A vivência da paternidade na juventude
Apesar da pouca idade, eles tiveram maturidade e responsabilidade para criar seus filhos
Pergunte a qualquer mãe ou pai e eles dirão que é quase impossível imaginar a vida sem seus filhos. Não há como expressar o amor que um pai sente por seu filho em palavras. Mas isso não quer dizer que a paternidade não tenha seus desafios, especialmente quando se assume esse papel na juventude. Conciliar os estudos com a rotina de trabalho e a vivência familiar não é tarefa fácil, seja qual for a altura da vida.
Por outro lado, a paternidade precoce também tem seus pontos positivos, como facilidade para lidar com mudanças e ter mais disposição e tempo para desfrutar desse momento. Na reportagem, dois cachoeirenses que tornaram-se pais na adolescência compartilham suas experiências e relatam as mudanças ocorridas com o nascimento dos filhos. Eles mostraram que a presença constante, a participação e cuidados dos filhos são deveres de todo pai, pouco importa a idade. Confira!
“A paternidade é o fator gerador de uma série de retribuições que a vida nos permitiu. Tudo aconteceu como queríamos que acontecesse, e assim deve continuar”, diz o advogado Bruno dos Santos, ao lado dos filhos Beatriz e João Victor
VIDA TRANSFORMADA
Aos 19 anos, o advogado Bruno Silva dos Santos recebeu com alegria e empolgação uma notícia não esperada que mudaria a sua vida para sempre – sua então namorada, a bancária Alexandra Lopes Penha, à época com 18, estava grávida. Dessa união nasceu João Victor, 19, estudante. “A paternidade mudou minha vida abruptamente, eu amadureci de forma muito rápida, entretanto, jamais tive qualquer problema de adaptação ao fato de ser pai. Minha família e eu recebemos e lidamos de forma clara e transparente com a notícia, todos ficamos felizes”, conta ele, que há quatro anos tornou-se pai pela segunda vez (de Beatriz).
NOVOS SIGNIFICADOS
Hoje com 38 anos, Bruno analisa que assumir a função paterna ainda na juventude foi um marco positivo em sua vida e evidenciou o que sempre esteve entre seus planos: “Ser pai, responsável, profissional capacitado e constituir uma família”. Em busca desses objetivos, cinco anos após ele já havia concluído a graduação em direito. “Passei a me preocupar com questões como o futuro, a responsabilidade de ser pai, de ser exemplo, de demonstrar aptidão para a vida em família e de ter uma profissão. A prova cabal que a falta de preparação ou mesmo a inexperiência podem ser superadas pela determinação”, pensa.
“Nem tudo na vida deve ser programado para que o êxito seja garantido. Na minha vida, a falta de preparação, a inexperiência e a casualidade da situação foram fatores determinantes para minha transformação, para meu crescimento”. BRUNO DOS SANTOS
Para o advogado, entre as maiores vantagens de ser pai jovem estão a possibilidade de estreitamento de laços e servir como exemplo de empenho e dedicação. Apesar da pouca diferença de idade entre eles, Bruno diz que há muito o que aprender e ensinar, mas o diálogo prevalece, e diverte-se: “É muito satisfatório sair com o filho e ser confundido com um irmão, usar as mesmas roupas e calçados e contar com ele como mais um membro integrante de responsabilidades com a irmã menor”.
O NASCIMENTO DE UM PAI
Pai de primeira viagem aos 19 anos, Mateus Hickmann, 37, tabelião de Justiça, enfrentou certa dificuldade na fase inicial por não ter maturidade suficiente diante de tamanha responsabilidade, mas tudo fora superado com alegria e amor. Hoje, a filha Maria Luisa tem 18 anos. “Um presente de Deus”, descreve Mateus. Casado com a psicóloga Liana Melchiors, 34, tornou-se pai novamente esse ano (de Pedro, com 2 meses completados no último dia 16).
Desde a transição do papel de “filho” para “pai” na adolescência, Mateus conta com o apoio dos avós para desempenhar a paternidade com maestria. “Ser pai é saber que você não está mais sozinho e tentar ser o melhor a cada dia. Com certeza, tudo mudou e muda diariamente, filhos são glórias e preocupações constantes”, reflete.
Em ambas as experiências, Mateus diz ter tido grandes aprendizados, mas considera não ser o suficiente: “Os pais também erram, mas sempre tentando acertar. O amor é exatamente o mesmo”, enfatiza. Para ele, a amizade e o diálogo aberto são as peças-chave da boa relação com os filhos: “Acredito que nós, pais-amigos, conseguimos entender melhor o que acontece hoje no mundo, assim facilitando o entendimento e a compreensão”, completa.
“Ser pai é ter a capacidade de amar nossos filhos mais que a nós mesmos”, fala Mateus Hickmann, junto de Pedro e Maria Luisa
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