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Entrevista EDIÇÃO 07 - NOVEMBRO 2007

Luta por igualdade


Como muitos brasileiros, o funcionário público Luciano Ramos, 34, faz parte do grupo que luta por igualdade e melhores condições para a raça negra. Há cerca de 20 anos ele é um ativista da causa contra o preconceito racial e desde julho é vice-presidente da Associação Cachoeirense da Cultura Afro-brasileira (Acca). Segundo Luciano, entre os objetivos da entidade está chamar a atenção da comunidade para a importância do Dia da Consciência Negra, principal data da negritude no Brasil comemorado em 20 de novembro. “Esse é o dia que temos as forças renovadas para seguir lutando pelo fim do preconceito. É a oportunidade de mostrar um pouco da cultura e dos valores do nosso povo”, observa.

 

 













Luciano: vice-presidente da Acca acredita que a luta contra o racismo não terá fim



Como você vê a batalha do negro para garantir seu espaço e igualdade perante a sociedade?
A luta do negro para garantir seu espaço na sociedade se arrasta há séculos, antes como escravo e depois como homens livres das correntes mas presos ao preconceito, pois foi jogado à miséria e pobreza sem qualquer tipo de beneficio. Hoje tentamos resgatar nosso passado para que possamos nos livrar destes preconceitos e nos tornarmos cidadãos dignos. Nossos filhos precisam crescer livres e poder contar outras histórias para nossos netos e não lembrar do negro somente como escravo.

 

Qual o papel da Acca e a importância da sua revitalização?
A Acca tem papel fundamental na preservação e cultivo de nossas raízes. Ela precisa estar sempre ativa, pois sua missão é dar suporte ao seu povo e levar a eles o conhecimento de seus direitos e deveres diante da sociedade.

 

Qual o maior conflito que os negros têm vivido?
Um dos maiores conflitos ainda é o preconceito. Somos a maioria no país, mas também somos a raça que concentra o maior número de pobres. Por esse motivo sofremos tanta discriminação. Na minha opinião, mais do que o preconceito racial, a discriminação social é um grande obstáculo para a sociedade vencer.


A raça negra não tem sido mais valorizada no Brasil nos últimos anos?
A sociedade tem uma grande dívida histórica com o povo negro. Agora estamos começando a ser mais valorizados, apesar do nível social contar muito ainda. A política de cotas é uma ação muito justa, pois dá condições a quem não tem recursos financeiros a também ter acesso ao ensino superior. Combater o racismo não é uma luta recente e também não tem previsão de quando irá acabar.

 

Muitos negros têm a cabeça feita pelo racismo e fogem da identificação com a raça para não serem vistos  com preconceito. Como você vê isso?
Independente de ser negro ou branco todos devem em primeiro lugar gostar de si mesmo e se assumir em qualquer situação. Todas as raças possuem suas origens, culturas e religiões e não existe fórmula para mudar isso. É preciso ter orgulho do que se é. Eu amo minha raça e estou passando a importância desse amor e orgulho aos meus filhos.

 


"Eu amo minha raça e estou passando a importância desse amor e orgulho
aos meus filhos."






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