“Os smartphones são capazes de mudar não apenas o que nós fazemos, mas também quem somos”, alerta a psicóloga Rita de Cássia da Cunha
Como as redes sociais estão mudando a nossa vida
Caras, bocas e filtros. Essa poderia ser a síntese das redes sociais atualmente. Com tamanha força, elas podem nos aproximar e dividir em bolhas. Nos informar e desinformar. Nos ajudar e adoecer. “A diferença entre o remédio e o veneno é apenas a dose”, já dizia o dito popular. Essa ambiguidade da internet, suas causas e efeitos, tem sido amplamente estudada por especialistas e autores como Zygmunt Bauman e Yuval Noah Harari.
O Dilema das Redes é o novo documentário da Netflix que está dando o que falar. A produção expõe o lado negativo das redes sociais e seus impactos na humanidade, como o aumento dos casos de ansiedade, depressão e suicídio. Dessa forma, a LINDA conversou com a psicóloga RITA DE CÁSSIA GRÜNEWALD DA CUNHA e a fotógrafa ANELISE GAZZANEO para explicar estes fenômenos e, de quebra, compartilhar dicas para os usuários lidarem com isso. Confira!
O “BOOM” DAS REDES
Diante da expansão das redes sociais, sobretudo com a popularização dos smartphones, a tecnologia vem mais para nos ajudar ou atrapalhar? Segundo a psicóloga Rita de Cássia Grünewald da Cunha, 30, com cinco anos de atuação na área, essa relação é ambígua.
Ao mesmo tempo em que a internet pode nos aproximar, ela pode nos afastar e desencadear doenças e sentimentos negativos. “A tecnologia veio para melhorar muitas coisas, os tratamentos de saúde, atendimentos on-line, realidade aumentada e tantas outras formas de utilização são saudáveis. Mas tem coisas que ela não pode e nem deve mudar. As relações humanas são fundamentais na manutenção da saúde do indivíduo”, enfatiza ela.
FIQUE ATENTO!
“É importante estar atento ao comportamento dos jovens e conhecer os sinais que indicam que estão precisando de ajuda. Os pais devem tentar se comunicar, mostrar-se presentes e dispostos a ouvir. Caso não seja suficiente ou o jovem não se sinta seguro para dar andamento, é importante buscar a orientação de um profissional”. RITA DE CÁSSIA DA CUNHA
OS PRÓS
* Ao passo que as tecnologias surgem, desenvolvemos habilidades para lidar com elas
* Como sociedade, estamos aprendendo a gerir os pensamentos, emoções e comportamentos resultantes destes novos hábitos. Os jovens dominam as tecnologias, mas devem ter cautela
* O Instagram e o Facebook podem ser ótimas plataformas para disseminar o conhecimento
OS CONTRAS
* O uso equivocado das redes sociais pode gerar sofrimento e prejuízo ao indivíduo
* Dentro ou fora das redes, tendemos a achar que a “grama do vizinho é sempre mais verde”. Nem tudo o que vemos nos perfis de outros usuários é realidade. Há edições, filtros e afins
* O fácil acesso à vida dos outros pode potencializar as comparações e autocobranças
3 DICAS DE SAÚDE MENTAL
A psicóloga Rita de Cássia dá dicas para reduzir o desenvolvimento de transtornos mentais causados e/ou potencializados pela exposição disfuncional à internet:
1) Observar a necessidade e o tempo de uso. Para crianças, o ideal é que não passe de duas horas de uso
2) Os pais e responsáveis devem cumprir as orientações de faixa etária de cada rede, bem como verificar a real necessidade da criança em ter ou não redes sociais e o conteúdo consumido
3) Atentar para o que sente ao entrar em contato, quais são as emoções despertadas e o porquê. Estou me comparando? Preciso continuar a consumir isso que me faz mal? É preciso racionalizar seus pensamentos, deixar de seguir e visualizar o que não lhe faz bem
NOVO FILTRO
Nunca esteve tão fácil mudar uma “coisinha” aqui e ali – e até fazer uma transformação completa – nas fotos, em alguns cliques. Prova disso são os filtros do Instagram. Em setembro último, Anelise Gazzaneo Carlos, 28, que é fotógrafa há cinco anos, lançou seu primeiro filtro, o “Ane Presets”, em parceria com a desenvolvedora capixaba Rafaela Viana.
MAKE
INSTANTÂNEA
Segundo a fotógrafa, o filtro oferece a opção de uma maquiagem simples, que inclui rímel, delineador, blush e um batom leve, sem modificar esteticamente o rosto. Quanto às cores da foto, estão disponíveis quatro opções de tonalidades diferentes.
“O filtro 1 realça as cores quentes, o filtro 2 aperfeiçoa os tons terrosos/amadeirados, o 3 tira um pouco do amarelo nos tons de branco e o 4 destaca o contraste entre laranjas e verdes. Podem ser usados tanto para selfies quando para paisagem”, explica.
PRESET,
O QUE É ISSO?
É o conjunto de configurações de filtros e efeitos do software de edição Lightroom, que permite alterar cores, luz, sombras, entre outros recursos na fotografia.
1 PERGUNTA PARA
ANELISE
GAZZANEO,
fotógrafa
Anelise Gazzaneo cria novo filtro para Instagram: mudança sutil na imagem
E quando as pessoas dependem de filtros para se sentirem bem nas fotos?
“O filtro é uma brincadeira, algo momentâneo. Deve-se ter liberdade de usar quando quiser, e não por pressão estética. Se existe algo no nosso corpo que não estamos satisfeitas, devemos procurar entender se é psicológico ou buscar procedimentos estéticos para tal finalidade”.