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Reportagens Edição 115 - julho de 2017

Fique ALERTA!


Pessoas próximas podem estar sofrendo caladas, e famílias necessitam de diálogo

Os últimos meses acompanhamos a repercussão do jogo virtual Baleia Azul, ligado ao aumento de suicídios entre jovens e adolescentes no mundo. Em Cachoeira também foram registrados casos de participação no jogo. O fato é tão preocupante que a taxa de suicídio entre jovens brasileiros subiu 10% desde 2002, aponta o “Mapa da violência 2017”, estudo publicado anualmente a partir de dados oficiais do sistema de informações de mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), depressão é o transtorno mental que mais gera prejuízos e incapacidades entre os adolescentes, sendo o suicídio a terceira causa de morte nessa faixa etária (três vezes mais que o HIV). Contudo, muitos ainda pensam que depressão é “falta do que fazer”, “frescura” ou “coisa de gente fraca”.

De acordo com a psicóloga CECÍLIA CHAVES, 47, especialista em gestão de pessoas, sendo 15 anos de atuação, não se espera que o sofrimento psíquico se manifeste de forma grave na fase da infância e na adolescência, por isso familiares costumam não levar em consideração alguns comportamentos depressivos. “Isso gera desesperança nesses jovens, deixando-os vulneráveis a ‘buscarem’ meios desastrosos para resolver seus sofrimentos. Um deles acaba sendo o suicídio”, alerta. Para a profissional, o aumento crescente de casos de suicídio nesta fase da vida pode ser explicado. “Dentro do que tenho estudado e atendido em clínica, a ‘solidão e incompreensão’ desses jovens dentro de casa geram muita ansiedade, o que acaba aumentando esse número cada vez mais”, observa.




“Não existe idade para a doença depressão. Da infância à velhice, o ser humano pode entrar em sofrimento psíquico que se não for tratado corretamente pode levar à depressão, e em casos graves ao suicídio”, alerta Cecília Chaves

 

GUSTAVO WEISS

 

 

Sinais que podem indicar a depressão

. Tristeza excessiva

. Isolamento social

. Desesperança e discurso negativo (queixoso)

. Perda de interesse por coisas que gostava

. Problemas com o sono, cansaço

. Piora no rendimento escolar

. Mau humor, choro fácil

. Alterações no peso e no apetite


Principais CAUSAS


. História familiar

. Traumas infantis

. Bullying

. Drogas

. Doenças físicas

. Conflitos  familiares

Fonte: Ricardo Fasolo e Cecília Chaves



SINTOMAS DA DEPRESSÃO


Diante de tantas mudanças físicas e emocionais durante a adolescência, alterações comportamentais devem ser consideradas como possíveis indícios de transtornos mentais, principalmente de depressão. É o que alerta o psiquiatra Ricardo Fasolo, 33 anos, especialista em psiquiatria da infância e adolescência e psicoterapia com 9 anos de atuação. “Na sociedade atual, as famílias não têm prestado atenção em seus membros. Muitas vezes, quando percebem o quadro depressivo já está grave ou já ocorreram tentativas de suicídio, senão o óbito”, enfatiza Cecília.



BANALIZAÇÃO DO SUICÍDIO

Sucesso da Netflix, a série “13 reasons why” (“Os 13 porquês”, em português) está dividindo opiniões ao retratar a história de uma adolescente que comete suicídio após sofrer bullying na escola. Segundo informações do Centro de Valorização da Vida (CVV), associação que fornece apoio emocional e prevenção ao suicídio, a série fez duplicar pedidos de ajuda. Por outro lado, especialistas acreditam que o tom denso e melancólico da trama pode surtir o efeito contrário e afetar pessoas com problemas psicológicos ou emocionais.
A psicóloga ressalta que, por falta de maturidade emocional, adolescentes e jovens se tornam vulneráveis ao que as mídias e internet apresentam. “Assim acabam se influenciando por aquilo que vem preencher suas inquietações, sejam elas de relacionamento, de sexo, de futuro, por sentirem-se ‘aconchegados’ por algo que faz conexão com eles”, resume. Dessa forma, o cuidado e o diálogo precisam ser reforçados no ambiente familiar. Na maioria dos casos os pais não prestam atenção em seus filhos nem acompanham seus interesses por músicas, vídeos, jogos e redes sociais, por exemplo, como destaca Cecília. “A tal ‘banalização’, vejo como um pedido de socorro desses seres humanos, pois de alguma forma chama atenção para algo que não está confortável dentro deles ou nas suas relações”, frisa.

“Não se deve tratar do assunto suicídio como ‘uma opção’. As pessoas nessas situações estão doentes (depressão é o transtorno mais frequente) e precisam de ajuda”, enfatiza Ricardo Fasolo


REDES SOCIAIS PODEM CAUSAR DEPRESSÃO?

Recentemente o Instagram foi eleito o pior aplicativo para a saúde mental dos jovens, segundo estudo do Royal Society for Public Health (RSPH). A ansiedade e a depressão em jovens, segundo o relatório da pesquisa, ganharam uma incidência 70% maior nos últimos 25 anos. “O uso em excesso de tecnologias, de internet, de redes sociais, trazem às crianças, adolescentes e jovens muita ansiedade, angústia, e desses comportamentos ansiosos surgem os transtornos, as doenças emocionais e mentais”, esclarece a psicóloga. Para evitar esses desgastes emocionais, portanto, é preciso “administrar” o tempo. “Saiba usar a tecnologia para o seu bem. Isso dependerá de sua maturidade emocional para determinar quanto tempo por dia poderá utilizá-la. E para isso os pais têm um importante papel”, conclui.


Ninguém escolhe ficar deprimido, como aponta Fasolo. Portanto, culpar, cobrar em excesso e humilhar o indivíduo que está em sofrimento mental não é uma atitude adequada. “Ao identificar alguém que esteja apresentando os comportamentos listados é importante buscar ajuda profissional mesmo que a pessoa não se reconheça com o problema. Prorrogar esse auxílio agrava o quadro clínico”, frisa.


TRATAMENTO

Conforme Cecília, a família tem um papel importante para ajudar quem sofre de depressão, porém o primeiro passo é buscar ajuda de profissionais qualificados para ser avaliado e tratado. “Infelizmente, por vários fatores (falta de informação, preconceito, custo, não estar em todos os convênios de saúde, etc.), ainda na atualidade, o ser humano demora a buscar ajuda quando o assunto é doença mental/emocional. A pessoa depressiva precisa de tratamento adequado e contínuo, com acompanhamento medicamentoso e psicológico. Sendo assim, os profissionais a serem buscados são os psiquiatras e psicólogos para um resultado eficaz, pois esses dois tratamentos se complementam”, salienta.



QUER CONVERSAR?

O CVV é um canal gratuito de atendimento a vítimas de depressão que presta apoio emocional e atua na prevenção ao suicídio. O contato pode ser feito por telefone (141) 24 horas, e-mail, chat ou ainda pessoalmente (nos 72 postos de atendimento). O Ministério da Saúde também abriu uma linha exclusiva de telefone, grátis, para prevenção do suicídio, o 188.
 






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