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Reportagens Edição 141 - novembro de 2019

GUIA MÉDICO


Especialistas dão dicas essenciais para manter a saúde em dia

 

GENARO PEREIRA TROJAHN, 37, médico urologista, especialista em cirurgia geral, com 14 anos de formação


Na correria do cotidiano, cuidar de si pode ser uma tarefa difícil. Normalmente as pessoas fazem exames e consultas médicas apenas quando estão com sintomas, mas, por vezes, algumas doenças podem ser identificadas antes. Pensando nisso, a LINDA montou um cronograma com os exames que devem ser feitos periodicamente.
 

SAÚDE DO HOMEM

No mês da campanha de conscientização a respeito de doenças masculinas, o Novembro Azul – com ênfase na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de próstata –, ou em qualquer outra época do ano, a figura do médico urologista é de suma importância. A incidência desta doença aumenta a partir dos 45 anos em homens com fatores de risco e dos 50 em homens sem antecedentes familiares. A partir dos 65 anos de idade pode-se diagnosticar aproximadamente dois terços dos casos. São fatores de risco identificados: idade, história familiar (hereditário), indivíduos da raça negra, obesidade e hábitos alimentares.
 
A primeira avaliação pelo urologista deve ocorrer ainda na infância, permitindo identificar alterações anatômicas no pênis e testículos. Nessa fase é possível orientar, diagnosticar e tratar patologias como fimose, hipospádias, criptorquidia e varicocele, entre outras. A necessidade de realizar exames está relacionada às queixas do paciente e à idade do mesmo, sendo extremamente importante a consulta médica com objetivo de coletar a história da doença atual, assim como antecedentes patológicos e familiares, também permitindo um exame físico adequado. Dessa forma, não há uma regra relacionando a idade do indivíduo e os exames necessários, devendo ser individualizada e ponderada a indicação de cada exame.

Os cuidados são variados, estando relacionados a cada etapa de vida do indivíduo. No adulto jovem, por exemplo, deve haver o autoexame dos testículos visando descartar tumores em fases iniciais. A ingestão de quantidade adequada de água (mínimo de dois litros por dia) é importante para evitar a litíase urinária (cálculos das vias urinárias). A avaliação urológica para rastreio do câncer de próstata é mandatória, pois permite diagnosticar a doença numa fase precoce, onde as chances de cura chegam perto de 90%.
 
 
SAÚDE BUCAL
CARINE SILVA SOARES, 29, cirurgiã-dentista, especialista em ortodontia e mestre em odontopediatria, com sete anos de formação

Não existe uma recomendação universal sobre a frequência de visitas odontológicas. A orientação depende da qualidade da saúde bucal do indivíduo. Pacientes com maior incidência de cáries e/ou sangramento gengival devem realizar mais visitas anualmente, no mínimo duas vezes ao ano (seis em seis meses), ou até mais.

A doença cárie afeta indivíduos de todas as idades que apresentem dentes naturais. Ela é considerada multifatorial, ou seja, hábitos de higiene, dieta rica em sacarose, pH da saliva e presença de determinados microrganismos são fatores que determinam a sua existência. A perda de um elemento dentário, seja na infância ou na vida adulta, poderá acarretar em problemas de oclusão, fonação, mastigação e dor na articulação temporomandibular, além de perda de autoestima e vergonha ao sorrir.


CORAÇÃO SAUDÁVEL

DIEGO FACCIN CAZAROTTO, 37, médico cardiologista, com especialização no Hospital Universitário de Santa Maria e no Instituto de Cardiologia de Porto Alegre, com sete anos de atuação

De forma geral, recomenda-se que o check-up de rotina seja realizado a cada dois anos em pacientes abaixo de 50 anos e anualmente para quem tem acima dessa idade. Nestas consultas deve-se buscar ativamente avaliar sedentarismo, tabagismo, erros alimentares, hipertensão arterial, dislipidemia, obesidade e histórico familiar de doenças cardíacas em familiares de primeiro grau. As dosagens de laboratório incluem glicemia de jejum, perfil lipídico, eletrocardiograma e função renal, entre outras.
 
Os principais problemas cardíacos do dia a dia são hipertensão arterial, doença arterial coronariana (infarto/angina), insuficiência cardíaca e arritmias. De causas variadas, geralmente refletem fatores genéticos e/ou alimentares, sedentarismo e hábitos como fumo e álcool. O paciente e seu médico devem estar atentos a cansaço desproporcional para esforços, dor no peito, formigamento nos braços e pescoço ao realizar atividade física, falta de ar para ficar deitado, inchaço nas pernas e desmaios, entre outros.
 
 

APARELHO DIGESTIVO

FLÁVIO MACHADO LIMA, 44, médico pela UCPel, especialista em cirurgia digestiva, em gastroenterologia, em endoscopia digestiva (alta/colonoscopia) e em cirurgia geral na área de videocirurgia, com 18 anos de formação

Atualmente, os exames mais indicados no aparelho digestivo são endoscopia digestiva alta e colonoscopia. A endoscopia digestiva alta é indicada após os 45 anos, ou independentemente da idade se há sintoma persistente ou sintomas de alarme, como perda de peso, anemia, dor epigástrica (na região superior e média do abdome) e vômitos persistentes e história familiar de câncer do trato digestivo alto (esôfago, estômago ou duodeno). Em lugares com alta incidência de câncer gástrico indica-se iniciar a endoscopia após os 40 anos.
 
