Somos bons pais?
“O desejo de ter um filho, somado às expectativas em relação a isso, se confrontam com a realidade e os tantos desafios. Atuamos justamente dando esse suporte a pais e mães, auxiliando através da escuta, para que possam se sentir mais seguros e fortalecid
Crenças e culpas que chegam com a maternidade
Certamente, pais e mães já se culparam, em algum momento, por acharem que podiam fazer mais pelos seus filhos. Essa percepção, natural na maioria das famílias, acontece em virtude das cobranças em relação à parentalidade (condição de quem é pai ou mãe) crescerem cada vez mais. É como se fosse uma olimpíada, onde a performance está em análise o tempo todo.
Como lidar com o olhar reprovador dos vizinhos quando o filho chora na maior parte do dia? E com a enxurrada de vídeos na internet condenando pais e mães pela alimentação não tão saudável das crianças? E com o julgamento da família sobre o tipo de parto escolhido e até quando vai a amamentação? E sobre com quantos anos se deve tirar as rodinhas da bicicleta ou matricular a criança em aulas de Inglês?
A verdade é que as comparações geram uma angústia enorme em quem está do outro lado do julgamento. Para auxiliar nesse processo, nasceu a Cristale, uma empresa que busca o fortalecimento das famílias por meio do olhar e da escuta atenta para as relações sociais. “Observamos que as famílias precisam de cuidado e, após a pandemia, as relações ficaram ainda mais vulneráveis e carentes de atenção, refletindo em filhos perdidos e sem solidez nos vínculos afetivos”, contam as irmãs Alessandra Moreira e Silva e Cristiane Garin Krause, idealizadoras da Cristale.
Pais frustrados
Além de crianças e adolescentes, as profissionais também atendem famílias – casais que estão juntos ou separados, casais homossexuais, pais adotivos e pais “em luto”. Esse último contexto, segundo Alessandra e Cristiane, refere-se a uma condição bastante frequente: o desvinculo da ideia do filho ideal e a aceitação do filho real.
“Não é raro famílias que, ao receberem um laudo de algum transtorno ou deficiência, não sabem pra onde correr. É preciso buscar uma rede de apoio para a criança, mas sem esquecer que ali também existem pais e mães sufocados. Esse ‘luto’ a que nos referimos vale também para casos de comparação, onde pais querem que o filho se destaque e seja bom em tudo, mas, de repente, deparam-se com uma criança que precisa de reforço e acompanhamento”, afirmam.
Grupo terapêutico Mães Anônimas
Utilizando a escuta ativa como principal ferramenta, as irmãs criaram o grupo terapêutico Mães Anônimas a fim de apoiar e dar um suporte inicial aos pais que precisam de ajuda. A participação é gratuita e o grupo se reúne quinzenalmente no Viveiro Cultural. Pais, mães e demais pessoas do grupo familiar que representam esse papel são convidados a frequentar, mediante agendamento diretamente com as profissionais.
“É a oportunidade de dar um ‘pause’ e cuidar daqueles que precisam estar fortalecidos para dar conta da realidade. No entanto, isso não minimiza a importância da terapia e de uma mentoria individual, que, inclusive, são indicadas para seguir como um apoio mais efetivo”, explicam.
Saiba mais
A Cristale une duas especialidades: a pedagogia e a psicologia. Alessandra Moreira e Silva é psicóloga, especialista em Saúde Coletiva, e pós-graduada em Psicologia Social. Cristiane Garin Krause é pedagoga, educadora especial, com especialidade em Educação Inclusiva, mentora certificada pelo Instituo Holos e pós-graduada em Docência de Sociologia, Língua Portuguesa e Literatura.
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