O fisiculturismo é dela!
“É uma honra e um feito histórico ter sido a primeira mulher a representar Cachoeira do Sul em um campeonato de fisiculturismo. Tomara que isso incentive outras mulheres a participarem também”. Andréli Deicke.
Andréli Deicke coleciona títulos no esporte
O que motiva uma mudança radical na vida de alguém? A inconformidade, o desejo de viver algo novo, a ideia de se desafiar? Para Andréli Deicke, 40, foi tudo isso! A decisão que ela tomou há alguns anos exige muito comprometimento e disciplina, características que hoje são refletidas no seu estilo e propósito de vida.
Diferente do que muita gente deve imaginar, a cachoeirense que hoje é instrutora e personal de academia, não teve uma vida inteira dedicada à musculação. Esse hobby, e que agora também virou profissão, foi despertado aos 33 anos. “Até essa idade, eu era sedentária e dona de casa, nunca tinha trabalhado. Depois que conheci esse mundo, fiquei tão apaixonada que resolvi fazer vestibular e bacharelado em Educação Física, para poder treinar e trabalhar dentro desse ambiente”, conta.
Andréli diz que sua paixão pelo fisiculturismo foi despertada quando viu a capa da Revista Linda, em dezembro de 2017, com a atleta Patrícia Torres. “Ela mostrou o que fez para sair da obesidade e ter um corpo torneado. Eu falei que um dia iria ficar daquele jeito também. A grande virada de chave para a transformação foi o sobrepeso. Engordei 24 quilos em uma gestação e 22 quilos em outra. Cheguei ao sobrepeso”, diz.
Questionada se percebe algum estranhamento por parte das pessoas quanto a sua aparência, ela afirma que não sente nenhum tipo de preconceito. “Não noto olhares diferentes. A maioria das pessoas até acham bacana”. E quando perguntada sobre o nível de satisfação com o seu corpo, ela diz que ainda precisa evoluir muito e que não alcançou nem um terço de onde quer chegar.
6 curiosidades sobre a preparação para competir
- Durante esse período, ela precisava fazer 90 minutos de esteira. O único horário que encontrou para isso foi às 4h30min. Treinava de segunda a sexta-feira nesse horário, e aos sábados e domingos, em horários comuns.
- Tomava nove litros de água por dia, anotando cada ml ingerido.
- Em casa, cozinhava normalmente para a família e fazia sua comida separada. Acompanhava o esposo e os filhos em pizzarias e restaurantes e levava sua própria marmita. Uma vez foi viajar e levou junto a balança para pesar as refeições. “Cheguei no restaurante e tirei a balança da bolsa para pesar a comida”, relembra.
- Passou três dias comendo só 12 claras de ovos cozidos e bebendo água. Até o sal tinha que ser medido porque tinha uma dose certa!
- Durante o período de preparação sentia muita câimbra várias vezes ao dia, além de muita sensibilidade nos dentes.
- Durante o ano, não faz uso de hormônios, mas no período de preparação, sim. Depois de uma bateria de exames, durante as oito semanas que antecedem o campeonato, ela utiliza hormônios estimulantes secantes para conseguir a condição de palco.
Andréli com a família: filhos Vinícius, 16, e Vicente, 9, e o marido Mahe Marciniak, 41, empresário.
Musculosa e tatuada
Antes mesmo de ser reconhecida pela modalidade esportiva, Andréli já chamava a atenção nas ruas pelas suas tantas tatuagens. O número total chega a 78. “Fiz a primeira com 16 anos. Mas hoje, no fisiculturismo, as tatuagens me atrapalham bastante, pois cobrem partes importantes do corpo. Se pudesse, eu teria a pele limpa”, destaca.
Sobre as competições, ela conta que sua estreia aconteceu em outubro deste ano, em Novo Hamburgo. “Eu sonhava muito, mas não tinha coragem. Surpreendentemente, voltei para a cidade com 4 títulos na Copa Internacional, sendo 1 ouro, 1 prata e 2 bronzes”. Agora, nas férias, ela vai fazer uma pausa, mas a partir de março já pretende começar a preparação para as próximas competições, que vão acontecer aqui no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e em São Paulo. E para o ano de 2025, ela também tem planos como empreendedora: pretende abrir uma grande academia na cidade.
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