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Reportagens Edição 190 - Junho de 2024

Encontro de almas (e de arte)


O encontro entre as duas gerações de pintoras se transformou em amizade

56 anos separam essas duas gerações de pintoras



Duas mulheres. Duas artistas. Duas histórias que ultrapassam gerações. Um encontro de duas vidas que se conectam pela arte. Venina Herbstrith de Siqueira, ou simplesmente Nina, tem 86 anos e pinta desde os 13. Já na adolescência, demonstrava facilidade para expressar seu talento em qualquer coisa que colocasse as mãos. Seus primeiros trabalhos foram vendidos no mercadinho que ficava próximo de sua casa, no Passo d’Areia, interior de Cachoeira do Sul. Hoje, ela já contabiliza mais de 300 telas vendidas.


A casa da Nina é repleta de obras que trazem marcas de histórias vividas ao longo dos anos. Ela é filha de pai ceramista, e quando mais jovem também costurava - demonstrando que a sensibilidade e a paixão por trabalhos manuais sempre estiveram em sua essência. Decidiu fazer aulas já na vida adulta para aprimorar suas técnicas, e depois passou a ensinar a arte para outras mulheres.


Nina pinta paisagens, flores, animais e até retratos de pessoas. Quadros pequenos, minimalistas e também telas bem grandes. Na cidade, é reconhecida por seu trabalho, sendo detentora de inúmeras premiações em concursos de pintura. “Pintar me dá vida. Me entusiasma, é uma terapia. Eu não tenho dúvida de que isso é um dom que nasce junto com a pessoa. Eu sou a prova disso, porque quando comecei não sabia nem que isso era arte. Eu só sabia que não queria mais parar de pintar”, conta.


Marina Lucas Crapanzani tem 30 anos e é pintora de uma geração mais recente. Quando criança, desenhava como passatempo. Assim como Nina, é autodidata. “Crio minhas próprias percepções sobre a forma de fazer arte. Tecnicamente, não tenho nenhuma dificuldade. As tarefas mais difíceis apenas me exigem mais paciência, até ficarem exatamente como eu desejo”, diz.

 

“A técnica que me faz mais feliz ao pintar é o impressionismo. São pinceladas rápidas, sem muita precisão. Sempre há muito sentimento nesse tipo de traço, e também faz eu me sentir mais livre”.
Marina Lucas Crapanzani

 

Orgulho para além das dificuldades
As duas são pintoras bem versáteis. Praticamente, não há limitações para elas expressarem suas artes. Marina é conhecida por pintar paredes e fachadas. Tudo o que ela se propõe, dá certo. E ela afirma que não há apenas um trabalho preferido, mas aqueles que a desafiam mais, consequentemente, são os que dão mais orgulho ao terminar.


“Um exemplo é quando envolve altura e adrenalina. As formas de alcançar pontos altos sempre são muito precárias e acabam interferindo bastante e exigindo mais de mim. Mas quando entrego qualquer trabalho, me orgulho da dedicação que consegui colocar nele, independente das dificuldades”. Ela conta que paredes enormes fazem os seus olhos brilharem, e que ainda tem um sonho profissional a realizar: pintar a empena inteira de um prédio. Empena é a parte sem janelas dos prédios.


Obra criada por Marina

 


“Eu não sei explicar, só sei que quando estou pintando, o meu mundo é aquele ali”. 
Venina Herbstrith de Siqueira

 

O encontro de gerações
Foneticamente, até os nomes delas são parecidos: Nina e Marina. Mas elas não se conheciam pessoalmente, apesar de Marina já ter ouvido muitos elogios sobre as obras de Nina. Ela confessa que, quando escutava, pensava: “Ah, aposto que nem devem ser tão boas assim. As pessoas de fora do ramo da pintura exageram um pouco”. Mas, mesmo assim, ela conta que sempre teve curiosidade em ver de perto.


Por obra do destino e amigos em comum, Marina acabou finalmente conhecendo não só o trabalho, mas a própria artista de quem sempre ouvira falar como referência em Cachoeira. “Ter alguém com quem conversar sobre arte é raro. Não demorou muito para marcarmos um encontro e eu constatar que as telas da Nina, realmente, são tudo o que minha avó sempre me dizia. A história dela me trouxe muita inspiração. Foi uma amizade instantânea, nos identificamos muito”, destaca. 


Para Nina, o encontro dessas duas gerações simboliza o amor inexplicável pela arte. “Ela é a minha neta do coração”, diz, sem pensar duas vezes. Em quase um ano de convivência, Marina disse que já aprendeu muito sobre persistência com a Nina, uma pintora já bem mais experiente e que se utiliza da paciência para produzir suas obras no estilo clássico e realista. “Eu vejo nela a mesma alegria que eu tenho ao pintar. Nossos sentimentos em relação à arte são muito parecidos”, descreve Marina.

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