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Reportagens Edição 118 - outubro de 2017

Crianças conectadas


Entenda a geração do futuro dominada por crianças que usam smartphones

Celular sempre a mão, televisão ligada enquanto se estuda para uma prova e fones nos ouvidos ao redigir um trabalho escolar. Se essas cenas são comuns na atualidade entre os jovens da Geração Z (nascidos entre o final dos anos 90 e 2010), se tornam ainda mais corriqueiras na Geração Alpha (crianças nascidas a partir de 2010), como classificam os teóricos. Essa geração já nasceu imersa nas tecnologias digitais com acesso a smartphones, tablets e notebooks, entre outros. O físico teórico Albert Einstein dizia: “Chegará um dia em que a tecnologia ultrapassará a interatividade humana, e o mundo terá uma geração de idiotas”, no entanto, o estímulo tecnológico está entre as principais causas do aumento da inteligência entre as crianças e adolescentes de hoje, comparados aos das gerações passadas. Essa é a conclusão de um estudo publicado por cientistas da Universidade Duke (EUA) em 2012, que mostrou que nas últimas três décadas houve um crescimento de 0,3 pontos por ano no quociente de inteligência (QI) de estudantes do ensino médio acompanhados na pesquisa.



Pais até podem liberar o uso do celular para as crianças, desde que com supervisão. “Não deve ser a única opção para entreter e divertir seu filho”, enfatizam as psicólogas Natália Leusin e Natália Kampf



BRINCADEIRAS ANTIGAS X TECNOLOGIA


Os playgrounds nunca estiveram tão vazios como nos tempos de hoje. Antigamente as brincadeiras eram mais “presenciais” e exigiam maior esforço físico – consistiam em pular corda, esconde-esconde, amarelinha, etc. Por que as crianças parecem não se interessar mais por estas brincadeiras e preferem ficar submersas em seus celulares, smartphones, tablets e videogames? Quais são as vantagens e desvantagens disto?
As psicólogas NATÁLIA COUTO BARRETO LEUSIN, 32, sendo nove anos de atuação, e NATÁLIA ROSING KAMPF, 30, com cinco anos de atuação, especialistas em psicoterapia da infância e da adolescência, reconhecem que a realidade virtual que se apresenta hoje é muito atrativa, uma vez que oferece experiências de reforço da onipotência infantil, de gratificação imediata e do rápido acesso a resultados. “Dessa forma, se constituem em experiências prazerosas e estimulantes que não permitem que a criança se depare com frustrações, limites e esperas. Por isso o virtual acaba se tornando sua primeira opção de escolha”, explicam.
As profissionais observam ainda que as brincadeiras “antigas” demandavam maior participação e envolvimento ativo dos pais. “O que se percebe hoje é que essas qualidades já não se fazem tão presentes nas relações contemporâneas. As crianças precisam se abastecer de experiências lúdicas e afetivas para terem acesso a um registro de aprendizagem relacional. É através da relação com seus pais (e cuidadores) que elas vão descobrindo seus recursos e habilidades”, esclarecem.


FIQUE DE OLHO


Segundo as profissionais, o tempo que a criança dispõe com equipamentos tecnológicos nunca deve ser maior do que é investido em outras atividades. “É importante ter em mente a idade da criança e o uso que ela faz desses aparatos. Fique atento à sua rotina e observe os possíveis prejuízos que a criança pode estar apresentando em função do uso excessivo da tecnologia”, indicam.



 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CELULAR PARA CRIANÇA: PROIBIR OU LIBERAR?

Nesta era tecnológica, as crianças desde cedo têm contato com o aparelho celular.Antes de tornarem-se pais, muitos prometem restringir seu uso, mas com o nascimento dos filhos acabam liberando o celular gradativamente, pois este é um meio de distração e de lazer tendo em vista a variedade de jogos, vídeos e aplicativos disponíveis. Mas até que ponto esta prática é saudável? “É saudável na medida em que não substitui as relações e interações reais e afetivas. Espera-se que os pais possam contar com outros recursos a fim de promover o desenvolvimento emocional saudável do seu filho”, advertem as psicólogas.

