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Reportagens Edição 129 - outubro de 2018

Cuide DE SUAS PERNAS


Varizes atingem quase metade da população. Mulheres são as mais prejudicadas

 

Nos meses de calor as mulheres podem enfrentar um grande incômodo ocasionado pela presença das varizes, dispensando, muitas vezes, o uso de saias, shorts e biquínis por afetar a sua aparência. Essas veias dilatadas de cor azulada, arroxeada ou avermelhada e de aspecto dilatado e granuloso surgem com mais frequência no calor, junto os sintomas de dor, inchaço, sensação de peso e queimação. Estima-se que as varizes atinjam 45% das mulheres e 30% dos homens no Brasil, principalmente a partir dos 30 anos de idade, podendo acometer até os jovens. O público feminino, no entanto, é o mais propenso ao desenvolvimento da doença.
 

 

“Para tratar as varizes não basta apenas secar vasinhos, pode haver necessidade de procedimentos adicionais para atingir o objetivo de pernas bonitas e com aspecto saudável, por isso a importância de realizar o tratamento com um profissional habilitado”. Lara Rech Poltronieri, médica angiologista


 

O QUE SÃO AS VARIZES

 

Segundo a médica angiologista LARA RECH POLTRONIERI, 31, com sete meses de atuação no Centro Clínico do HCB, a insuficiência venosa crônica, manifestada através das varizes, é uma doença crônica e que pode ser progressiva. “O mecanismo da doença consiste em falha do retorno venoso ao coração com consequente acúmulo de sangue nos membros inferiores. A parede da veia adoece, provocando a sua dilatação e tortuosidade. O relevo que ocorre nas pernas com varizes é a veia dilatada com sangue acumulado”, esclarece.
São recorrentes também sinais e sintomas como formigamento, câimbras musculares, latejamento, prurido cutâneo, inquietação, cansaço ou fadiga das pernas. “Tais sintomas tendem a se acentuar ao longo do dia, especialmente após longos períodos em pé e melhoram com a elevação dos membros”, explica ela.


OS NÚMEROS

Graus leves da doença, como as telangiectasias (popularmente conhecidos como vasinhos) podem ocorrer em até 80% da população. Graus intermediários, que são as varizes propriamente ditas, ocorrem em 20 a 60% dos casos. Graus avançados, manifestados através de úlcera varicosa ocorrem em até 5%.


POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES

As complicações mais frequentes dos pacientes com varizes são a tromboflebite superficial (sangue coagulado dentro da veia varicosa), que manifesta-se com dor, inchaço e vermelhidão, formando um ‘cordão varicoso’ inflamado, conforme explica a médica.
“Além disso, pode ocorrer sangramento de veias superficiais, inflamação da pele manifestada através de coceira e escurecimento da pele principalmente na região do tornozelo, com progressão para úlcera varicosa, que é o estádio mais avançado da doença”, alerta.


TRATAMENTO

Conforme Lara, as varizes e vazinhos podem ser tratados de maneiras diferentes. As principais são:


CIRURGIA CONVENCIONAL: consiste na remoção da veia doente. Essa veia não fará falta, pois ela não está desempenhando o seu papel de forma correta e retirando-a o organismo encontra novos caminhos saudáveis para o retorno venoso;

ESCLEROTERAPIA COM ESPUMA:
técnica que consiste na aplicação de uma substância popularmente conhecida como “espuma” nas veias varicosas. O objetivo do tratamento consiste no fechamento da veia, o que irá desencadear um processo de cicatrização da mesma, que ficará fina e sem a circulação de sangue, como se fosse um cordão.

“A vantagem da técnica é que pode ser realizada de forma ambulatorial e o paciente sai do procedimento caminhando, podendo voltar à rotina normal no mesmo dia”, frisa.

TERMOABLAÇÃO: essa é a técnica mais moderna, a principal realizada nos Estados Unidos para o tratamento de varizes. Consiste na passagem de um cateter por dentro da veia e através do laser ou da radiofrequência é realizada a termoablação da veia doente, atingindo temperaturas de até 120 graus. A vantagem desta técnica é a recuperação mais rápida que a cirurgia convencional e retorno mais breve às atividades.




Direita: veia normal. Esquerda: veia dilatada, tortuosa e com retorno venoso insuficiente



MITOS E VERDADES

. O uso de salto e calças apertadas e o hábito de cruzar as pernas quando sentado (a) não aumentam a chance do desenvolvimento de varizes

. Ficar em pé muito tempo não causa varizes, porém piora os sintomas de quem já tem a doença

. Os dados quanto a participação do fumo, dos anticoncepcionais e da terapia de reposição hormonal na origem da doença venosa permanecem controversos

Fonte: Lara Rech Poltronieri




Termoablação de veias varicosas



FATORES DE RISCO E PREVENÇÃO

O aumento da idade, número de gestações, obesidade e o histórico familiar são fatores de risco para o desenvolvimento da doença. “A chance de um filho desenvolver varizes quando os dois pais são afetados pode chegar a até 90%”, ressalta.

O surgimento das varizes, na maior parte das vezes, ocorre ainda na idade jovem. Segundo Lara, as telangiectasias (vasos finos existentes na superfície da pele) podem ser os primeiros sinais de uma doença varicosa insipiente, principalmente nas pacientes do sexo feminino. “No entanto, a maior parte das pacientes que tem microvarizes não irá desenvolver as varizes propriamente ditas”, salienta.

SAÚDE DAS PERNAS – Conforme a médica, não existe uma prevenção específica para varizes, pois a sua principal causa é genética. No entanto, para os pacientes com varizes amenizarem os sintomas, em qualquer estágio de apresentação, a prática de atividade física é uma forte aliada, atém de ser importante para o sistema cardiovascular. “Auxilia no retorno do sangue ao coração, evitando o acúmulo nessas veias dilatadas. Podemos chamar a panturrilha de ‘coração da perna’, ela bombeia o sangue das pernas de volta para o coração, porém necessita estar em movimento para executar essa função”, acrescenta Lara.




MICROVARIZES



VARIZES




ÚLCERA VENOSA


CRÉDITO DAS FOTOS: IMAGENS CEDIDAS PELA DRA. LARA POLTRONIERI




2 PERGUNTAS PARA LARA RECH POLTRONIERI, médica angiologista

1) AS VARIZES PODEM VOLTAR MESMO APÓS A CIRÚRGIA?
“Sim, podemos dizer que é uma doença crônica e progressiva e que conseguimos controlá-la muito bem com os tratamentos oferecidos, porém com o tempo em algum grau a doença tende a recidivar. A recidiva da doença pode ser de forma branda, manifestando-se através de novos vasinhos, ou através de varizes propriamente ditas”.

2) COMO É O PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA DE VARIZES?
“Dependendo da técnica escolhida, o retorno às atividades pode ser imediato, como é no caso da espuma. A cirurgia convencional e as técnicas de termoablação (laser e radiofrequência) não exigem repouso no leito como era recomendado antigamente. Atualmente sabemos que o repouso em excesso eleva o risco de trombose venosa profunda, portando, a recomendação é sair do hospital caminhando e manter uma vida com atividades habituais desde o primeiro dia de pós-operatório, desde que com o uso da meia elástica”.




SOBRE LARA
Lara Rech Poltronieri é natural de Caxias do Sul e realizou toda a sua formação médica em Porto Alegre. Possui graduação em medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), residência em Cirurgia Geral no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e residência de Cirurgia Vascular e Endovascular no Hospital Nossa Senhora da Conceição. Possui título de especialista pela SBACV em Cirurgia Vascular.

 






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