Cachoeirenses que dão show no futebol e no futsal
Maristela Schneider: “Cachoeira tem meninas craques de bola, que jogam campeonatos respeitados, mostrando um belíssimo futebol”
Um dos destaques deste ano foi o esporte feminino – e esse é apenas o começo. Há 40 anos, as mulheres eram proibidas por lei de jogar futebol no Brasil. Em 2019 pudemos assistir pela primeira vez em TV aberta à Copa do Mundo Feminina. Hoje elas estão ocupando espaços predominantemente masculinos, rompendo barreiras e avançando na igualdade dentro e fora do campo. Marta – eleita seis vezes melhor jogadora do mundo e maior artilheira de todas as Copas – e tantos outros nomes provam que sim, lugar de mulher é onde ela quiser. E elas têm muita bola no pé! A LINDA convidou 11 leitoras apaixonadas por futebol e futsal para contarem suas experiências com os esportes. Confira!
Livro na mão e bola no pé. Quando não estão envolvidas com as atribuições no Ministério Público de Cachoeira do Sul, promotoras, servidoras e estagiárias estão em campo representando o time feminino da Promotoria. Duas destas atletas são as promotoras de Justiça MARISTELA SCHNEIDER, 37, e DÉBORA JAEGER BECKER, 34.
“Esse é o meu esporte favorito. O futebol é uma forma saudável e prazerosa de sair do estresse do trabalho e da rotina, bem como de fortalecer amizades e ao mesmo tempo manter corpo e mente saudáveis. É um momento de total higienização mental para mim”, diz a promotora Maristela, adepta ao futebol desde o período escolar.
Fundado em 2017, o time da Promotoria de Justiça foi criado com o intuito de participar da Copa do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP/RS), que nesta edição contou com 51 atletas de quatro equipes femininas. “Treinamos e jogamos durante o ano em Cachoeira do Sul e participamos da Copa MP/RS anualmente em Porto Alegre”, conta.
“Tem muitas mulheres que sabem jogar bola e mantêm seus times com rotina de treinos mesmo com as dificuldades”
Já a promotora Débora Becker leva o futebol como um desafio pessoal. “Comecei a jogar quando o time da Promotoria inscreveu-se para a segunda edição da Copa MP/RS. No primeiro ano tive vergonha e não participei por achar que faria feio porque nunca havia jogado. Comecei a treinar todos os dias, mesmo quando o time não se reunia, de tanto que gostei, incentivada pela minha família. A experiência foi sensacional e viciante”, conta ela, que notou os benefícios instantaneamente na saúde com a prática: “Meu corpo, meu sono e meu condicionamento físico mudaram muito”, fala.
Longe das quadras desde a descoberta de uma gravidez no final do último ano, Débora aguarda ansiosa pelo seu retorno ao esporte. “A tímida presença feminina no futebol, as dificuldades, as limitações e o preconceito podem ser barreiras enormes e quase intransponíveis. Até vencê-las, podemos nos permitir encarar o desafio de colocar o corpo em movimento, suar, brincar, sentir a adrenalina de desafiar os limites e, com muita diversão, dar saúde ao nosso corpo com um esporte que pode ser, e é, de homens e mulheres”, finaliza.
FÃ DO ESPORTE
“Esporte é vida, algo indispensável”, diz Wana Luchese Willig
Motivada pela criação do time da Promotoria, a funcionária pública estadual WANA LUCHESE WILLIG, 37, decidiu integrar a equipe para competir na Copa MP/RS, campeonato entre as promotorias de todo o estado.
Sem jogar em um time fixo, apenas eventualmente em jogos marcados entre amigas, a relação de Wana com o esporte começou ainda na infância. “O futebol sempre foi uma paixão como torcedora, de assistir a jogos, ir ao estádio... mas quando começamos a treinar e eu fui aprendendo a ter as noções básicas do jogo, não consegui mais parar de praticar, é um esporte viciante”, diz ela.
JOGADORA PROFISSIONAL
Deisi Maria: residiu em Cachoeira e jogou em times daqui
Atleta do Grêmio Futebol 7 Feminino, DEISI MARIA DA ROSA, 19, reside em Alvorada. Sua trajetória no esporte começou há dois anos, quando entrou para o Internacional numa peneira (seleção nas categorias de base) com 720 meninas.
Deisi, que atua como atacante ou meia-esquerda, conquistou três títulos do Campeonato Gaúcho com o Inter e um troféu de destaque regional de futebol feminino. Já no Grêmio, ela ganhou o Gauchão de Futebol 7, etapa essa que lhe rendeu o título de vice-campeã da Copa Sul-Americana, no Uruguai.
Inspirada por Marta, é estagiária no futebol e em empresa de outro ramo, onde também recebe apoio em busca de seu sonho. “Marta, Formiga, Amandinha, do futsal, Aninha e Marina, do futebol 7, e tantas outras jogadoras comprovam que sim, as mulheres podem jogar, e o fazem muito bem. Persistência é a palavra”, declara.
