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Reportagens EDIÇÃO 27 - JULHO 2009

O ninho ficou vazio


É natural os filhos irem embora da casa dos pais, mas para quem fica nem sempre é fácil aceitar a despedida

 

A história se repete em todas as famílias. Os filhos crescem e em determinada idade deixam a casa dos pais para construir uma vida independente. Para os filhos, a promessa de um novo horizonte, novas oportunidades e novas vivências. Mas para os pais surgem diversas sensações e pensamentos que nem sempre são fáceis de lidar. No lado racional, a certeza de que o filho precisa aprender com a própria experiência de vida, enfrentar desafios e conquistar autonomia e independência. Já no lado emocional, muitas vezes vulnerável pela separação, vem a sensação de abandono, de dever cumprido, é a constatação de que os filhos cresceram e não dependem mais dos pais, que passaram ao comando de suas próprias vidas e a partir desse momento não estarão mais tão próximos de seus cuidados.
A ausência deles, seja por motivo de estudo, profissional ou casamento, deixam pais e mães muitas vezes em conflito de sentimentos: alegria, tristeza, apreensão e solidão. É a chamada síndrome do ninho vazio, estudada por muitos especialistas em comportamento, já que é uma fase natural a todas as famílias. Para o engenheiro agrônomo Gilson Dalla Nora e sua esposa Rosa, ambos de 57 anos, a separação dos filhos foi especialmente dolorosa. O primogênito Marcelo, 28, saiu da casa dos pais para trabalhar em 2005 tendo como destino a Austrália e desde então eles não se encontraram. Antes da partida de Marcelo, a filha caçula Gerusa, 27, já havia se mudado para Porto Alegre em 2001 com o objetivo de cursar Fisioterapia e segue morando na capital até hoje. A diferença é que pela distância, consegue visitar os pais praticamente todos os finais de semana.
Rosa reconhece que sofre mais que o marido e ainda tem dificuldades de superar a ausência. “Sei que não criamos os filhos para nós e sim para o mundo, mas isso é fácil na teoria, na prática, a história é outra”, conta. Já Gilson encara a partida dos filhos como uma missão cumprida. “Claro que bate a saudade, mas saber que eles estão bem e felizes me conforta”, ressalta. Para atenuar a falta que sentem das “crianças”, como se referem a Marcelo e Gerusa até hoje, eles venderam a casa em que moravam e compraram um apartamento no centro de Cachoeira do Sul. “Não precisávamos mais de tanto espaço, os quartos deles ainda decorados com suas coisas me faziam recordar a todo o momento, então optamos por nos mudarmos para um lugar menor”, conta Rosa, que quase entrou em depressão e hoje está na expectativa do reencontro de seu filho no próximo mês.






 

Gilson e Rosa


Prós:


proximidade com o companheiro (a), poder fazer coisas que antes não faziam, como viajar


Contras:


casa vazia, termina a circulação de jovens, comum enquanto os filhos estão morando com os pais







 


Nova vida ao casal


Um estudo recente da Universidade da Califórnia avaliou os níveis de satisfação com os casamentos de uma centena de casais aos 43 anos, quando a maioria ainda tinha crianças em casa; aos 52, quando os filhos estavam começando a ir embora; e aos 61, quando todos os filhos já tinham deixado o ninho. Com estes dados, os pesquisadores verificaram que a satisfação com os casamentos aumentava quando os filhos saíam de casa. Isto porque os casais passavam a ter mais tempo de qualidade para passar um com o outro. Foi o que aconteceu com o agente fiscal Dalnei Santiago, 56, e a corretora de seguros Rosane Santiago, 53. Desde que os filhos Daniel, 31, médico, e Eduardo, 28, formado em Ciências da Computação, saíram de casa há mais de 10 anos que o relacionamento ganhou novo fôlego, tendo mais investimento das duas partes.
“Antes éramos muito focados na vida dos filhos, eles eram nossa prioridade, só quando percebemos que eles estavam bem encaminhados e podiam andar com suas próprias pernas que podemos relaxar e passar a cuidar mais de nós mesmos”, conta. O casal decidiu investir nas viagens que tanto sonharam em fazer e por causa da dedicação aos filhos e também pelos gastos que envolviam sua criação tiveram que adiar. “Com certeza essa é a melhor fase da vida, a situação financeira torna-se mais confortável, podemos nos curtir mais e ainda estamos vendo nossos filhos prontos e realizados”, ressalta o casal. Para eles a separação foi um momento doloroso, mas rapidamente superado graças às atividades do dia-a-dia. “Durante a semana era uma correria que nem dava tempo para pensar muito na ausência deles, aos finais de semana sempre é mais difícil, mas procuramos nos envolver com amigos, passeios e viagens e também sempre visitamos eles, o Eduardo que mora em Porto Alegre e o Marcelo que reside em Lajeado”, conta Rosane.








 

Rosane e Dalnei


Prós:


poder dedicar-se mais a própria vida e ao companheiro (a)


Contras:


saudade dos filhos especialmente aos finais de semana












 

Tchau, filhinho


Sugestões para que a mudança de casa dos filhos não se transforme em uma tragédia doméstica


. Ver a saída como um sinal positivo, de independência e crescimento
. Não transformar a família em seu único projeto de realização
. Considerar essa fase como um período de libertação para retomar antigos projetos
. Imaginar que é uma oportunidade para reaquecer o relacionamento conjugal, viajar e se divertir
. Fazer novas amizades, arrumar um namorado, se estiver sozinha (o), aquecer a vida social
. Visitar a casa dos filhos, onde eles tentarão impressionar com os dotes culinários e a decoração
. Se mesmo assim a tristeza avançar, procurar a ajuda de um terapeuta







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