Você se vê como é?
“Não estar bem psicologicamente atrapalha quando algo tão importante, como a sua autoestima, está em jogo”. Guilherme Festinalli
Distúrbio de autoimagem é assunto sério
Grande perda ou ganho de peso pode desencadear uma visão distorcida da imagem vista no espelho. Sabemos que pessoas que sofrem com anorexia passam por isso. Embora estejam muito magras, quando se olham, acham-se gordas. Isso acontece também com quem realiza a cirurgia bariátrica (redução do estômago) e uma lipoaspiração (procedimento estético para retirada de gordura corporal).
“A mente do paciente nem sempre acompanha a mudança rápida no seu corpo e distúrbios de autoimagem são frequentes”, explica o psicólogo Guilherme Festinalli, 30. Com seis anos de atuação na área, ele ressalta a importância da preparação psicológica para qualquer processo de transformação. “O primeiro passo é tomar consciência do problema e saber que existem estratégias específicas para o tratamento”, diz.
Quando lidamos com expectativas, a tendência de se sentir frustrado e entrar em depressão é muito grande. Segundo Guilherme, no caso da cirurgia bariátrica, por exemplo, o paciente deve estar ciente e preparado para todo processo de pós-operatório. “Uma grande perda de peso gera uma flacidez no corpo que muitas vezes não se resolve só com academia e é necessário que o paciente passe por mais cirurgias. Além disso, acontece também de pensarem que só pelo fato de emagrecerem vão ter ‘a felicidade de volta’, e nem sempre acontece fácil assim”, explica.
Existem muitas teorias que investigam a origem desses problemas e todas partem da insatisfação. “O contexto social em que vivemos, o acesso fácil a informações equivocadas (fake news) e a crítica de quem está próximo podem ser gatilhos para que a pessoa tenha essa distorção de imagem que acaba se tornando paranoia e obsessão”, explica o psicólogo. Para isso, Guilherme ressalta a importância de um tratamento multidisciplinar, o qual envolve profissionais de diversas áreas, para garantir um atendimento completo.
Estilo e visão empresarial
“O que mais me deixou feliz foi usar uma saia longa e não parecer uma senhora idosa, pois nunca achava peças estilosas que me servissem”. Anajara
Sempre acima do peso considerado padrão, Anajara Moreira Rezende, 47, há quase dois anos criou a Anajô Moda Plus Size para atender a uma demanda que havia no mercado. O seu objetivo era mostrar para todas as mulheres que independentemente de seu tamanho, elas podem ser estilosas e andar bem-vestidas. “Antigamente, era muito difícil achar peças adequadas e bonitas para as mulheres gordinhas. Acredito que o mercado ainda é deficiente nesse nicho e precisa melhorar muito. Por isso, me dediquei nesta área”, diz Anajara.
Dica de moda da Anajô: invista em cores que são tendência sem medo de errar. Pode usá-las intercalando com peças sóbrias. Use estampas de todos tamanhos e, se for listras, aposte no sentido vertical. Macacão já foi tabu, pois muitos achavam que desvalorizava o corpo, mas com um corte elegante ele alonga a silhueta. O mesmo vale para vestido e saia longa. Esta pode ser usada com uma blusa para dentro da peça ou com um cropped. Pochete já foi sinônimo de cafonice, mas existem modelos lindos que ajudam a deixar o look despojado e moderno.
Palavra de estilista
“Aceitar quem eu sou é uma escolha diária e sempre coloco o meu estilo em como me visto”. Samy
“A moda já está lapidando o olhar para os corpos reais. A partir disso é possível unir conforto e personalidade sem precisar estar em um determinado padrão. Isso faz muito bem para a nossa mente e nos tira um peso dos ombros”. É o que diz a estilista Samy Moralles, 34. Para ela, aceitar cada processo de perda ou ganho de peso ou de envelhecimento é uma questão de autoconhecimento muito potente. “Estamos sempre insatisfeitos e a indústria da moda tem sua parcela de responsabilidade. Já me puni muito em relação ao meu corpo. Queria vestir um certo tamanho e acabava me apertando em roupas desconfortáveis”, diz.
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