A história que fica
“Cachoeira do Sul é um verdadeiro laboratório a céu aberto, com seus diversos estilos arquitetônicos”. Mirian Ritzel
Patrimônios que ganharam novos significados
Valorizar e preservar os elementos culturais de uma cidade é o mesmo que manter viva a sua identidade. Ainda que os anos passem e novas gerações venham a habitar aquele lugar, a memória permanece intacta por meio da história que um dia foi contada.
Cachoeira do Sul tem um patrimônio histórico-cultural muito rico. Muitos desses locais se transformaram em novos espaços e atribuíram a eles outros significados. “A cidade necessita de ações educativas nesse sentido. As pessoas precisam enxergar o potencial do nosso município e se convencer sobre a importância de preservar o patrimônio que temos aqui”, destaca Mirian Ritzel, 63, professora e pesquisadora há mais de 30 anos.
Em nossa cidade, são incontáveis os locais que comprovam que construções antigas e até mesmo “fora dos padrões” arquitetônicos de hoje, podem se transformar e ser bem aproveitados para uma nova utilidade – mantendo em sua essência os significados históricos e culturais que carregam em suas construções. Conheça alguns deles:
Sobrado Rosa
Localizado na Volta da Charqueada, o Sobrado Rosa pertenceu a David Soares de Barcellos, o homem que por mais tempo administrou Cachoeira do Sul, ou seja, em três mandatos atuou como intendente do município. O sobrado era a residência rural da família Barcellos. Mesmo após ser restaurada, a casa conserva até hoje o tom rosa que a caracterizou por muitas décadas.
Hoje, o Sobrado Rosa se transformou em uma casa de eventos com diversas possibilidades. “Os proprietários souberam aproveitar a sua história e arquitetura para dar consistência e significado ao novo uso, conjugando nele o passado com o presente”, destaca Mirian. O sobrado é bem inventariado como patrimônio histórico-cultural de Cachoeira.
Cine-Teatro Coliseu
O Cine-Teatro Coliseu, em estilo art-dèco, foi inaugurado em 17 de fevereiro de 1938, sendo um dos mais modernos e completos cinemas do estado naquela época. Por muitas décadas, encantou os cachoeirenses com suas exibições cinematográficas, peças teatrais, conferências e outras apresentações artísticas.
“Abandonado por muitos anos, o prédio ganhou outro significado e uso quando foi adquirido por Gilson Gomes Lisboa, que restaurou a sua fachada e vem dando uso comercial ao espaço, porém, sem descuidar das características arquitetônicas e imponência estrutural que dão destaque a uma das quadras mais nobres da Rua 7 de Setembro”, explica a pesquisadora. A fachada do antigo Cine-Teatro Coliseu é tombada como patrimônio histórico-cultural.
Casa Rosa Salon
A Casa Rosa Salon foi construída por Theobaldo Carlos Burmeister para a residência da sua família. O terreno, que fica no Bairro Rio Branco, foi adquirido em 1927 do vizinho Augusto Wilhelm e, em 1929, começaram as construções. Segundo Theobaldo Burmeister, que foi um dos mais atuantes cidadãos em Cachoeira do Sul no século XX, a casa foi projetada pelo respeitado arquiteto alemão Theodor Wiederspahn, o mesmo autor do projeto do Templo Martim Lutero.
Por alguns anos, funcionou junto à casa a escola de música da pianista Lise Santos. Atualmente, revitalizado em seu interior, mantendo inalteradas as fachadas e a riqueza arquitetônica, o espaço se transformou na Casa Rosa Salon, o salão de beleza do maquiador Pablo Siqueira. A casa também é considerada um bem inventariado como patrimônio histórico-cultural.
Pró-Vida
O antigo prédio foi construído originalmente, entre 1917 e 1918, para a loja comercial Knorr & Eisner. Com o fechamento da loja, que teve breve duração, passou a sediar diferentes agências bancárias ao longo da sua história. Em 1924, foi sede da primeira agência própria do Banco do Brasil, quando sofreu algumas transformações arquitetônicas que seguem sendo preservadas. Depois, abrigou o Banco Agrícola Mercantil e, mais tarde, o Unibanco.
Atualmente, o prédio Knorr & Eisner é sede da Pró-Vida, tendo sido revitalizado e adaptado em seu interior para os serviços de saúde e assistência que oferece, sem descuidar da fachada original, respeitada e mantida em sua monumentalidade. O prédio é tombado como patrimônio histórico-cultural.
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