O exame de colonoscopia está indicado a partir dos 45 anos independentemente de sintoma (para screening, ou rastreamento de doenças) – como nova orientação da Sociedade Americana de Gastroenterologia devido ao número crescente de tumores em pacientes mais jovens –, apesar de que ainda no Brasil a indicação é a partir dos 50 anos. 
O exame independe da idade desde que o paciente tenha sangramento pelo ânus, alterações do hábito intestinal, diarreia crônica, acompanhamento de pólipos, dores abdominais crônicas, suspeita de doença inflamatória intestinal, investigação de anemia e história familiar de neoplasia colorretal. Quem tem história familiar positiva para câncer colorretal em parentes de primeiro grau deve iniciar aos 40 anos ou 10 anos antes da idade do diagnóstico do familiar portador da doença.
 
 

VACINAS EM DIA

ANDRÉA CORRÊA SANTOS, 47, enfermeira epidemiologista especialista em saúde da família, atuando na saúde pública há 21 anos

 

As vacinas permitem a prevenção, o controle, a eliminação e a erradicação das doenças imunopreveníveis, assim como a redução da mortalidade por certos agravos. A vacina que deve receber reforço de 10 em 10 anos é a contra o tétano e difteria, a DT. Elas não precisam de prescrição para serem aplicadas, ressalvo em raras exceções.

 

Médicos infectologistas, pediatras e obstetras, assim como todas as especialidades médicas, e os demais profissionais de saúde estão aptos a dar orientações e indicar as vacinas do calendário nacional de vacinação do Programa Nacional de Imunizações (PNI) na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). A população pode se informar na Secretaria Municipal da Saúde (SMS) ou se encaminhando diretamente a uma sala de vacina nas unidades de saúde (US) e estratégias de saúde da família (ESF), onde receberão as informações das equipes. Informações gerais são encontradas no site e em redes sociais oficiais do Ministério da Saúde.

 

Doenças perigosas e altamente contagiosas podem trazer grandes prejuízos sociais, gerando surtos com óbitos, como o caso de sarampo e febre amarela. O compromisso com a vacinação é um direito e um dever de todos. Existem leis de proteção à criança que garantem a vacinação, e quando não são cumpridas, as famílias podem sofrer penalidades. Não compartilhe informações que não são de fontes reconhecidas, evitando compartilhar mensagens falsas. Acesse o calendário nacional de vacinação de 2019 através do link https://bit.ly/2m9Xexs.

 
 
EXAMES DE ROTINA
ALEXANDRE PEDROSO LEMOS, 30, médico clínico geral, especializando em medicina de família e comunidade, com um ano de atuação

O médico clínico geral deve ser procurado sempre que começar com algum sinal ou sintoma novo no corpo, ou pelo menos uma vez por ano para exames de rotina, de modo a diagnosticar precocemente doenças ditas “silenciosas”.
 
Exames de rotina são necessários anualmente a partir dos 30 anos de idade. Antes disso somente são solicitados conforme sinais/sintomas das crianças, adolescentes e adultos jovens. Os exames de rotina incluem função renal, função hepática, hemograma, função da tireoide, perfil lipídico, perfil glicêmico e ecografia de abdome total. Em pacientes tabagistas indica-se raio-X de tórax para diagnosticar câncer de tórax precocemente.
 
Homens acima de 40 anos devem realizar exame do antígeno prostático específico (PSA) e/ou ecografia de vias urinárias caso tenha sintomas urinários. Estes são exames iniciais para ver se o paciente está com hiperplasia da próstata ou câncer de próstata. Uma dica fundamental é ter organizado (em receitas ou em um papel do próprio paciente) os nomes, doses, número de comprimidos e horários de cada remédio. Pode inclusive estar escrito a lápis, pois a cada nova consulta médica pode ser necessário trocar de medicamento ou simplesmente a dose, o número de comprimidos ou os  horários.
 

SAÚDE DA MULHER

LEISA MARIA BEHR GASPARY, 46, médica especialista em mastologista pela Sociedade Brasileira de Mastologia e em ginecologia e obstetrícia pela Febrasgo, com 22 anos de formação 

 

O mês de outubro é conhecido pelo movimento de conscientização e prevenção do câncer de mama, o Outubro Rosa, mas a atenção e os cuidados essenciais com a saúde feminina seguem. A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) recomenda o exame de mamografia a partir dos 40 anos de idade anualmente. A mamografia é o exame padrão ouro na detecção precoce do câncer de mama, o mais frequente nas mulheres após o câncer de pele não-melanoma. Pacientes com histórico familiar da doença devem realizar a mamografia com 10 anos de antecedência do parente de primeiro grau acometido pela doença. A detecção precoce aumenta as chances de cura e cirurgias conservadoras – quanto menor o tamanho do tumor, maior o índice de cura. A incidência do câncer de mama está relacionada a fatores genéticos, socioeconômicos, menstruação precoce, menopausa tardia e tabagismo, entre outros.
 
A ultrassonografia também é importante para a mastologia. Pacientes jovens devem realizar o exame e outras pacientes precisam complementar a mamografia com a ultrassonografia mamária – no caso de mama com predomínio do tecido fibroglandular (mama densa). Quanto à ginecologia, mulheres sexualmente ativas devem fazer exame do colo do útero, geralmente feito através da realização de um exame conhecido como preventivo ou papanicolau. Esse tem o objetivo de detectar os primeiros sinais de desenvolvimento de câncer de colo de útero. O autoexame da mama (toque) deve ser feito uma semana após a menstruação. Em alguns casos deve ser feito um conjunto de exames laboratoriais.





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