Morar junto faz bem?
Decisão de dividir o mesmo teto logo no início do namoro é cada vez mais comum
Quem já parou para pensar deve ter se dado conta como os relacionamentos amorosos mudaram nos últimos anos. Antes tudo acontecia com mais calma: primeiro a fase de descobertas, namoro sério, noivado e então o casamento para aí partirem para uma vida juntos na mesma casa. Hoje fica evidente a rapidez com que essas etapas são vividas, muitas vezes até atropeladas. A pressa para conquistarem independência e terem um espaço próprio faz com que muitos namoros recentes já passem logo para uma vida sob o mesmo teto, ou seja, um casamento sem oficialização, mas reconhecido pela lei como união estável. Entretanto, mesmo com tanta modernidade e sendo tão comum, a dúvida permanece: até onde essa afobação pode levar a um amor? Torna-o mais sólido ou pode sacrificá-lo de vez?
Para os empresários Fabiana Tischler, 28, e Carlos Artur de Oliveira, 29, o tempo de namoro não é o principal fator que deve ser levado em conta para um casal decidir por morar junto. Carlos já morava sozinho quando Fabiana foi, aos poucos, transferindo-se para o apartamento do namorado. A mudança definitiva aconteceu após três anos e hoje, passados quatro anos, eles garantem que a opção só fez bem para o relacionamento. “Já pensamos em casar, mas hoje abandonamos a ideia, por não ver mais motivo para uma oficialização. Estamos bem assim”, revelam. Ela que sempre cuidou da vida financeira, da casa e vida pessoal de Carlos, garante que uma das receitas do sucesso de um namoro sob o mesmo teto é saber dividir não só alegrias e tristezas, como também as tarefas.
Enquanto ele gosta de cozinhar, Fabiana lava a louça e organiza tudo. “Nunca nos arrependemos de optar por morar junto. É preciso ter cumplicidade de ambas as partes, respeitar os limites de cada um, saber ceder, interagir com a vida e os costumes um do outro. Vale a pena, afinal quando a gente gosta quer estar ao lado”, observa o casal. Eles moram em uma casa no Bairro Soares, junto aos bichinhos de estimação que consideram como filhos, uma gata e dois cachorros.
NOVA CHANCE - Enquanto Fabiana e Carlos atestam o sucesso de dividirem o mesmo teto há quatro anos, o casal Rosana Machado Souza, 25, e Juliano Fürstenau, 27, ambos comerciários, já viveu os dois lados da situação. Eles são exemplo de uma primeira tentativa frustrada e agora uma nova aposta na união sob o mesmo teto. “Já moramos juntos antes, mas quando aconteceu foi mais por impulso. Para dar certo tem que ser muito bem pensado, pois ingressamos em um novo mundo, passamos a morar com alguém que tem outros hábitos e costumes. Tem que ceder e aprender a lidar com as diferenças. Agora resolvemos tentar de novo por saber que é mais sério, mais pensado”, contam. Para eles, que vivem há 10 meses em um apartamento no Bairro Santo Antônio, a maturidade é fundamental para que a escolha valha à pena. “Somos muito felizes morando juntos, queríamos evoluir e virar gente grande, então fizemos essa opção”, brincam.
Lado bom
Fabiana: planejar futuro juntos, família, poder namorar e trocar ideias
Carlos: passamos a nos conhecer melhor e nos esforçamos para melhorar e agradar
Lado ruim
Fabiana: a bagunça que ele faz quando está em casa e também quando fica com os amigos jogando
Carlos: conhecer realmente os defeitos e as manias da outra pessoa
Lado bom
Rosana: ficar mais próximos
Juliano: ter nosso canto para ficar à vontade
Lado ruim
Rosana e Juliano: ter que entender o espaço um do outro, as despesas e a manias, como deixar a TV ligada para dormir (hábito dele)
Morar junto pode ser bom, mas tem consequências iguais a de um casamento de verdade, mesmo quando os "namoridos" não reconhecem que estejam casados. De acordo com o advogado Vagner Borba, 27 de idade e dois de profissão, algumas precauções devem ser tomadas na hora de realizar uniões sem a formalidade do casamento. “O ideal é fazer um contrato de união estável para normatizar os efeitos do relacionamento e determinar qual o regime de bens que irá vigorar na relação”, observa. Na ausência desse regramento, a união também pode ser reconhecida judicialmente, mas o regime sempre será o de comunhão parcial de bens, ou seja, tudo o que foi adquirido durante o relacionamento deverá ser dividido em partes iguais. “Além disso, em alguns casos, pode até incidir pagamento de pensão para um dos cônjuges, por isso é importante ficar atento às consequências que a decisão de morarem juntos pode ter”, ressalta.
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