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Reportagens EDIÇÃO 11 - MARÇO 2008

Ensino superior para todos os bolsos


Buscar financiamentos tem sido a alternativa para muitos estudantes que querem cursar o ensino superior e não conseguem arcar com as mensalidades das universidades particulares

 

Garantir um bom futuro profissional é o sonho de todo jovem que almeja ser independente. A faculdade, um dos caminhos para essa garantia, é uma das opções mais procuradas para a evolução de uma carreira bem sucedida. Contudo, nem todos têm essa chance. Segundo o Censo Escolar da Educação Superior, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), cerca de três milhões de estudantes concluintes do ensino médio estão fora das universidades por não terem condições de pagar as mensalidades, que muitas vezes passam de R$ 1 mil.
O crédito educativo é umas das alternativas para os estudantes que desejem ingressar no terceiro grau mas não conseguiram a aprovação em uma universidade pública. Em 2007, mais de 80 mil bolsas do programa de Financiamento do Ensino Superior (Fies) foram aprovadas, segundo o Ministério da Educação (MEC). Porém, para muitos, mesmo com o benefício da bolsa, fica difícil se manter nas universidades particulares.


 

Renata: mesmo com o Fies está difícil manter-se no curso de Odontologia

 


Esse é o caso da acadêmica do sexto semestre do curso de Odontologia na Ulbra/Cachoeira Renata Vasconcelos Sellani, 21 anos. Mesmo com o crédito do Fies que cobre 50% da mensalidade do seu curso, sua família precisa desembolsar por mês cerca de R$ 900,00 para garantir seus estudos. Além disso, é necessário arcar com os gastos com transporte e com material, que giram em torno de R$ 3 mil por semestre. “Não é fácil. Já pensei em desistir várias vezes, mas decidi seguir me esforçando porque tenho esperança que o esforço vale a pena”, observa. Como seu curso exige dedicação integral, Renata não pode trabalhar para ajudar a arcar os custos e os estágios que faz não são remunerados.
Outra preocupação da acadêmica é a dívida que está se formando com o Fies e que ela precisará pagar após se formar. “As universidades federais estão lotadas de pessoas com condições de pagar uma faculdade particular. Já tentei também conseguir outros tipos de bolsa, mas não consegui. Hoje, vejo que é preciso muita força de vontade e abrir mão de muitas coisas para conseguir me formar”, comenta Renata.



 

FIQUE DE OLHO


Conheça os principais tipos de crédito disponíveis:


PROUNI
O ProUni é uma opção confortável para concluir os estudos em faculdades particulares com segurança. Nele, são oferecidos dois tipos de bolsa: parcial e total. Na primeira, o aluno recebe 50% de isenção e pode financiar o resto através do Fies. Na segunda, não paga nada durante o período em que estiver estudando. A meta do Governo para 2008 é oferecer 180 mil bolsas. Em 2007, 163 mil alunos foram beneficiados. Desde que foi criado, em 2005, mais de 1.400 instituições participam do programa. O aluno deve realizar o Exame Nacional Ensino Médio (Enem) e, se aprovado, fazer inscrição para o ProUni. Mais informações no site www.mec.gov.br/prouni.


FIES
Criado pelo MEC, o Programa de Financiamento Estudantil é destinado a financiar parte da mensalidade do aluno sem condições de se manter matriculado. Esse é o crédito com maior número de procura hoje. Ele já financiou mais de 400 mil alunos desde sua criação, em 1999, de acordo com a Caixa Econômica Federal. Em novembro de 2007 o Governo Federal sancionou sua mais nova lei, que agora amplia para 100% o financiamento das mensalidades, que antes só bancava até 70% do valor do curso. Outra novidade é que o candidato poderá agora ter um conjunto de até cinco fiadores, em vez de um apenas. O período de inscrição é definido pelo MEC. Mais informações no site www.caixa.gov.br/fies.


FUNDAPLUB
A bolsa do convênio Fundaplub é concedida a cada semestre letivo aos alunos matriculados e que apresentam dificuldades de se manter nos cursos de graduação, especialização e mestrado. O desconto oferecido é de 25%. No Rio Grande do Sul existem universidades conveniadas em Santa Maria, Porto Alegre, Canela, Bento Gonçalves e Caxias do Sul. Maiores informações www.fundaplub.com.br


BANCOS
Alguns bancos, através das suas financeiras, também possuem linhas de crédito educacional. A Fininvest, por exemplo, oferece um plano de empréstimos para pagamento de mensalidades com taxas de 3,9% ao mês e prazo de 12 a 36 meses.


PROULBRA
Programa criado pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra). O campus de Cachoeira do Sul ofereceu na primeira etapa do processo seletivo deste ano 26 bolsas em seus 13 cursos. O primeiro colocado recebe desconto de 50% e o segundo de 40% nas mensalidades. Entre as exigências estão ter renda familiar per capita de até três salários mínimos e não possuir formação superior completa. O bolsista também deve cumprir um mínimo de horas semestrais em atividades comunitárias conforme a sua bolsa.


BOLSA SOCIAL
Para alunos carentes, existe uma avaliação sócio-financeira para a concessão da bolsa. Pré-requisitos: estar cursando a partir do 3º semestre e não ter nenhuma dependência no semestre anterior. Está afiliada ao Fies.

 

ATENÇÃO


Dicas para escolha da bolsa


• Fique atento ao contrato. Não assine sem antes ler. Lembre-se que existem bolsas restituíveis e em estilo doação.


• Muitas instituições exigem rendimento de 75% nos estudos. Por isso, cuidado para não reprovar cadeiras e nem ter muitas faltas.


• Se houver necessidade de fiador, cuidado para não ficar com o nome sujo no SPC e Serasa. Alguns créditos não permitem que os pais sejam fiadores. Outros, que o fiador ganhe no mínimo o dobro da mensalidade. Fique atento aos detalhes.


• Algumas universidades aplicam caráter seletivo em suas bolsas. Para isso, o aluno precisa comprovar carência de recursos. Quando preencher a proposta, lembre-se de considerar a renda de toda a sua família, pois isso pode comprometer a veracidade de informações quando for apresentar os documentos.


• Se estiver com dificuldades para pagar o financiamento, tente negociar junto à universidade ou à instituição. Elas costumam ser mais pacientes e compreensivas que empresas de crédito e bancos.


• Se você pratica alguma atividade antes de entrar na universidade ou tem talento para artes, se informe sobre programas de bolsas artísticas ou de esportes. Em algumas faculdades, a bolsa pode chegar a 100%.


• Na hora de se candidatar a uma bolsa, prefira as instituições sem fins lucrativos às empresas de financiamento e bancos. As primeiras não cobram juros além da inflação e não procuram obter lucro com o crédito.



 

De acordo com o MEC, 36% das vagas do ensino superior estão desocupadas por causa da dificuldade em pagar as mensalidades e a falta de busca de informações dos alunos. Mesmo com algumas burocracias, o financiamento estudantil é a saída adequada para não abandonar a universidade. Portanto, passar no vestibular nem sempre garante o começo de uma nova e melhor realidade. É preciso planejar a vida universitária para garantir uma trajetória acadêmica sem dores de cabeça, correndo atrás dos financiamentos e cumpri-los, para não se endividar no futuro. O crédito educativo, apesar dos trâmites burocráticos, ainda é o caminho para aqueles que vêem nos estudos a chance de subir mais um degrau na busca pelo sucesso na profissão escolhida.






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