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Reportagens Edição 139 - setembro de 2019

Mamães jovens


Leitoras compartilham experiências e falam sobre apoio familiar

 

 

“Constituí uma família, eu e meus três filhos. Eles são absolutamente tudo na minha vida”, diz Mariana, junto de Maria Luisa, João Paulo e Maria Paula          


 

Muitas mulheres decidem encarar a maternidade na fase adulta, após adquirir certa estabilidade profissional e econômica. Outras, no entanto, assumem esse ofício mais cedo, inclusive na juventude. Esse é um tema que permanece tabu, sendo uma questão de saúde pública de caráter social e que está associada aos casos de abortos clandestinos, crimes sexuais e abandono paterno. Por outro lado, para algumas dessas mulheres, tornar-se mãe nessa fase da vida propiciou maior aprendizado e maturidade e a descoberta do amor incondicional.

 

 

MISSÃO ESPECIAL

 

A assistente social MARIANA TORRES DA SILVA, 38, viveu a experiência de tornar-se mãe de Maria Luisa aos 18 anos de idade. “Na época, os planos eram ir morar em Porto Alegre, realizar cursinho e prestar vestibular para faculdade de Direito. Com a notícia da gravidez, estes planos necessitaram ser reajustados. Meus pais me apoiaram e abraçaram minha gravidez, aí então eu percebi que não precisava de mais ninguém naquela missão”, conta. Hoje, Maria Luisa está com 19 anos e é irmã de João Paulo, 7, e Maria Paula, 4.

 

Conforme a assistente social, tornar-se mãe solo na juventude não era comum como hoje, sendo necessário enfrentar o peso do julgamento alheio. “É muito difícil ser mãe jovem, muitas vezes não temos maturidade para enfrentar as adversidades do ofício. Mas tenho pra dizer que minha história é linda, e que deu certo”, completa.

 

 

“Tornar-se mãe jovem é amadurecer e assumir responsabilidades cedo”, fala Alice, junto dos filhos Johnathan, Nicholas e Ney

 

DIFERENTES GERAÇÕES


Com 16 anos de idade, ALICE TREVISAN JOÃO tornou-se mãe de Johnathan Reinbrecht. A advogada, hoje aos 48 anos, casou com o então namorado à época e passou a residir em Porto Alegre. “A gravidez não foi planejada e longe da família, mas meus pais me apoiaram em todas as decisões tomadas. Comecei a trabalhar cedo e aos 20 anos me separei”, conta ela, que logo após retornou aos estudos.

 

 

Atualmente, Johnathan está com 31 anos, é professor de Língua Inglesa e formado em comércio exterior. Alice é casada com Jeferson Valter Jacques Teixeira, 42, supervisor da RGE, e mãe também de Ney Silveira da Rosa Azeredo, 19, e Nicholas João Teixeira, 12, estudantes. “A convivência familiar com meus filhos é ótima, todos temos liberdade de expor nossos pontos de vista e conversamos sobre tudo”, diz a advogada, que deixa um conselho às mães jovens: “Não deixe de estudar, procure ter uma profissão e dê muito amor a esta criança que você gerou”.

 

 

 

SITUAÇÃO EM CACHOEIRA

 

Até o dia 6 de agosto deste ano foram atendidos 15 casos de gestantes adolescentes no Hospital de Caridade e Beneficência (HCB). Em 2018 foram atendidas 50 gestantes de 13 a 17 anos de idade.

 

Fonte: Mariana Torres da Silva, assistente social atuante no HCB

 
 
 
NO PAÍS 
 
O Brasil tem 68,4 bebês nascidos de mães adolescentes a cada mil jovens de 15 a 19 anos, diz relatório da Organização Mundial da Saúde. O índice brasileiro está acima da média latino-americana, estimada em 65,5. A maior incidência de gravidez na adolescência ocorre entre jovens de classes mais pobres e deve-se principalmente à falta de acesso a métodos contraceptivos.
 
 
 
* COMO MUDAR 
 
Conforme Mariana Torres, esses são dados alarmantes que reforçam a importância do conhecimento dos direitos a saúde sexual e reprodutiva, o que engloba também a conscientização familiar e a orientação sexual por profissionais habilitados, além da implementação de políticas públicas que atendam as especificidades dessa população.
 
 
 
ABORDAGEM PSICOLÓGICA 
 

“O acompanhamento psicológico é muito importante para todas as gestantes por se tratar de uma mudança muito significativa na vida desta mulher. Na adolescência, em que na maioria dos casos se trata de uma gravidez não planejada, o acompanhamento psicológico trará maior estabilidade emocional, preparando essa ‘menina’ a ser uma mãe mais segura e fortalecida”. 

Cecília Chaves, 49, psicóloga, especialista em gestão de pessoas, sendo 18 anos de atuação





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