Cidade da Encrenca
Família “encrenca”. O avô Julio Lucas com os netos Felipe Lucas, 21, Brayan Lucas, 11, Richard Lucas, 3.
Há 90 anos, tradição familiar sem mantém intacta
Tem coisas que só acontecem em Cachoeira do Sul e uma delas é o som da sineta anunciando que a encrenca vai passar. Quem nunca escutou: “Encreeenca” por aí? Para quem é novo na cidade, não se assuste! Esta encrenca é das boas! Boa, barata e mais que isso: um patrimônio do município. Ela é comestível, doce, crocante e tem formato de cone. Resumindo, tem sabor de infância. Há 90 anos, ela mantém-se única em sua receita de família, do já falecido João Francisco Lucas, imigrante português que se instalou aqui.
Esta encrenca é um mistério. Há nove décadas ela tem o mesmo sabor e só os herdeiros têm os equipamentos para produzi-las. No início, ela era feita em um fogão de barro com duas chapas e eram produzidas, em média, 60 casquinhas por hora. Foi assim até a década de 1990, quando a família comprou um fogão de alta pressão a gás e não mais a carvão. Em 2014, eles fizeram a primeira máquina de encrenca, que produzia 450 unidades, já movida à luz e esquentada com gás. Porém, foi em 2019 que o atual administrador criou um equipamento que produz 800 encrencas por hora.
Receita secreta?
Segundo Cleiton de Melo Lucas, 41, atual administrador, a diferença da encrenca para as casquinhas vendidas em outros lugares é que só aqui ela tem este nome e este formato. “Não há nenhum segredo na fabricação, apenas é uma tradição de família”, diz.
O casal é responsável por levar a tradição da encrenca adiante.
! Cleiton de Melo Lucas trabalha há 25 anos com as encrencas, desde quando tinha 16. Sua esposa, Cheisiele da Silva Ayres, 34, é seu braço direito, assim como seu pai, Júlio Lucas, 78, que ainda está na ativa e que lhe ensinou tudo. Além deles, mais cinco vendedores caminham pelas ruas anunciando que a encrenca vai chegar.
Melhoria nos maquinários garantiu mais rapidez para cumprir a demanda
Curiosidades
Cleiton diz que no verão são vendidos, em média, 70 pacotes por dia, enquanto, no inverno, chega a 100. Sobre ter um espaço físico, não está nos planos deles, porque as pessoas já estão acostumadas com o barulho do sino.
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