“Thor adora caminhar com sua cadeirinha em voltas à quadra e na pracinha do Soares bem faceiro”, conta Marcio D’Elia, junto do pet
Cachoeirenses dão exemplo nos cuidados com pets especiais
Você adotaria um animal de estimação? E se ele fosse deficiente? Independentemente de sua forma, cor ou condição física, eles têm muito a nos ensinar. De cadeira de rodas, dois cães são as provas vivas disso! Convidamos dois tutores de pets com necessidades especiais, o cirurgião plástico Márcio D’Elia e a bancária Carina Cristine Cardoso, para compartilharem suas experiências e a rotina de cuidados com eles!
DESCOBERTA PRECOCE
Quando bebê, aos dois meses de vida, o pequeno cão Thor, da raça Dachshund, tornou-se parte da família do cirurgião plástico Márcio Berenhauser D’Elia, 45. Ativo e brincalhão, Thor, hoje aos quatro anos, levava uma vida como outro qualquer pet de sua idade. O que ele não esperava, contudo, é que perderia o movimento das patas traseiras, repentinamente.
DOENÇA GRAVE – “Ele corria e pulava muito, inclusive subia e descia de sofás e camas para ficar ao lado das pessoas ou dormir. Certo dia, notamos que ele não estava bem”, conta D’Elia, que, logo após, encaminhou o cãozinho para tratamento clínico.
Sem melhoras, Thor foi submetido a um tratamento cirúrgico ao ser diagnosticado com hérnia discal toracolombar e com mielomalacia, doença grave hemorrágica da medula espinhal com alto índice de mortalidade.
Os problemas causaram danos permanentes por necrose da medula espinhal, com perda definitiva de movimentos em patas traseiras, retenção urinária e incontinência de fezes, como detalha o médico.
CADEIRA DE RODAS EXCLUSIVA
Após pesquisa na internet, Marcio D’Elia e sua filha Mariana, 11, encontraram uma forma de confeccionar em casa uma cadeira de rodas com canos de PVC e rodas de plástico. Chegada a criação, a cadeirinha tornou-se um meio indispensável para a sua locomoção e fortalecimento.
Além desta, o cãozinho necessita de compressão abdominal para o esvaziamento da bexiga urinária três a quatro vezes diárias, devido à retenção urinária. “Usamos ainda fralda para facilitar a higiene diária, pois não tem controle de esfíncteres. Adaptamos pequenas modificações para atender suas necessidades, e ele segue alegrando nossos corações com sua presença. É um cãozinho alegre, carinhoso e companheiro”.
Resgatado às margens da Avenida Marcelo Gama há pouco mais de um ano, o cão boxer Tigre foi encontrado pela bancária Carina Cristine Cardoso, 36, com ferimentos pelo corpo e debilitado. Já com idade avançada (oito anos), Tigre passou por um atendimento clínico e foi encaminhado para um lar temporário em seguida – a residência de uma amiga de Carina.
DESFECHO FELIZ – “Neste dia, sugeri que ele viesse para minha casa para que eu pudesse levá-lo de carro para as sessões de fisioterapia”, diz ela, que após levá-lo para consulta em um médico neurologista em Santa Maria, recebeu o diagnóstico de que não teria mais chances de voltar a andar.
“Para que ele pudesse ter qualidade de vida o ideal seria adaptá-lo a uma cadeira de rodas – e foi o que eu fiz. Neste período, poucas pessoas demonstraram interesse em adotá-lo e hoje eu já me considero sua tutora”.
Carina Cardoso, com Tigre: “Tudo o que ele precisa é de muito amor e cuidado”
ADAPTAÇÃO NECESSÁRIA
Para ter todas as condições necessárias para viver bem, Tigre tem uma rotina que envolve uma série de cuidados, como a troca de seis fraldas em média por dia, uso de talcos, pomadas e lenços umedecidos para higienização e ração sênior (para cães idosos). “Além de ser colocado e retirado da cadeira de rodas no mínimo três vezes ao dia, e muito carinho”, frisa a bancária.
Em razão de sua condição, Carina precisou ajustar o ambiente para garantir a acessibilidade de Tigre. “Adaptei um cômodo da casa para ele e removi obstáculos do pátio e da casa que possam interferir na sua locomoção”, conclui.
“Geralmente eles são rejeitados pelas suas limitações e acabam sendo abandonados. Adotá-los é uma forma de diminuir seus sofrimentos e dar uma nova chance de serem felizes”. Carina Cardoso