Cinco leitores relatam como o sentimento marcou suas vidas
Dificilmente alguém passa pela vida sem ter vivido pelo menos uma história de amor. Em homenagem ao Dia dos Namorados, LINDA convidou os leitores a compartilharem seus momentos emocionantes que envolveram esse sentimento. Foram recebidos 45 e-mails que contavam histórias reais de amor. Cada um deles trazia uma emoção diferente. O mais curioso é que a maioria foram enviados por homens, tanto que das cinco selecionadas, três são assinadas por eles. Todos os relatos foram lidos e relidos pela equipe da revista. A redação buscou as histórias que pudessem trazer alguma mensagem aos leitores como a da Elisangela e Mildo Fenner, eleita a mais emocionante e que ilustra a capa dessa edição especial de Dia dos Namorados.
Quatro casamentos e um sim para o amor
‘‘Geralmente um casamento marca as histórias de amor, no nosso caso, em que quase tudo aconteceu de maneira diferente, foram quatro casamentos que ajudaram a escrever nossa vivência amorosa. O primeiro foi o casamento de um amigo em comum, onde nos conhecemos há mais de 20 anos. Iniciamos um relacionamento que foi muito especial, porém como na vida tudo tem seu tempo certo para acontecer, o destino nos levou para caminhos diferentes.
Mais tarde, sem ter notícias um do outro, acabamos pondo fim aos nossos relacionamentos. Já separados, o recomeço, há quase três anos, aconteceu de maneira natural e não poderia ter sido melhor. Se antes o amor bateu à porta, desta vez chegou para ficar.
Depois de um tempo juntos, em uma viagem de fim de ano para a serra gaúcha, vivemos o segundo casamento da nossa história de amor. Em meio aquelas belas paisagens, veio o pedido e o casamento, que aconteceu secretamente em uma pousada, com direito a rosas vermelhas, espumante e alianças. Aliança que carrega a data deste dia tão especial: 1 de janeiro de 2010. Neste dia, meu amado prometeu que rosas vermelhas fariam sempre parte da minha vida. Desde então, em nossa casa sempre temos essas flores como parte da decoração.
Passamos a morar juntos, desenvolvemos uma parceria profissional e, finalmente, este ano, resolvemos oficializar nossa união. O terceiro casamento foi a celebração religiosa, momento especial dividido com os amigos e familiares. Finalmente, algumas semanas depois, o quarto casamento, agora o civil, quando terminamos de consagrar a promessa de compartilharmos uma vida.
Esta é nossa história de amor, vivida e compartilhada diariamente, com muita paz, amor e cumplicidade. Hoje, mesmo parecendo chavão de quem ama, não imagino a minha vida sem ele.’’
Elisangela Stahl Fenner, 38, acadêmica de Direito, casada com Mildo Leo Zuge Fenner, 52 anos, advogado
Minha eterna namorada
‘‘Era 1968, o mundo sofria muitas transformações, os movimentos eclodiam por toda a parte. Também para mim, as coisas começariam a mudar. Uma bela tarde de domingo no Grêmio Náutico Tamandaré fez com que eu conhecesse minha eterna e inesquecível namorada, Salete.
A partir daí o amor brotou, em cinco anos namoramos, noivamos e casamos. Vieram os filhos e a luta diária para darmos um lar digno a nós e a eles.
Conquistamos vitórias, sofremos derrotas, mas o nosso amor superou tudo, até conseguirmos alcançar nossos objetivos. Sempre resolvemos nossos problemas com diálogo franco e aberto e mantemos durante os quase 40 anos de casamento a promessa de sermos eternos namorados.
Infelizmente, no último Dia Internacional da Mulher, uma data tão significativa, ela partiu para um plano superior junto a Deus. Depois de anos de luta contra um câncer, de tantas batalhas pela vida, ela precisou seguir outra jornada. Nesse momento, fiquei sem minha garota, sem meu chão.
Para minha surpresa, depois de sua partida, encontrei em seus pertences, bilhetes que falavam do seu amor, onde ela dizia que eu era o seu anjo protetor, pois sempre estive ao seu lado, ajudando, apoiando e dando todo o carinho que ela sempre mereceu.
Quando vi a oportunidade de falar um pouco sobre esse grande amor, pensei: escrevo ou não nossa história? E meu coração respondeu: cara, essa é talvez a última oportunidade de homenagear tua eterna namorada.
Hoje minha luta é seguir sem minha companheira, reorganizando minha vida para aprender a viver sozinho. Conto com o apoio de toda a família, e sigo com o consolo de que ela não se despediu, apenas disse-me um até breve’’.
Ilton Abrahão Esber, 66, funcionário público aposentado, casado com Salete Martins Esber (in memorian)
Unidos pela fé
‘‘Era 2009 e o final do ano estava se aproximando, não queria passar mais uma comemoração de Natal sozinha. Na época era aluna do curso de Técnico em Enfermagem e estagiava no Asilo Nossa Senhora Medianeira. Aproveitando uma capela que existe no local, comecei a fazer orações, pedindo para encontrar alguém especial. Um dia orei pedindo um amor e quando acabei voltei a trabalhar ajudando um dos pacientes a tomar café da manhã. Enquanto conversava com ele e com uma colega, disse que queria muito ter um namorado. Nesse momento um rapaz se aproximou e disse que como uma moça tão bonita ainda não tinha ninguém.
