Expectativa x realidade de morar fora
“Morei anos em Bournemouth, na costa sul, e sou apaixonada por Londres. Foram nesses lugares que trabalhei no Google e na Samsung/JBL. A experiência nestas empresas foi muito além da minha expectativa’’.
Curiosidades da vida real de quem vive no exterior
Duas cachoeirenses, uma que morou por anos na Inglaterra e ainda trabalha com uma multinacional de lá e outra que mora em Portugal atualmente, contam o que esperavam dos países e o que encontraram quando chegaram lá. É o legítimo “expectativa versus realidade” que faz sucesso nos memes e posts do Instagram. Vamos conhecer um pouco mais desta “vida real” com a Daiana e a Cíntia?
Inglaterra x Cachoeira
De nossa terrinha diretamente para o Reino Unido, Daiana Janaina da Silva, 45, nos conta curiosidades sobre a sua experiência morando fora. Ela é formada em Comércio Exterior há 16 anos e é diretora da DDS International Consulting atualmente.
Saúde: “Minha grande surpresa foi o filtro que é feito entre o atendimento público e privado. Quase não existe rede privada e, para conseguir um atendimento num especialista, você pode passar mais de ano em uma fila de espera. Os postos de saúde são na verdade terceirizados e são administrados por um médico clínico geral. Se você precisar ir em um especialista, quem tem que dar a referência é esse seu médico local. Mesmo se você tiver um seguro-saúde pago, você precisa dessa referência ou nada feito. Remédios somente são dados em último caso”.
Férias: “Demorei para me acostumar com as pequenas férias escolares. Os pais têm que se adaptar ou ter uma renda alta para poder acompanhar. Podemos tirar um dia ou uma hora de férias e ter vários pequenos períodos livres ao longo do ano”.
Direitos Trabalhistas: “Embora a Inglaterra tenha sido o cenário dos direitos das mulheres, atualmente, é um país com muito pouca proteção de trabalho. Não existe uma carteira de trabalho, embora o funcionário e empregador paguem impostos. Férias não é obrigação, depende do acordo que você tiver no seu contrato. Para mudar de empresa, tive de dar um aviso prévio de três meses e isso é normal, pois foi acordado quando iniciei. A empresa que queria me contratar ficou me esperando, ainda bem!”.
“A ideia era voltar para o Brasil após um tempo, mas a pandemia mudou os planos e, no fim, valeu a pena”.
Cachoeira x Portugal
Em busca de mais qualidade de vida, Cíntia Graciela Oliveira, 37, optou por ir para Portugal. Ela é gerente de hotel há dois anos e mora em uma zona litorânea, chamada Troia.
Qualidade de vida: “Minha expectativa era que eu fosse reconstruir minha vida lá, mas achava que levaria muitos anos para me estabilizar. Porém, em pouco tempo, já tenho meu carro e ótima qualidade de vida. Não fiquei rica, mas vivo muito bem e bem melhor do que imaginei”.
Documentação: “Eu achava que para conseguir um emprego bom bastava o diploma e fazer a validação dele no exterior. Porém, não é bem isso. Precisamos ter documentação de residência, o que demora a sair e exige muita burocracia. Ela é o que vai te legalizar no país para morar e trabalhar”.
Vício: “Café é um vício nacional, muito maior que no Brasil. Mesmo em bares e baladas e após virar madrugada, se toma café”.
Saúde: “Eu tive uma crise de labirintite e com isso descobri que em Portugal os médicos de planos de saúde vão até a sua casa, superando minhas expectativas. A consulta, quando é atendida em casa, não é cobrada, mas se for no consultório médico, tem custo. Além disso, no Brasil, você vai em farmácias e encontra valores variados. Aqui, eles seguem um padrão e, nas receitas médicas, já vem estipulado o valor da medicação”.
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