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Reportagens Edição 170 - Agosto de 2022

Acúmulo de gordura?


“O diagnóstico do lipedema é clínico, ou seja, não há exame específico para isso”. Sérgio Moraes.

Inchaço anormal nos membros inferiores pode ser sinal de doença

 

 

Você já ouviu falar em lipedema? Esse é o nome de uma doença progressiva caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura em regiões específicas do corpo, como as pernas, os joelhos, o quadril e as coxas. Estima-se que uma em cada 10 mulheres tenha a doença no mundo e, no Brasil, cinco milhões provavelmente convivem com o lipedema, mas não sabem. 

 

Normalmente, essa disfunção apresenta-se na puberdade e afeta praticamente só as mulheres. Não se sabe ao certo qual a sua causa, apenas que está relacionada à condição hormonal, genética e inflamatória. Segundo o angiologista e cirurgião vascular Sérgio Ricardo Araújo de Moraes, 49, é comum que a doença seja confundida com obesidade. Porém, no lipedema, o excesso de gordura não se distribui pelo corpo todo.  

 

“Muitas mulheres não sabem que têm esse problema e acreditam que não conseguem perder peso. Muitas delas relatam que ‘só emagrecem da cintura para cima’. A questão não é somente a presença de um percentual de gordura normal ou não, mas o acúmulo anormal no quadril, nas coxas e nas pernas”, afirma. 

 

 

Como identificar? 
Segundo o especialista, alguns sinais são possíveis de serem observados, como o aumento da gordura depositada nestas regiões específicas do corpo. Outro fator que pode indicar lipedema é a presença de nódulos de gordura sob a pele. “São quatro estágios clínicos da doença, sendo que no primeiro ainda não há alterações na pele. A partir do estágio dois, a pele começa a apresentar flacidez e irregularidade”, alerta.  
 

Os danos podem afetar tanto a saúde física quanto psicológica. Do ponto de vista funcional, há dor nos membros inferiores e, nos estágios mais avançados, há dificuldade de mobilidade, seja por deformação ou pela dor causada. Já do ponto de vista psicológico, a dificuldade em “perder peso” prejudica a autoestima e o bem-estar de quem sofre com a doença. 

 

Doença provoca inchaço no local, dor ao toque e ao caminhar. 



Tratamento para dor e inchaço 
As meias elásticas ou de compressão podem ser importantes aliadas no tratamento, pois melhoram o inchaço e diminuem a dor. Nesse sentido, a drenagem linfática também age como uma alternativa importante para casos de lipedema. Segundo Sérgio, a doença é multidisciplinar e, por isso, o tratamento envolve profissionais de diversas áreas, como nutricionista, fisioterapeuta, psicólogo, dermatologista, cirurgião plástico e cirurgião vascular.  
 
“Quando há varizes associadas, o tratamento cirúrgico pode ajudar na melhora dos sintomas. Em casos mais avançados, a cirurgia plástica para a remoção de depósitos anormais de gordura também pode ser considerada”, explica.  
 
 
 
Estágios do lipedema 
Estágio 1: a superfície da pele é normal e o inchaço aumenta durante o dia, mas melhora com o repouso. 
Estágio 2: a superfície da pele é irregular, podendo ser observada a presença de celulite. 
Estágio 3: o acúmulo de gordura é maior, sendo possível identificar deformidades, além da superfície da pele ser mais áspera e endurecida. 
Estágio 4: além do acúmulo de gordura, é verificado o acúmulo de líquidos na região, o que dá origem ao lipolinfedema. 





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