“A relação sexual envolve duas ou mais pessoas, então é imprescindível que haja comunicação para que as pessoas envolvidas se sintam bem e a experiência seja prazerosa”. Julyelle Conceição

Uso de preservativo é cada vez mais incomum entre os jovens 

A princípio, essa pode parecer uma pergunta boba. Mas a verdade é que mesmo “batido”, o assunto nunca perde a sua relevância. Conforme uma pesquisa divulgada em 2021 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aproximadamente um milhão de pessoas afirmaram ter diagnóstico médico de Infecção Sexualmente Transmissível (IST) ao longo de 2019. A informação é da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS).  

Usar camisinha, portanto, vai além de evitar uma gravidez indesejada. Serve, também, para prevenir doenças que podem ser transmitidas na hora do sexo. Para a psicóloga e especialista em sexologia, Julyelle Conceição, 36, mesmo que muita gente tenha consciência sobre a importância do uso, quando se trata de comportamento, a realidade pode ser bem diferente.  

Importante! 
Usar camisinha na relação é um direito sexual e, como tal, precisa ser respeitado. Tanto que retirar a camisinha durante o ato sexual sem consentimento da parceira, prática denominada de “stealthing”, pode se enquadrar no crime de “violação sexual mediante fraude”, descrito no artigo 215 do Código Penal, o qual prevê pena de dois a seis anos de prisão. Essa pena ainda pode aumentar, se o ato resultar em uma gravidez indesejada ou na transmissão de uma infecção. 

Para ajudar neste tema, convidamos a profissional para esclarecer algumas dúvidas: 

Penetração rápida e sem camisinha pode engravidar? 
“Sim! Basta que o espermatozoide seja lançado o mais perto possível do óvulo, o que pode acontecer mesmo na penetração rápida. Inclusive, uma gravidez pode acontecer mesmo sem penetração, apenas com a fricção, o chamado “roça, roça” entre a vulva e o pênis. Havendo ejaculação, o sêmen pode entrar em contato com o canal vaginal e seguir ao encontro do óvulo”.  

Por que muitas pessoas têm resistência a usar camisinha? 
“São diferentes motivos. As pessoas mais velhas entendem que usar camisinha é como comer bala com papel: pode ser sem graça por diminuir o prazer. Mas isso é mito! Existem camisinhas bastante finas, ainda que resistentes, que favorecem a sensibilidade na região peniana. Além disso, há camisinhas de todos os tamanhos que atendem aos diferentes tamanhos de pênis em comprimento e espessura.   

Já os mais jovens, têm banalizado a questão. Com o avanço da medicina no tratamento do HIV, a qualidade de vida das pessoas melhorou muito, diferente dos anos 1980 e 1990, quando o medo de morrer por AIDS era intenso.  Como o risco de morte diminuiu drasticamente, pessoas entre 15 e 24 anos acreditam que não têm muitos motivos pra usar a camisinha e que os riscos são poucos, esquecendo que há sim prejuízos à saúde, tanto por infecção pelo HIV, quanto por outras doenças, como Sífilis, Gonorréia, Herpes Genital e Hepatites Virais B e C”. 

Qual tipo de camisinha é melhor e porquê?
“A que você preferir! Poucas mulheres conhecem e já experimentaram a camisinha feminina, mas ela também é uma possibilidade e, assim como a masculina, pode ser encontrada gratuitamente na Rede Pública de Saúde. Lembrando que vale experimentar mais de uma vez para se acostumar. Afinal, tudo o que é novidade pode trazer um estranhamento e requer adaptação”.  

Camisinhas com sabores e cheiros podem provocar alergias?   
“Podem! Por isso, conversar sobre o tema é importante para evitar experiências ruins. Você pode fazer isso ao assistir um filme ou uma série que traga o assunto à tona, caso tenha dificuldade de iniciar essa conversa. Outra ideia válida é prestar atenção à parceira: ela costuma ter alergia a alguma coisa? Que sabores ela gosta? Tem alguma preferência? Aí entra o quanto você conhece a outra pessoa e tem interesse em conhecê-la. Já pensou comprar camisinha com sabor morango e a pessoa detestar morango?”