Aos trancos e barrancos
“A autoestima está ligada à qualidade de vida e a um olhar mais generoso para si. Acredite: se você se amar, tudo muda”. Leila Spanemberg
Médica conta como superou entrar precocemente na menopausa
“Aos 44 anos precisei realizar uma cirurgia de retirada de útero e ovários e, consequentemente, entrei na menopausa. Como foi uma menopausa cirúrgica, os sintomas apareceram de uma maneira abrupta, sem aquele período de transição que serve para ir preparando a mulher. Calorões, insônias, crises de ansiedade, depressão e baixa autoestima começaram a fazer parte de mim.”
Leila Spanemberg tem 48 anos e é médica ginecologista e obstetra desde 2005. Ela abriu o coração para a Linda e revelou como aconteceu este período de mudança na vida dela e o quanto isso interferiu na sua vida pessoal, profissional, conjugal, social e familiar.
“Eu não tinha disposição para trabalhar, me sentia sempre muito cansada. Em casa, me irritava com facilidade e chorava sem motivo. Ao mesmo tempo em que eu queria sair e ter uma vida social ativa, eu também queria ficar em casa sem falar com ninguém. Minha saúde mental e emocional estava muito abalada. Foi então que comecei a entender melhor as queixas das minhas pacientes”, relembra.
A grande “ironia” do destino é que todos nós (nas profissões que escolhemos) aprendemos a tratar os problemas dos outros, medicar e dar conselhos. Porém, quando a situação acontece com a gente, percebemos o quanto podemos ser vulneráveis e o quanto precisamos ter humildade para pedir ajuda para outros profissionais.
Foi o que a Leila fez. Ela percebeu que precisava dar o primeiro passo para virar o jogo e sabia que muitas pacientes precisavam dela e agora, mais do que nunca, ela tinha que erguer a cabeça, colocar em prática tudo o que aprendeu com a Medicina, com os anos de experiência atendendo mulheres no consultório e, principalmente, ajudar (agora com “experiência de causa”) suas pacientes a entenderem a menopausa e ainda provar que elas podem ter uma vida com muito mais qualidade.
! Leila é natural de Cruz Alta, casada com o engenheiro agrônomo Jorge Sari, 50, mãe do João Pedro, 17, e da Isadora, 13. Ela veio para Cachoeira do Sul em 2005, porque a propriedade rural e os negócios do marido estão concentrados aqui. A médica, que é formada pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), confessa que, apesar da relação próxima com as pacientes, seu olhar para a menopausa se transformou quando chegou a sua vez de vivenciá-la.
RELÓGIO BIOLÓGICO
A idade chega para todo mundo. O envelhecimento e todos os reflexos que ele nos traz é natural e não existe receita mágica para evitar. Mas, escolher a forma como vamos enfrentar cada nova etapa da vida é a chave para fazer tudo funcionar bem.
Nas mulheres, especificamente, o período da menopausa chega carregado de sintomas. E não estamos falando das ondas de calor, suores noturnos ou alterações de humor. Para além desses, a menopausa traz sintomas ainda mais profundos. Ansiedade, perda da libido e questionamentos sobre a própria feminilidade atormentam diariamente mulheres em todo o mundo.
Climatério período de transição
Leila decidiu estudar e se atualizar sobre tudo que envolve a menopausa. O climatério, segundo ela, abrange toda a transição do período reprodutivo para o não-reprodutivo, indo até a última menstruação. Já nessa fase, a mulher começa a apresentar alterações menstruais e, frequentemente, começa a ter sintomas da menopausa, mesmo ainda apresentando ciclos menstruais.
Conforme a médica, o envelhecimento leva à falência ovariana progressiva, determinando a interrupção dos ciclos ovulatórios e a parada do sangramento menstrual. Com base em padrões de sintomas e de pesquisas laboratoriais, a data do último episódio de sangramento menstrual apresentado pela mulher é definida como menopausa. Estudos indicam que 90% das mulheres entram na menopausa entre 45 e 55 anos de idade.
DIAGNÓSTICO
Para confirmar o diagnóstico, são necessários exames de dosagem hormonal, principalmente para descartar outras causas de alterações menstruais.
SINTOMAS
- Ondas de calor ou fogachos;
- Alterações no sono;
- Ganho de peso;
- Alterações de humor, como irritabilidade ou melancolia;
- Suores noturnos;
- Diminuição da libido;
- Irregularidades na duração dos ciclos menstruais e na quantidade do fluxo sanguíneo;
- Alterações na pele, especialmente no rosto (que fica mais sensível e propícia à irritação, rugas e manchas);
- Secura vaginal;
- Atrofia urogenital (inflamação no canal vaginal devido à baixa produção de estrogênio, deixando o revestimento da vagina mais fino e ressecado);
- Perda de massa óssea e muscular.
Uma fase libertadora
Apesar dos desafios dessa etapa da vida, Leila a caracteriza como uma “maturidade libertadora”. Ela encara essa fase como uma oportunidade para aproveitar os benefícios da idade e deixar de lado a autocobrança excessiva. “É nessa fase que muitas mulheres entendem a importância de cuidar melhor da saúde, têm mais tempo para si, adotam hábitos de vida saudáveis e melhoram, inclusive, o relacionamento sexual”, destaca.
Segundo a médica, preservar a autoestima e a qualidade de vida de mulheres na menopausa são os principais objetivos dos especialistas e estudiosos dessa área. “Você não deixa de ser uma boa mãe, esposa, filha ou amiga se priorizar os seus desejos. Por isso, a dica de ouro é: adote bons hábitos e reserve um tempo do dia para fazer o que gosta. Seja feliz sem disfarçar as suas vontades”, finaliza.
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