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Reportagens EDIÇÃO 28 - AGOSTO 2009

Cachoeira, terra de talentos


Tem sempre uma banda nova surgindo na cidade, são os conterrâneos mostrando o dom para a música

 

Quem canta os males espanta, já diz o ditado, entretanto é preciso talento para se destacar entre tantas bandas que surgem a cada ano. Cachoeira do Sul que o diga, basta uma festa para surgir um novo grupo musical. A Praça é Nossa, evento comunitário promovido mensalmente pelo Jornal do Povo na Praça José Bonifácio, é um dos grandes palcos para esses novos artistas. A cada edição, quem sonha em fazer fama com a música tem a oportunidade de mostrar seu dom. Na grande maioria são jovens que buscam o estrelato e uma profissão através dos sons. Prova que Cachoeira realmente é uma terra de talentos. LINDA selecionou algumas dessas inúmeras bandas e músicos que se destacam na cidade para representarem quem segue os passos dos famosos do mundo musical e mostrar seus projetos, saber de seus sonhos e as dificuldades que enfrentam.




Quarteto N’Shaid


Entre o sonho de fazer sucesso em nível nacional e o projeto de gravar suas próprias melodias, a banda N’Shaid já soma cinco anos de estrada. Formada por um quarteto de amigos, já galgou degraus que muitas outras não conseguiram desbravar, como gravar um DVD e ainda se apresentar no programa Radar da emissora TVE-RS. Com um repertório variado, a N’Shaid já conquistou seu espaço em Cachoeira do Sul tocando em bares e pubs.
Influenciada principalmente pela black music e o rock dos anos 80, a banda assumiu o desafio de tornar um sonho realidade, entretanto, sem abandonar outros projetos de vida, já que têm consciência de que essa não é uma missão fácil. Pelo contrário, quem sonha com a música sabe que a trajetória é cheia de obstáculos e que sem persistência é impossível chegar a algum lugar. “Por motivos de saúde já chegamos a dar um tempo nos ensaios e apresentações e desde o ano passado, quando retornamos aos palcos, não paramos mais”, observa o guitarrista Cassiano Melo.


N’ Shaid: João Henrique Nogueira, o John, 22 (vocalista), Gabriel Ribeiro, 24 (baixista), Cassiano de Melo, 22 (baterista), e Emerson Lucas, 22 (guitarra e violão)


 

 

Uma Kurtição só


Tudo começou em 2004 em jantares e aniversários de amigos, quando um som já ganhava ritmo e a festa regada a muita música começava. Entre uma melodia e outra, a ideia de reunir os colegas de faculdade em um grupo de pagode. O som foi ficando conhecido, a banda também e em pouco tempo surgiu a oportunidade de fazer o Expresso do Pagode, evento destinado a mostrar um pouco de talento no Expresso, lancheria localizada em frente ao campus da Ulbra/Cachoeira.
A fama se espalhou e os convites para mais apresentações apareceram. Um salto para tocarem nas casas noturnas de Cachoeira e também nas cidades vizinhas. O nome do grupo combina com o que eles desejam com a música: curtição. Destacando-se no ramo do pagode universitário, tiveram o privilégio de abrir alguns shows nacionais pela região, como: Rodriguinho (ex-vocalista da banda Travessos), Ultramen, Bonde do Forró e quatro da Festa Mais: Papas da Língua,  Chimarruts, Paulo Miklos e Claus e Vanessa.


Pagodeira: ritmo da Kurtição já embalou a abertura de shows nacionais



 

 

Blackout só no nome


Depois de passar por outras formações, a Blackout é uma das bandas com a trajetória mais longa da cidade, tendo mais de 10 anos de história na bagagem. Entre a passagem de diversos integrantes, hoje é formada por Marcos Mota (vocal), 32, Diego Simões (baixo), 30, e Orfileno Colbeich, 39 (bateria). A Blackout é um exemplo de que o sonho de fazer fama com a música não é duradouro para todos. Grande parte dos adolescentes que planejam um dia fazer sucesso acaba deixando os sons para trás quando se dá conta de que para chegar ao topo é preciso, além de sorte, muita dedicação e às vezes a abdicação de outros projetos de vida.
Hoje, os componentes atuais seguem suas profissões e dizem ter consciência das dificuldades desse mundo. “Estamos sempre buscando melhorar através dos ensaios e novas composições. Na lista de conquistas está ter dividido o palco com bandas consagradas como Ultramen e Cidadão Quem, onde encaramos públicos de mais de seis mil pessoas”, conta Diego. A qualidade do trabalho da banda pode ser conferida em seu CD, que inclusive já foi apresentado no programa Radar na TVE-RS.