TREINADORA DE TIME FEMININO E MASCULINO
Ana Paula Melo: “Podemos estar onde quisermos”
Para ANA PAULA MELO, 35, assessora parlamentar, a paixão pelo esporte nasceu com o pai Valdemar, 65, apaixonado pelo Grêmio, e cresceu junto do irmão Mateus, 34, que jogou profissionalmente pelo juvenil do Bahia. “Participava dos jogos na escola, porém, como o futsal ainda não era ensinado às meninas, comecei no handebol e no vôlei. Na Ulbra surgiu a oportunidade de jogar futsal na equipe feminina, por volta de 2005. Joguei vários campeonatos regionais e estaduais e ganhei medalhas como goleira e capitã do time”, conta ela.
Ana Paula é treinadora do Celebra Futsal Feminino, time cachoeirense onde já conquistou duas vezes o Campeonato Municipal – sendo as atuais bicampeãs – como atleta. Ela também foi treinadora da equipe masculina Jaguares em 2018, ano da Terceira Divisão do Campeonato Municipal, garantindo acesso à Segunda Divisão.
CRAQUE DO FUTSAL
Caciele Rodrigues com a Taça Outubro Rosa 2018: “O futebol feminino está crescendo e necessita de apoio e reconhecimento”
Do Gauchão ao Estadual de Futsal Feminino, a professora de Educação Física CACIELE KARASKY RODRIGUES, 24, teve o contato com o esporte pela primeira vez aos 12 anos de idade, na Escola Angelina Salzano Vieira da Cunha, e nunca mais parou de jogar.
Jogando pelos times Celebra Futsal Feminino, de Cachoeira do Sul, e Pongaí, de Arroio dos Ratos, Caciele analisa que essa atividade, assim como o futebol, lhe permitiu rodar o estado e conhecer atletas do meio, aumentando, assim, a sua paixão pelas quadras. “A atividade física em si contribui, e muito, para a formação do cidadão, além dos inúmeros benefícios à saúde. No esporte não existe exclusão, tem espaço para todo mundo”, diz.
ATIVISTA DO
ESPORTE
“O futsal feminino conquistou o seu espaço, porém há muito ainda o que avançar”, diz Liah Nunes, com os troféus de bicampeã e vice-campeã municipal de 2018 e 2019
Participante de torneios do município e da região central do estado, LIAH NUNES, 35, joga na posição de ala-esquerda pelo Celebra Futsal Feminino, mas seu apreço pelo esporte começa desde a infância através de seu pai Adair da Silva, 75, ex-treinador de equipes.
Hoje, a auxiliar de escritório acumula títulos no futsal, entre eles dois campeonatos municipais e Setembrino de Cachoeira do Sul, além de sagrar-se campeã em campeonatos nas cidades de Santa Cruz do Sul, Butiá, Candelária e Cerro Branco. “Junto ao time, nosso desejo é participar de torneios e campeonatos maiores e mais longe visando a valorização do futsal feminino”, fala.
FUNDADORA
DE TIME
Marinês Stringuini: “O futsal nos une dentro e fora das quadras”
Há 14 anos, a empresária MARINÊS ALVES STRINGUINI, 48, a Neca, montou a equipe de futsal feminino Moça Bonita (inspirada no nome de sua loja) como uma brincadeira entre amigas, e deu certo. Duas vezes por semana elas costumam se reunir para jogar. Neste ano, o time participou pela primeira vez do Campeonato Citadino de Cachoeira do Sul. “No mundo de hoje, o futsal feminino conquistou seu espaço, as chances estão bem maiores, dando possibilidade a esse esporte, que está crescendo muito”, diz.
MUSA GREMISTA
“A mulherada está abraçando o futebol”, diz Greice Moreira, com a faixa de Musa Gremista 2014
“A caminhada no futebol feminino ainda é longa, mas já avançamos muito”. Com esse pensamento, GREICE PANTA MOREIRA, 31, atendente de agência lotérica, segue firme no esporte há 11 anos.
“Hoje temos vários times bons em Cachoeira. O futebol e futsal femininos não estão deixando nada a desejar para os masculinos. Espero ver mais mulheres jogando, e por que não em campeonatos mistos?!”, finaliza.
PASSAGEM PELO INTER
Janaina Silveira: “Quero formar uma categoria de base feminina”
JANAINA FERREIRA SILVEIRA, 38, já jogou na categoria de base do Internacional, que lhe consagrou um título quadrangular com equipes internacionais em 1999. A funcionária pública também passou por outros times jogando profissionalmente. Pelo Sarandi de Porto Alegre, foi vice-campeã praiana (2001), disputando com mais de 68 equipes, e tricampeã do municipal de campo de 2016 a 2018.
Foi também vice-campeã de futsal em 2017 jogando pelo Atlético e pelo Canto do Rio, times amadores cachoeirenses, conquistando medalhas de torneios regionais e escolares. Atualmente, Janaina joga pelo Moça Bonita e pelo Botafogo Futebol Clube. “Com o esporte aprendi a ter responsabilidade de treinos, coletividade, pois ninguém joga sozinho por melhor que seja”, diz.
DO COLÉGIO
PARA A VIDA
“Quero levar minha equipe mais longe”, diz Alexia Lopes
Com apenas oito anos de idade, a engenheira civil ALEXIA DE SOUZA LOPES, hoje com 22, já jogava futsal. “Lembro que gostava de chegar mais cedo no colégio para ficar jogando com os meninos antes da aula”, recorda.
“Posteriormente fui acumulando histórias e medalhas e não abandonei mais o esporte”, conta ela, que atualmente treina com a equipe do Atlético e do Moça Bonita.