Mulheres de RODEIO
Com o laço e a taça nas mãos, elas são renomadas no mundo dos rodeios
Engana-se quem pensa que rodeio é somente para homens e que o lugar de mulher é na arquibancada, afinal de contas, lugar de mulher é onde ela quiser. Não é de agora que elas já provaram que podem fazer tudo, não importa o tamanho do desafio. A cada dia aumenta o interesse do público feminino por estar atuando dentro ou fora das arenas, seja participando de gineteada ou laçando touros e cavalos, competindo em modalidades e até mesmo como locutora em eventos. De bombacha, chapéu e laço na mão, essas mulheres de “faca na bota” mostram que são exemplos de fibra, determinação e coragem em um ambiente predominantemente masculino, evidenciando os motivos pelos quais devem ser respeitadas e honradas. Confira quatro histórias de mulheres que são destaque no mundo dos rodeios.
IMAGENS GAÚCHAS
LEIDY: REFERÊNCIA NOS RODEIOS
Diretora do Laço Prenda da Federação Gaúcha de Laço e presidente do Clube das Estrelas do Laço, Leidilena Marques Festinalli, 38, empresária, é laçadora e atuante nas atividades campeiras há 11 anos. A prenda mais premiada na 5ª Região Tradicionalista, tendo sido considerada uma das 10 melhores do estado, Leidy herdou do avô Otaviano Marques a paixão por cavalos e começou a laçar por intermédio de um amigo. Desde então vem rodando o estado como representante da mulher gaúcha em conceituadas provas de laço, nas quais conquistou mais de 200 premiações na modalidade laço prenda, além de sagrar-se bicampeã nacional do Rodeio de Porto Alegre, campeã do Campeonato Gaúcho da Federação Gaúcha de Laço e campeã do Pérola do Laço, entre diversos outros títulos.
“Meu maior orgulho é ver cada dia mais mulheres participando, lutando e se fazendo respeitar através do laço. Unidas podemos ocupar esse espaço que também é nosso e fazer coisas que até então não seríamos capazes”. Leidy Festinalli, em foto no desfile de 20 de setembro
Destaque em competições de laço individual, Leidy é uma das laçadoras mais premiadas em provas em duplas, trios e equipes com homens. “Mulher é guerreira, não nos afrouxamos, somos poderosas e podemos fazer tudo que o homem faz. Nosso lugar é onde a gente quiser”, define. Mas, para ela, laçar tem um significado maior em sua vida: “O rodeio é minha maior motivação de vida, pois o laço me tirou da depressão e com este contato com os cavalos meu sentido de vida mudou. Laço não é só cultura e esporte... É minha família”.
Em julho último, Leidy venceu o 6º Duelo de Anitas, na cidade de Alfredo Wagner (SC). A prova reuniu 122 laçadoras de quatro estados: Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e São Paulo.
IMAGENS GAÚCHAS
HERANÇA DE FAMÍLIA
Ligada ao tradicionalismo e à lida de campo desde a infância, a fotógrafa Quelen Bicca Trindade, 30, formada em técnico em administração, participa atualmente de rodeios em provas de tiro de laço. Ela começou a laçar em 2007 incentivada pelo esposo Fernando Accorsi Bonugli, 33, consultor técnico de concessionária, na época seu namorado. Junto, o casal já participou de provas campeiras, ganhando segundo lugar na modalidade laço casal no Acampamento Farroupilha 2012. Quelen, por sua vez, obteve primeira colocação no laço prenda no Rodeio do PTG Ronda do Pampa 2014. “O tiro de laço é pra mim um esporte, algo que me faz bem, é onde eu encontro os meus amigos e cultivo as minhas tradições junto com meu esposo e Manuela, nossa filhinha de 11 meses. Ela já ama andar a cavalo e com certeza amará o laço como nós amamos”, conclui.
“Andar a cavalo é uma terapia, é algo que me ajuda a descansar e me traz muita felicidade e satisfação”. Quelen Bicca
“CRESCI NUM LOMBO DE CAVALO”
Paola Bacchin Schneider, 45, exerce a função de agropecuarista desde os 15 anos de idade e laça desde criança, tendo crescido na propriedade rural do avô no distrito do Piquiri. Hoje a propriedade tem sede no município de Rio Pardo, em uma das fazendas que herdou do avô, onde está sediada a Agropecuária Quitaúna, sua residência e seu trabalho. Fascinada por cavalos desde a infância, Paola se dedica hoje à criação de equinos da raça crioula. Mãe de Antônia, 16, Paola conquistou o Freio de Bronze 2010 com o cavalo Manotaço do Infinito. “Cresci num lombo de cavalo, participei durante muitos anos de desfiles, bailes e rodeios”, conta ela, que já chegou a participar de várias modalidades, como rédeas, estafeta, rodeio e freio juvenil feminino, obtendo vários troféus. “Ultimamente participo das provas de paleteadas e exposições morfológicas e tenho cavalo correndo o ciclo do Freio de Ouro”, completa.
“Desde que me conheço por gente ando a cavalo. Sou muito ligada à tradição gaúcha”. Paola Schneider
SEU LUGAR NO CAMPO
A promotora de vendas Roselia Catiane Vargas da Cruz, 43, cultiva a tradição gaúcha desde criança, a exemplo do pai Oli Peixoto da Cruz, auxiliando nas atividades campeiras em propriedade na localidade do Piquiri, onde participou do primeiro rodeio e despertou seu gosto por laçar. “Daí pra frente foi virando vício, fui participando de treinos e acampamentos e formando novas amizades”, conta Cátia, que participa também de provas de tiro de laço e marcações de carreiras (corridas de cavalo em cancha reta).
No ano de 2009 Cátia e outras amigas do meio rural formaram o Piquete Tropa de Guapos, grupo de cavalgadas em Cachoeira do Sul e região. No ano seguinte foi a vez de fundar a equipe feminina de laço Ferro da Esperança, em vigor até hoje. Nesse meio tempo Cátia passou a se dedicar aos rodeios, atividade que continua exercendo atualmente, tendo conquistado vários prêmios, inclusive nas finais de competições juntamente com Leidy Festinalli. “É muito gratificante ser premiada, mas as amizades conquistadas e o respeito que temos no meio dos homens campeiros, não tem premiação que tenha mais valor”, reconhece.
“O laço e o cavalo fazem bem pra alma e pro coração. Tenho orgulho de ser mulher campeira de coragem, fibra e talento”. Cátia Cruz
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