“Técnica do ‘chá de sumiço’ está relacionada à baixa autoestima”. Michela Vasconcelos
Desaparecer é a melhor estratégia para reconquistar alguém?
A estratégia de sumir da vida de alguém, como forma de dar um gelo e fazer com que o outro valorize o que perdeu, vem se popularizando na internet e entrando na mente de muitas pessoas, principalmente das mulheres. Conhecido como um jogo de sedução para reconquistar o parceiro, a famosa teoria do “chá de sumiço” já virou título de livro e agora divide a opinião de profissionais que atuam na área do comportamento e desenvolvimento humano.
Para a psicóloga e mentora de carreira Michela Vasconcellos, 42, esta teoria pode sim ser eficaz, mas isto não significa que seja um caminho saudável. “Além de uma forma de atrair a outra pessoa, isto é, acima de tudo, uma forma de proteção. Afinal, um dos maiores medos do ser humano é o da rejeição, e se mostrar por completo em um terreno desconhecido se torna um grande risco”, explica.
Para ela, o “chá de sumiço” também surge como uma necessidade mais acentuada para quem está com a autoestima baixa. “Nestes casos, a pessoa se torna dependente de evidências externas para validar o seu valor”, diz. Segundo Michela, a estratégia até pode ser positiva, já que este é um movimento que instiga o interesse da outra pessoa; contudo, na maioria das vezes, é uma atitude tomada de forma impulsiva, representando fraquezas, como a insegurança. “Quando as duas pessoas estão mais cientes de quem são, do seu valor e do que querem, não precisam entrar nestes jogos. Elas se sentem à vontade para serem quem são e expressarem o que realmente sentem”, destaca.
É preciso se conhecer
Juliana Spolidoro, 30, fisioterapeuta pélvica, acredita que este método só evidencia o quanto o relacionamento é baseado em questões superficiais. “Isso acontece quando a presença não é o suficiente para a outra pessoa se dar conta do quanto é legal estar junto. Nesse caso, o outro até pode voltar, porque sentiu uma ‘saudadezinha’ da parte sexual, mas é só isso, porque quem realmente gosta não precisa sentir a ausência pra ter certeza do que sente”, avalia.
O “chá de sumiço”, segundo Juliana, representa a desvalorização de quem decidiu dar o gelo e está diretamente ligado à falta de autoestima e amor próprio. “Quem se conhece de verdade e acredita no quão interessante é, não precisa se utilizar de jogos e estratégias”. Por isso, ela destaca que antes de apostar em um relacionamento amoroso, é fundamental investir em autoconhecimento. Assim, o interesse da outra pessoa acontecerá de forma natural. “Não é o sumiço que vai fazer a relação ter sucesso”, afirma.
ENQUETE
Você concorda com o “chá de sumiço”?
"Para mim, um relacionamento é uma via de mão dupla. Por isso, acho que o melhor jeito de lidar com os conflitos é o espelhamento: ou seja, agir da mesma forma com que a pessoa age com você. Assim, a pessoa vai entender que as atitudes dela não são legais. Particularmente, prefiro apostar nessa estratégia. ‘Dar um gelo’, pra mim, não funciona, porque a pessoa tende a achar que está com a razão. Acredito que não é me afastando que vou fazê-la entender o meu ponto de vista na situação”.
Sabrina Menezes, 24, fotógrafa
"Nunca utilizei essa técnica em meus relacionamentos, pois sempre fui o tipo de pessoa que gosta de conversar e deixar tudo claro na hora. Na minha opinião, a confiança, a transparência e o diálogo são pontos essenciais em uma relação. Acredito que esse tipo de ‘joguinho’ não seja benéfico e só acaba por afastar os casais, já que tal atitude, geralmente, é resultado do orgulho, ego elevado e falta de maturidade para enfrentar os problemas de frente”.
Lenon Quoos Silveira, 30, autônomo
"Eu já utilizei a técnica de ‘sumir’, não com intuito de despertar interesse, mas de tirar a prova para saber se a pessoa sentiria minha falta e se iria repensar as atitudes e tentar me reconquistar. Se isso não acontecesse, era porque aquela pessoa realmente não merecia estar comigo. E essa técnica já foi feita contra mim também, mas aí o efeito é inverso: pego nojo da pessoa e sumo também, como se ela nunca tivesse existido. Isso tanto em namoro quanto em amizade”.
Ester Lara, 28, empresária