Mulheres boas de mira
“Já é uma realidade muito comum mulheres aptas a usarem armas”. Daniela de Oliveira Schmidt
Principais interesses são a autonomia e a defesa pessoal
O empoderamento feminino trouxe, dentre muitas coisas, a liberdade para que as mulheres possam fazer, sem medo ou culpa, aquilo que gostam e sentem vontade. Um desses exemplos de independência é a prática do tiro esportivo, modalidade que contribui para a autonomia e a defesa pessoal de muitas mulheres.
Entre as que moram no interior, o interesse por essa área é ainda mais comum e necessário. É o caso da decoradora e organizadora de eventos Daniela de Oliveira Schmidt, 48. “Meu marido sempre atirou muito bem. Como moramos no interior, sempre tivemos acesso a armas e achei essencial saber usar e manusear adequadamente. Muitas mulheres que conheço competem em atividades de tiro esportivo”, conta.
Daniela já concluiu quatro cursos: Revólver, Iniciante Pistola, Avançado e Saque Velado. Ela afirma que o foco é uma habilidade importantíssima para o sucesso da prática. “Eu sempre procurei os melhores profissionais para me auxiliar e, dessa forma, aprendo a ter confiança e técnicas corretas para usar armas de fogo, sempre com a maior segurança possível”.
Segundo Daniela, os aprendizados obtidos até aqui serão colocados em prática apenas como hobby, servindo, inclusive, como aliados para diminuir o estresse e a tensão do dia a dia. Para isso, ela frequenta clubes de tiro aos fins de semana. No futuro, pretende aprimorar suas habilidades, voltando-as para a defesa e proteção pessoal.
Ela é top 1 em Trap Americano
Carol é a única praticante mulher em Cachoeira na modalidade Trap Americano e uma das poucas no Estado
Para Maria Carolina Jaeger Beckel, 20, estudante de Medicina, o interesse e o contato com armas de fogo surgiram desde muito cedo, já que seu pai, Carlos Henrique, pratica tiro desportivo há bastante tempo. “Acredito que o convívio com armas desperta curiosidade em toda criança, mas sempre houve preocupação dos meus pais de que eu e meu irmão estivéssemos em segurança. Assim, nos foi orientado que sempre que tivéssemos curiosidade, procurássemos um adulto que nos acompanhasse e ensinasse como fazer o manuseio correto”, explica.
Ela conta que há cerca de dois anos, ela e seu pai estavam em um clube praticando tiro de pistola, quando foram convidados para participarem de um treino de Trap Americano. A modalidade, que utiliza armas de calibre 12 e é de tiro em movimento, despertou o interesse logo de cara. “Desde então, passamos a frequentar o clube para treinar todo sábado. Sou a única praticante mulher em Cachoeira nesta modalidade, e uma das poucas do estado. O incentivo, somado à minha competitividade e aos divertidos momentos que passamos em família, logo me encorajaram a participar de competições estaduais, onde tenho conseguido boas colocações”, destaca.
“Pela nossa força e independência, somos fonte de inspiração para muitas outras mulheres”. Fernanda Ribeiro
Fernanda Ribeiro, 34, é instrutora de tiro e dá as aulas para Daniela e Maria Carolina. “A quantidade de mulheres que buscam aprender o esporte é bem grande e isso se deve, principalmente, por ser uma forma de transmitir força. Elas procuram aprender para ter mais autonomia, se proteger da violência, de assaltos e estupros. Já sofri e ainda sofro bastante discriminação por ser uma mulher atuando nessa área. Ouço perguntas como: ‘é ela quem vai ensinar os homens’? Mas eu já aprendi a contornar muito bem esse tipo de prejulgamento”, diz.
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