Não dei conversa e segui meu trabalho. Mais tarde essa menina que acompanhou a conversa veio e me disse que ele queria marcar um encontro para me conhecer melhor. Como não tinha nada a perder aceitei. Fui até o lugar combinado e ficamos pela primeira vez. Começamos a conversar e descobri que ele nunca tinha marcado nenhum encontro. Na verdade, a minha colega disse para mim que ele queria me conhecer e para ele disse que era eu quem queria marcar o encontro. Ela serviu como cupido, ou melhor, como um anjo que teve a brilhante ideia de nos unir.
Apesar de nunca o ter encontrado antes no Asilo, o Guilherme estava fazendo um trabalho voluntário lá há mais de uma semana. E por incrível que pareça, como na casa geriátrica há duas capelas, ele usava a do primeiro andar para fazer suas orações pedindo a Deus um amor. Tenho certeza que foi Deus que nos uniu atendendo a um pedido que nós dois fazíamos em orações. Já estamos há dois anos e meio juntos e com muitos planos para o futuro. Além do inusitado de Deus nos mandar um cupido para nos unir, até hoje é engraçado quando alguém pergunta sobre nossa história. Quando digo que conheci meu amor em um asilo, sempre imaginam que namoro alguém idoso. Não podia ter sido mais inexplicável nosso encontro’’.
Cristiane Noronha, 23, técnica em Enfermagem, namorada do Guilherme Silva Fernandes, 28, estudante do curso de técnico em Enfermagem
O amor que surgiu em um clic
‘‘Quando pensava que nada de bom poderia acontecer, encontrei a Lisiane em uma sala de bate-papo. Era uma tarde de sábado, sem conhecer ninguém cliquei sobre no nickname Lise e começamos a conversar. Conversamos durante 2 horas e 30 minutos e como tínhamos muita coisa em comum, iniciamos uma nova amizade. Como ela não tinha como entrar sempre na sala de bate-papo trocamos os números de telefone e depois de alguns dias nos conhecemos.
Na mesma hora vi que poderíamos ter uma história de amor, entretanto, não poderíamos assumir um relacionamento, pois a mãe dela estava com problema muito grave de saúde e exigia atenção integral da Lisiane. Conversamos muito nos dias que se seguiram e chegamos a um acordo: eu esperaria o tempo necessário para podermos ficar juntos. Algo me dizia que poderíamos ser muito felizes ainda.
Infelizmente meses depois a mãe dela veio a falecer. Eu estive ao lado dela no momento em que ela mais estava precisando, não como um namorado, mas sim como um amigo. Passaram-se cinco meses, ficamos noivos e três meses depois acabamos indo morar junto, digo que somos casados, mas ainda temos planos de oficializar a união.
Tenho uma enteada com o nome de Mariana que já quando me conheceu perguntou se poderia me chamar de pai, como eu já gostava de estar com elas disse que poderia ser o pai dela. Já estamos juntos há três anos e hoje tenho uma filha linda de seis anos e ao meu lado a mulher que amo. Às vezes fico pensando: quem diria que numa tarde despretensiosa, ao entrar numa sala de bate-papo, encontraria minha futura esposa. Hoje percebo que histórias de amor são mesmo inexplicáveis’’.
Rafael Fritz, 28, empresário, com sua enteada Mariana Bernardes, 6, e sua amada Lisiane Vargas, 31, microempresária
Cinco décadas de amor
‘‘Os tempos eram outros, ficávamos apenas nos olhando, flertando de longe. Até que um dia, marcamos o tão esperado primeiro encontro, que aconteceu em 1º de junho de 1961. Foi numa bela tarde de quinta-feira, em um dos bancos da Praça José Bonifácio. Neste dia teve início nossa história. Começamos a namorar, noivamos no Natal do ano seguinte, e nosso casamento foi em janeiro de 1964. Formamos uma bela família, com três filhos, e duas netas.
Hoje, depois de cinco décadas de convivência, continuamos nos amando, não conseguimos viver afastados um do outro nem por um dia. Valorizamos cada momento juntos, seja nossos almoços e jantares regados sempre com um bom vinho, ou a nossa hora do chimarrão. Viajamos todos os anos pelo Brasil e pelo mundo. Estamos sempre planejando novas viagens juntos e sempre trazemos belas histórias de cada uma delas. Todas são especiais e nos deixam ótimas recordações de momentos felizes.
Como o Réveillon do ano 2000, que passamos em Porto Seguro, uma viagem que não foi planejada, mas que foi bem marcante. Estávamos no hotel, comemorando a chegada do novo milênio, e depois de dançar e brindar o novo ano que se aproximava, fomos escolhidos os maiores foliões da noite. Este é um dos dias inesquecíveis que passamos juntos. Gostamos de estar em nossa casa, ou na nossa fazenda, onde vamos passear sempre que possível. Compartilhamos nossos desejos e nossas realizações. Depois de quase 50 anos juntos, posso dizer que somos companheiros para tudo e que somos muito felizes’’.
João Augusto da Costa Silva, 72, advogado, e Helenita Stefani Silva, 66, pedagoga