdade, acho que a ficha só cai quando estou internada. Sempre aceitei e procurei me adaptar a ela, tanto que nunca me lamentei ou fiquei me perguntando por que aconteceu comigo. Tomo medicação diariamente e também preciso tomar muito cuidado com o sol e a radiação.



Como foi descobrir que estava grávida aos 16 anos?
Foi um susto. Eu não tinha planos de engravidar. Só descobri a gestação aos quatro meses. Não imaginava, porque quem tem lupus dificilmente engravida sem passar por algum tratamento. Meus médicos avisaram que eu poderia tirar o bebê pois as chances de má-formação eram muito grandes e eu e o bebê poderíamos não resistir ao parto. Mesmo sabendo disso e que teria que me cuidar muito por ser uma gravidez de alto risco decidi levar adiante, não tinha o direito de não dar ao menos uma chance da minha filha viver. Maria Luiza nasceu aos seis meses de gestação. Tudo deu certo, ela é perfeita.



Maternidade: Évelin com a filha Maria Luiza

E como está sendo a experiência da maternidade?
É ótima. Sempre digo que minha filha é um milagre, uma bênção para mim. E tanto é um milagre que virou tema de estudos na Universidade Federal de Santa Maria para saber como ela se desenvolveu tão bem mesmo eu tendo lúpus.



Como é a Évelin hoje comparando à menina que era a aposta da cidade em todos os concursos de beleza que participava?
Olhando para trás, quando eu tinha 15 anos, me vejo completamente diferente. Sou outra pessoa e amadureci bastante. Tenho outra visão em relação à vida, mas se pudesse voltar no tempo faria tudo novamente. Essa maturidade também tem um pouco a ver com a experiência de ter morado durante dois anos com o pai da Maria Luiza. Hoje, não estamos mais juntos.



Durante mais de um ano você esteve bem acima do peso. Como conseguiu voltar à antiga forma física?
É verdade, eu engordei muito com a gravidez, cheguei a pesar 85 quilos. E para quem tem 1,69 metro, isso é muito. Hoje, estou com meu peso normal, cerca de 56 quilos. Ouço muitos comentários do tipo tu fez lipoaspiração ou plástica, mas nada disso é verdade. Emagreci graças a uma alimentação mais equilibrada.



Desde o final da gravidez e até há pouco tempo você esteve sumida. Você pretende voltar a freqüentar a sociedade como fazia antes da gestação?
Comecei a freqüentar alguns eventos novamente, mas não tenho saído muito. Depois que me tornei mãe isso deixou de ser importante. Em primeiro lugar penso na minha filha. Tenho passado a maior parte do tempo no interior da cidade morando com o meu pai porque a Maria Luiza gosta muito de lá. Também passo alguns dias com a minha mãe e com meu irmão que moram na cidade. Além disso, venho todas as quintas-feiras, pois estou fazendo aulas para concluir o ensino médio, já que por causa da gravidez parei de estudar no segundo ano.



Sua festa de 15 anos até hoje é comentada pela grandiosidade e glamour. O que ela significou para você?
Realmente foi a realização de um sonho. Não imaginava que seria uma festa tão grande. Só escolhi a cor da decoração e o resto foi obra dos meus pais. Foi tudo maravilhoso.



Dizem que essa festa foi o pivô da separação dos seus pais. Isso é verdade?
A separação dos meus pais nada teve a ver com a minha festa de aniversário. Para mim foi um choque a notícia, não esperava, mas respeitei a decisão deles. Depois disso, cada um seguiu seu caminho e eu sempre estou próxima dos dois, porque independente de estarem juntos ou não eles sempre serão meu pai e minha mãe.



Você pensa em voltar a participar de concursos de beleza?
Participei de vários e acho que cheguei ao meu limite. Todos os títulos de certa forma foram importantes para o meu amadurecimento, em especial o Broto Cachoeira, que me ensinou que é preciso ser solidário com quem tem menos que nós. Outras faixas que me marcaram foram a de Embaixatriz do Turismo do Brasil, vice Miss Brasil e depois Miss Brasil Simpatia. Hoje meus sonhos são ver a minha filha crescer feliz, viver bem ao lado da minha família e também fazer uma faculdade para me dedicar a alguma profissão, provavelmente Odontologia.






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