Por que engordamos?
Nutricionista Gladis Seefeld desmistifica mitos e verdades sobre alimentação
O cenário mundial é de uma epidemia de excesso de peso e obesidade. Só aqui no Brasil, mais da metade da população tem excesso de peso (54%) e 18% são obesos, número este que corresponde a um em cada cinco brasileiros, apontam dados divulgados pelo Ministério da Saúde em 2016. A nutricionista GLADIS MONIA SEEFELD, 42, especialista em nutrição em oncologia e terapia nutricional enteral e parenteral, pós graduanda em nutrição esportiva funcional, com 18 anos de formação, explica que os padrões de consumo dos alimentos e o estilo de vida moderno estão contribuindo para o aumento do peso.
“A prática de atividade física regular é fundamental para mobilizar e eliminar a gordura corporal. A melhor dieta é aquela que o indivíduo consegue seguir dentro de sua realidade, e que foi planejada individualmente atendendo suas demandas nutricionais, possibilitando assim uma perda de peso saudável e, acima de tudo, mantê-lo”, diz Gladis Seefeld
“As pessoas estão deixando de cozinhar seus próprios alimentos e muitas vezes substituindo alimentos tradicionais como arroz, feijão, saladas e carne por lanches rápidos, aumentando a ingestão de alimentos ultraprocessados, ricos em gorduras hidrogenadas, açúcares e recheados de químicos”, destaca.
GORDURA NÃO FAZ MAL, SE VIER DOS ALIMENTOS CERTOS
Segundo a profissional, produtos industrializados são projetados para custar menos, terem maior prazo de validade, aromatizantes, realçadores de sabor e aditivos usados para deixar os produtos comestíveis mais atraentes e hiperpalatáveis. Contudo, comprometem a qualidade da alimentação e, consequentemente, a sua qualidade de vida.
Ao contrário do que se acredita, a gordura na alimentação não é algo prejudicial. Gladis afirma que os alimentos que contêm as chamadas “gorduras boas” podem sim trazer vários benefícios à saúde. “Elas são essenciais para diversas funções no organismo, tais como absorção de vitaminas, produção de hormônios, temperatura corporal e fonte de energia. O importante é conhecer os tipos, as fontes e as quantidades recomendadas”, frisa.
VILÃ OU AMIGA?
Para que se origine um acúmulo de tecido adiposo (armazenamento de gordura) é necessário ingerir mais calorias do que gasta. “O aumento de peso nem sempre é negativo”, garante Gladis. Segundo a nutricionista, quando se tem um aumento de massa muscular isso reflete na balança também. Porém, o excesso de gordura corporal é prejudicial, pois é o acúmulo de gordura, principalmente abdominal, que é o fator de risco para as doenças cardiovasculares. “Uma pessoa com sobrepeso e obesa é mais propensa a desenvolver uma série de problemas de saúde potencialmente graves que incluem doenças cardiovasculares, diabetes, musculoesqueléticas, depressão, problemas ginecológicos como infertilidade e alguns cânceres”, alerta.
“MAGRO DE RUIM”
Enquanto uns comem de tudo e não engordam, outros ganham peso com maior facilidade. Mas por que isso ocorre? “Isso se deve a vários fatores importantes que interferem diretamente, fazendo as pessoas engordarem, que são as disfunções metabólicas, microbiota intestinal, distúrbios psicológicos, sono inadequado, sedentarismo e a predisposição genética”, esclarece.
AS GORDURAS DIVIDEM-SE EM TRÊS TIPOS:
INSATURADA: gordura benéfica que se apresenta de duas formas: mono e poli. O consumo da monoinsaturada está relacionado à diminuição do LDL (colesterol ruim), podendo ser encontrada no azeite de oliva, nas oleaginosas (nozes, castanhas, avelã, amendoim) e no abacate.
A poli-insaturada é imprescindível no crescimento e desenvolvimento do nosso organismo, na produção de metabolitos essenciais (composto intermediário das reações enzimáticas do metabolismo) que contribuem de modo decisivo para a modelação da resposta cardiovascular, entre outras funções. Está presente nos óleos vegetais, gordura e óleo de fígado de peixe, cereais integrais e sementes.
SATURADA: o consumo excessivo de gordura saturada está associado ao aumento do risco de doenças dos aparelhos circulatório e cardíaco, aumento do colesterol sanguíneo, particularmente do colesterol LDL (“mau colesterol”), doença aterosclerótica, etc. Porém existem estudos que comprovam que em pequenas quantidades elas não apresentam risco. Desta forma, recomenda-se que a ingestão de gorduras saturadas não ultrapasse os 10% do valor energético total. É encontrada na manteiga, queijos gordos, banha de porco, carne gorda, óleo de palma e de coco.
GORDURA VEGETAL HIDROGENADA: trata-se de óleos vegetais submetidos ao processo de hidrogenação pela indústria alimentar, o que faz com que estes passem do estado líquido para o estado sólido. A hidrogenação é um dos processos que induz a formação dos prejudiciais ácidos gordos trans, e estão ricamente presentes em alimentos como: pão de forma de produção industrial, bolachas, biscoitos, fast-food (batata frita de pacote, congelados, frituras, etc.), sorvetes e margarinas.
Fonte: Gladis Seefeld
A CULPA É DAS BACTÉRIAS, DIZ CIÊNCIA
Recentes pesquisas revelam que se manter magro ou acima do peso pode estar relacionado às bactérias presentes na nossa flora intestinal. O pesquisador norte-americano Paul Wischmeyer explica que o microbioma humano é formado pelas bactérias que compõem nosso organismo, juntamente com células, tecidos e órgãos. O pioneiro microbiologista Ilya Metchnikoff, atribuiu a longevidade na Bulgária à ingestão de bactérias presentes em alimentos como o iogurte, descoberta esta que lhe rendeu o Nobel de Fisiologia ou Medicina de 1908. A partir daí, vários estudos foram feitos, e chegou-se à conclusão que a nossa floral intestinal se modifica ao longo da vida e, principalmente, de acordo com o tipo de alimentação que temos. “Há bactérias no intestino que são capazes de quebrar mais a gordura, o que faz com o que o corpo absorva mais. Essa pode ser uma explicação do por que algumas pessoas comem e não engordam”, explica Alan Hiltner, sócio da Bioma4me, empresa pioneira na prestação de serviços de sequenciamento de microbioma humano no Brasil e na interpretação de seus resultados clínicos.
Fonte de pesquisa: Estilo UOL
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