Bicho é bicho
Tratar seu cão ou gato como gente pode fazer mal – a ele
Ter nome e apelido e ainda assim ser chamada de “nenê” não é o único sinal de que a poodle micro toy Maria Joaquina – ou Nina para os mais chegados – é tratada como uma criança pela professora Maria Antonia Alves Ritter. Há um ano com o casal, que não tem filhos, o animalzinho tem liberdade total dentro de casa, passeia de carro e tem direito até a cuidador quando seus donos saem para jantar, por exemplo. “É o bebê da casa”, resume Maria Antonia.
Meses antes de ganhar Nina do marido ela havia perdido seu outro animal de estimação e prometido não se apegar tanto a um bicho. Mas não deu certo e os dois se apaixonaram pela poodle, que pesava 500 gramas. “Sentimos falta desse movimento na casa, nos faz bem”, diz a professora, admitindo que a “humanização” deu à poodle uma sensação de domínio. “Ela é ciumenta, tem que ser sempre o centro das atenções. Quando eu e meu marido nos abraçamos ela vem para o meio, quer carinho também. E isso não é bom”, admite, salientando que mesmo assim considera Nina “muito obediente”.
Segundo o médico veterinário Edson Salomão, que acompanha Nina, bicho deve ser tratado como bicho. Ele diz que é normal os donos exagerarem nos cuidados, mas adverte que é preciso respeitar os limites dos animais. “Uma coisa é cuidar bem, manter o animal sempre limpo, com as vacinas em dia e alimentado corretamente. É o certo. Outra é colocar o cão ou gato para dormir na mesma cama do dono. Não faz bem principalmente para o animal, ele gosta e precisa de uma certa liberdade”, compara.
Afora os problemas de saúde que uma relação tão próxima pode causar para os dois lados, Salomão alerta que o bicho tem mais chances de estar sempre estressado. “O animal se torna ainda mais dependente do dono e isso não é bom pra ele. Basta ser deixado sozinho em casa para ficar estressado”, garante. Segundo o veterinário, a saída é procurar sempre impor limites e dar ao bicho uma certa liberdade, mesmo que ele tenha regalias. “Isso ajuda até mesmo no convívio diário”.
Maria Antonia: Nina é o bebê da casa
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