Blackout: depois de várias composições, a banda agora é formada por Marcos Mota, Diego Simões e Orfileno Colbeich


 

 

Sem riscos


Do Bairro Cohab para o mundo, esse é o sonho dos cinco jovens que integram a banda Risco Geral. Com composições próprias e influenciados por Raimundos, NX Zero, Reação em Cadeia e Blink 182, a banda formada em 2006 começa a ganhar destaque no cenário da cidade. Entretanto, ainda sem patrocínio e fama precisam desembolsar o dinheiro necessário para cobrir as despesas com os shows. Divididos entre o sonho e a realidade, os cinco mantêm uma rotina de ensaios e o expediente de trabalho em suas profissões. Formada por Luciano Alves, 22 (vocal), Messias da Silva, 21 (guitarra solo), Leandro Moraes, 17 (baixo), Everson Oliveira, 29 (guitarra) e Leonardo Ilha, 23 (baterista), o projeto para esse ano é gravar o primeiro CD. “Queremos dar mais esse passo em direção a concretização do nosso sonho de fazer sucesso com a música. Sabemos que não é fácil, mas não vamos desistir”, observa o guitarrista.


Fama: jovens sonham com o sucesso, mas seguem paralelamente suas profissões


 

 

A Dama e os Vagabundos


Completando um ano de trajetória, A Dama e os Vagabundos faz uma alusão bem humorada à composição da banda, uma mulher: Gabriele Neuenfeldt, 23, (percursão) e três homens: Vinícius de Oliveira, 29 anos (guitarra), Patrese Sar-tório, 22 anos (baixista), e Diego Simões, 30 anos (violão e vocal). O repertório é composto de vários ritmos, como rock, reggae, pop, rock nacional, samba-rock e MPB. Na seleção musical, clássicos de Barão Vermelho, Tim Maia, TNT, Papas da Língua, Rita Lee e Jota Quest. “Com o tempo adaptamos o som da banda para algo mais intimista, um semi-acústico”, observa Gabriele.
Seus sucessos podem ser conferidos nos bares e pubs de Cachoeira, entretanto o desejo é alçar novos voos com shows em outras cidades do estado. Além disso, o próximo passo é gravar um DVD para comercializar em suas apresentações. Se querem viver da música? Eles dizem que como todos os outros integrantes de banda sonham com isso, mas que enquanto não acontece seguem com suas vidas e outras metas profissionais. “É um mundo abstrato, mas que nos encanta e estamos na luta para quem sabe sermos conhecidos e vivermos dessa paixão”, ressalta Diego.


A Dama e os Vagabundos: completando um ano de trajetória em agosto



 

 

Nem tudo são flores


Não é só do presente que vive a música em Cachoeira. No passado, muitos já fizeram sucesso e gravaram seu nome na história musical da cidade. Jonathan e Nando, uma das duplas sertanejas que muito encantou o público em eventos, casamentos e bares da cidade, hoje repensa seus projetos. Afinal, perceberam que no ramo da música nem tudo são flores, longe disso, as dificuldades são grandes. “Há muita concorrência e viver da música não dá. Só quem consegue fazer muito sucesso que pode se dedicar somente a essa profissão, os demais precisam trabalhar para garantir o sustento e conciliar tudo isso não é fácil. Por todos esses motivos, resolvemos dar um tempo na carreira artística para decidirmos o melhor a ser feito”, observa Jonathan. Agora é aguardar para ver se a banda retorna aos palcos ou se, como tantas outras, vai desistir da música.


Jonathan e Nando: dando um tempo na carreira musical







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