Jovens e esgotados
“A alta carga de trabalho e a sensação de incapacidade levam à frustração, e depois, estão a um passo do burnout”. Joseane Arena.
Excesso e estresse no trabalho podem levar ao burnout
Quem nunca projetou conquistar a vida dos sonhos antes dos 40 anos? Casa própria, um bom carro na garagem, trabalho satisfatório e vida financeira em ordem. Mas acontece que a realidade é bem diferente para a maioria das pessoas, especialmente as que nasceram entre os anos 1984 e 1995, a chamada Geração Millennial.
Eles viram seus pais e avós conquistarem tudo muito cedo, e agora, se veem diante de perspectivas que não esperavam. É como se corressem maratonas e nunca alcançassem o sucesso. Muitos ainda nem saíram da casa dos pais, estão endividados, não têm o carro que gostariam e estão muito longe de adquirirem o seu próprio imóvel.
E é daí que vem o sentimento de frustração. “Ele está ligado às sensações de insatisfação e incapacidade. Provoca um estado emocional que afeta comportamentos, pode desmotivar e bloquear a pessoa de seguir em frente nos seus objetivos”, explica a psicóloga e hipnoterapeuta Joseane Arena, 48.
Não demore para buscar ajuda!
Ao reconhecer os sintomas, procure ajuda profissional de um psicólogo ou psiquiatra para iniciar o tratamento. Ele pode envolver terapia, medicação (antidepressivos e ansiolíticos), mudanças nos hábitos, condições de trabalho e estilo de vida. Muitas vezes também é indicado afastamento ou férias, momentos de lazer ou perto da família. “Não buscar tratamento pode agravar os sintomas, levar a pessoa à perda total da motivação, distúrbios e até depressão profunda”, diz Joseane.
Frustrados, por quê?
São muitos os motivos que levam essa geração a se sentir assim, dentre eles, o descontrole financeiro e a alta carga de trabalho. “O acesso ao mundo construído pelas redes sociais, nem sempre tão real ou acessível, gera comparações e ansiedade. O acesso rápido às compras, gerando também necessidades de consumo e dívidas, aliado a uma expectativa instantânea e gratificação rápida, levam à frustração imediata”, afirma.
Mas e burnon, o que é?
Outro termo semelhante tem chamado a atenção recentemente. É o burnon. Enquanto o burnout é caracterizado pela exaustão e sentimento de ineficácia, o burnon descreve um estado em que o profissional se envolve de maneira excessiva com o trabalho, mas não percebe o desgaste e nem mesmo os problemas de saúde física e mental desenvolvidos. É diferente do burnout, porque nesse caso, as pessoas não buscam ajuda e experimentam o sofrimento psíquico de forma silenciosa.
Burnout: doença ocupacional
Em outras épocas, as pessoas atingiam seu nível máximo de exaustão profissional até adoecerem - e isso não tinha nome. Mas, desde 2022, o burnout já é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde como uma doença ocupacional.
Ele se caracteriza como um distúrbio emocional com sintomas de estresse e esgotamento, que resultam de expectativas criadas e não atendidas, situações de trabalho desgastantes, com alta pressão, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho.
“A Síndrome de Burnout envolve nervosismo, sofrimentos psicológicos e problemas físicos, como dor de barriga, cansaço excessivo e tonturas. Pensar ou chegar ao trabalho, ou ainda estar próximo ao horário de ir, são gatilhos que geram o sofrimento. O estresse e a falta de vontade de sair da cama ou de casa, quando constantes, também podem indicar o início da doença”, destaca.
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