Grisalhas, COM ORGULHO
Histórias de mulheres que decidem assumir os cabelos brancos
O tabu de que cabelos brancos são sinônimo de descuido e de velhice já foi quebrado. Mulheres de variadas idades assumem a beleza natural dos cabelos, dispensando tinturas e procedimentos químicos. Adeptas a esse movimento, como as famosas Fernanda Montenegro, Vera Holtz e Meryl Streep, mostram que o processo de transição capilar dos cabelos coloridos (naturais ou não) para os brancos está além de uma decisão estética individual. Também é um sinal de atitude, empoderamento e estilo.
“Agora meus cabelos significam liberdade de expressão, liberdade dos padrões. Me sinto moderna e mais jovem”. Fernanda Scarparo Boeck
LIBERDADE DOS PADRÕES
Há um ano e meio, a médica psiquiatra Fernanda Scarparo Boeck, 47, iniciou o processo de transformação para assumir os cabelos brancos. A ideia ganhou reforço pelo incômodo com o tempo dispensado e o custo elevado para tingir e fazer mechas. “Cheguei a ficar cinco horas num salão de beleza. Como minha agenda é bastante corrida, isto começou a me incomodar”, conta Fernanda, que também decidiu inovar no corte, aderindo ao undercut (raspado na lateral e topete volumoso).
“Além de prático para manter, é muito mais econômico. Nem lembrava mais a cor do meu cabelo! Sugiro às mulheres que sentem vontade de assumir os cabelos brancos que o façam. Tenho certeza de que se sentirão livres, felizes e interessantes”, confirma.
DE VOLTA ÀS ORIGENS
Os fios brancos fazem parte da vida de Beatriz dos Santos Radünz, 52, turismóloga e consultora de beleza, há cerca de um ano. Residindo atualmente em Fortaleza, no Ceará, Beatriz encara a beleza com naturalidade. “Meu tom de cabelo é um loiro acinzentado, pois tenho origens germânicas e italianas. Por alguns anos usei química nos fios com luzes, reflexos e mechas, mas decidi assumir o meu cabelo de forma natural e não me arrependo”.
“Aqui é verão o ano todo, então preciso de praticidade. Também preciso estar sempre me sentindo segura em relação a ele”, fala Beatriz, que não abre mão de hidratação eventual, corte e uso adequado de xampu, o qual ela aplica o de bebê ou o matizador caseiro.
“O cabelo natural é libertador e muito prático. Me sinto linda e moderna”. Beatriz Radünz
RESGATE INTERIOR
Em suas viagens ao exterior, o aumento de mulheres grisalhas de idades distintas pelas ruas despertou a atenção de Juliana Berthier Florence, 62, professora na Lesson Idiomas, que já vinha pensando em dar vida à cor natural de seus cabelos. “Contra muitas opiniões, inclusive da família, tomei essa decisão que estava amadurecida fazia tempo”, conta ela. “Agora estou como eu sou, natural, e desfruto desta fase procurando estar sempre melhor”, diz Juliana, que não dispensa os cuidados necessários, como corte, hidratação e uso de xampu especial.
Juliana Florence: “Meus cabelos grisalhos representam uma atitude contemporânea e um resgate de mim mesma”
PALAVRA DE ESPECIALISTA
A moda influencia o público com sugestões e não dita regras como em épocas anteriores, e essa relação se aplica aos cabelos, levando as mulheres a aderirem aos brancos, seja por questões alérgicas, seja por praticidade ou economia. É o que diz a cabeleireira Tatiana Proença da Silva, 42, do espaço Espelho Mágico, com 26 anos de atuação.
Segundo ela, alguns cuidados devem ser mantidos para manter a saúde dos fios naturais: “Existem xampus, máscaras e tonalizantes que usamos para tirar o amarelado, que normalmente ocorre em grisalhos, e dar brilho e maciez, pois os brancos normalmente têm uma textura mais áspera”.
“O grisalho, com um corte adequado ao cabelo e estilo da pessoa, explora a beleza individual da mulher ou do homem sem achar que ‘parecer mais velho’ é algo ruim”, diz a cabeleireira Tatiana Proença
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