 

 

 

 

 





 

CURIOSIDADES SOBRE A NOVA GERAÇÃO


1
A Geração Alpha é chamada de Geração Silenciosa, pois especialistas observam que estão sempre de fones de ouvido, escutam pouco e falam menos ainda – o que, para eles, pode tender ao egocentrismo, preocupando-se somente consigo mesmo na maioria das vezes. Essas crianças estão cada vez mais ativas, independentes e adaptadas ao universo tecnológico.

2
A obsolescência é algo comum nos membros da Geração Z. Isto deve-se à rapidez dos avanços tecnológicos, que condicionam os jovens a deixar de dar valor às coisas rapidamente – o que ocorre desde a infância, quando o tão desejado brinquedo dias depois já perde a graça.

3
Problemas de interação social são frequentes na Geração Z. Muitos deles apresentam falta de expressividade na comunicação verbal e dificuldade de ser bons ouvintes. Sua rapidez de pensamento e incapacidade para a linearidade podem facilitar a atuação em determinadas áreas, porém em outras que exigem mais seriedade e concentração pode encontrar dificuldades.

4
O amadurecimento precoce tende a despertar um senso de responsabilidade nestes jovens, que passarão a focar mais em seus objetivos profissionais. A Geração Z não diferencia a vida on-line da off-line, trabalha com o conceito de all-line (ou seja, tanto on quanto off-line) e quer tudo para agora. É crítica, dinâmica e exigente, sabe o que quer, é autodidata e, de modo geral, seletiva com as condições de trabalho, optando por jornadas com horários flexíveis. São pessoas consumistas, mas preferem experiências como viajar a comprar uma casa.

5
Instantaneidade, ansiedade e superficialidade são características marcantes da Geração Z. Alguns indivíduos sofrem da Síndrome Fomo – sigla em inglês para “fear of missing out”, ou, em tradução livre, “medo de estar perdendo alguma coisa” que pode estar acontecendo e que saberia através da internet. Contudo, o grande fluxo de informações pode atrapalhar mais do que ajudar, levando à distração e ao comprometimento do aprendizado.

6
Uma característica desta geração é “zapear” por diversos canais sem qualquer tipo de dificuldade, dando preferência a uma comunicação mais curta. Isso determina outra característica: o feedback imediato. Vídeos de 10 segundos são campeões de audiência no Instagram e Snapchat, redes sociais que fazem sucesso entre o público jovem. Eles também não se prendem às fronteiras geográficas, possuem amigos e relacionamentos em todo lugar.

7
A Geração Z busca um mundo melhor. São inclinados às causas sociais e preocupados com temas como sustentabilidade, alimentação orgânica e veganismo. Essa geração é disposta a praticar esportes, pagar por alimentos com benefícios e também comer fora frequentemente. No entanto, diversas pesquisas apontam que o desenvolvimento tecnológico impulsionou o sedentarismo e as doenças relacionadas à obesidade nos últimos anos.

8 De acordo com pesquisa realizada nos EUA pela consultoria em tendências J. Walter Thompson (JWT), os jovens pertencentes à Geração Z são mais inclusivos, sexualmente liberais e responsáveis. Diante desse cenário, algumas questões são levantadas, tais como conceitos de família, gênero, política, racismo e religião.

Fontes de pesquisa: Tec Mundo, Nexo Jornal e Aldeia.biz

 



RISCOS X BENEFÍCIOS


. O prejuízo do uso dos aparelhos tecnológicos está diretamente vinculado ao comprometimento das habilidades sociais nas outras atividades nas quais a criança deveria se envolver. O uso excessivo pode gerar empobrecimento das capacidades emocionais e até cognitivas da criança.

. Os benefícios podem surgir na medida em que a tecnologia for usada como ferramenta facilitadora de experiências reais, não sendo apresentada como uma única opção de se relacionar e de ter experiências.

Fonte: Natália Leusin e Natália Kampf
 






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